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Fed deve alegrar NY, mas Faria Lima digere Mercadante e modificação na Lei das Estatais

Enquanto isso, o STF volta a julgar a constitucionalidade do orçamento secreto. Se as emendas do relator acabarem, Lula perde poder de barganha com a Câmara para aprovar a PEC da Transição. 

Por Bruno Vaiano
14 dez 2022, 08h12
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Não tem muita chaminé em Wall Street, mas Papai Noel vai ter que entrar de algum jeito nos prédios envidraçados para deixar o presente: uma alta de apenas 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros dos EUA – que seria um alívio após as quatro altas seguidas de 0,75 p.p. no segundo semestre.

O Fomc, comitê de política monetária do Fed, termina hoje a última de suas oito reuniões atuais, e a previsão consensual do mercado, em 0,5 p.p., se tornou um desfecho ainda mais provável após o CPI – o equivalente americano do IPCA, divulgado ontem (14)  – vir com um alta de apenas 0,1% em novembro, ante a previsão de 0,3%. Saberemos às 16h, com entrevista de Powell às 16h30. Por ora, os futuros de Nova York estão estáveis à espera da decisão. 

O arrefecimento da inflação é um sinal de que a política fiscal apertada do Fed está dando um jeito, devagarinho, na maior inflação que o Tio Sam encara em quatro décadas. Mas a meta, por lá, é 2%, e ainda estamos em 7,1%. Ou seja: ainda que essa tenha sido uma queda sensível em relação aos 7,7% de outubro, há um longo caminho pela frente. O Fomc pode até diminuir o tamanho dos apertos, mas a taxa vai permanecer alta por algum tempo. A esperança do mercado é que, se a inflação cair mais forte ao longo de 2023, a “Selic” americana também diminuirá mais cedo. 

Enquanto isso, na calada da noite brasileira, a Faria Lima estava escovando os dentes quando rolou uma atividade paranormal. Ou melhor, parafiscal. Ontem à noite, após o pregão, a Câmara aprovou, com 314 votos favoráveis, uma mudança na Lei das Estatais. Agora, está permitido nomear um quadro político-partidário para encabeçar essas empresas. 

A manobra foi o jeito que o PT deu de pôr Mercadante no comando do BNDES em vez de um nome técnico. Tramitou rápido assim porque esse “detalhe” foi encaixado de última hora em um outro PL inocente, que mudava as regras para os gastos de estatais com publicidade. E isso azedou o humor dos investidores brasileiros no pré-abertura. 

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O medo é que Mercadante injete um caminhão de dinheiro na economia pela via alternativa do BNDES, na forma de linhas de crédito generosas para empresas, enquanto o Banco Central se esforça para fechar a torneira de dinheiro do outro lado e conter a inflação. Essa é a tal política parafiscal, que aquece a economia via bancos públicos, sem passar pelo Banco Central ou pelo Executivo. 

Nesse cenário, a eficácia da Selic a 13,75% diminui e o país pode entrar em um cenário sufocante de juros e inflação simultaneamente altos por muito tempo. Nas palavras do Copom, “Mudanças em políticas parafiscais ou reversão de reformas estruturais que levem a alocação menos eficiente de recursos podem reduzir a potência da política monetária”.  

Em outro canto de Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje o julgamento da constitucionalidade das emendas do relator – o infame orçamento secreto. Lula prometeu a Lira que faria vista grossa ao expediente favorito de compra de votos na Câmara, que se tornou corrente no governo Bolsonaro, em troca de aprovar a PEC da Transição sem grandes percalços. Com a ameaça do STF, essa moeda de troca pode evaporar.

Para agradar a relatora Rosa Weber e sua turma – e evitar um desfecho indesejado para o julgamento, em que a mamata acaba de vez –, o Congresso protocolou nesta terça um projeto de alteração nas regras das emendas do relator. As modificações foram feitas sob medida para atender as irregularidades apontadas por Weber, que vai ler seu voto no início da sessão de hoje. 

Apertem os cintos: dependendo do que a Corte decidir, a novela da transição pode se arrastar ainda mais. Bons negócios!

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,02%

Futuros Nasdaq: -0,01%

Futuros Dow: 0,02%

*às 7h53

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,68%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,29%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,75%

Bolsa de Paris (CAC): -0,64%

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*às 7h54

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,23%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,60%

Hong Kong (Hang Seng): 0,39%

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Commodities

Brent: 1,21%, a US$ 77,06 o barril

*às 7h16

Minério de ferro: -1,32%, a US$ 115,91 a tonelada, na bolsa de Dalian

*às 7h16

market facts

Apertem os cintos, o piloto sumiu tuitou

Os investidores da Tesla estão preocupados com o tempo de tela de Elon Musk em sua nova aquisição: as ações da fabricante de carros elétricos caíram mais de 9% entre segunda e terça após o polêmico tweet “meus pronomes são processar/Fauci”. 

Trata-se de um cutucão duplo em pautas progressistas – e um aceno à extrema-direita. O hábito de informar por quais pronomes você prefere ser tratado (no formato “ela/dela”, por exemplo) é corrente na comunidade LGBTQIA+, como uma forma de esclarecer sua identidade de gênero. Anthony Fauci, por sua vez, é um médico imunologista, consultor da Casa Branca, que protagonizou a campanha de vacinação contra a covid-19 nos EUA. Criticá-lo é sinônimo de negacionismo científico. 

Enquanto faz polêmica, Musk não lida bem com o malabarismo de comandar duas empresas ao mesmo tempo. “A Tesla não tem CEO atualmente”, resmungou Gary Black, sócio de um fundo que tem US$ 50 milhões em ações da empresa, também no Twitter. Ao Wall Street Jornal, ele disse: “O mercado votou hoje que a Tesla foi impactada negativamente pelo drama do Twitter.”

Com o derretimento das ações da Tesla (-54,3% desde o começo do ano), Musk perdeu o posto de homem mais rico do mundo na última quinta para Bernard Arnault, chefão do conglomerado de marcas de luxo que inclui a Louis Vuitton. Ele já prometeu que vai diminuir seu tempo de Twitter – seja usando a rede, seja administrando a rede – para voltar a cuidar dos carros elétricos. 

Vale a pena ler:

Axie Infinity e o declínio dos jogos “play-to-earn”
Games ligados a redes de blockchain prometiam um jeito fácil e divertido de ganhar dinheiro. Pura ilusão. As criptomoedas atreladas a eles evaporaram e o número de jogadores desabou. O que cresce é outra coisa: a quantidade de gamers que rejeita a entrada das criptos nos jogos. Na edição de dezembro da Você S/A, o repórter Bruno Carbinatto explora o colapso do modelo P2E – leia aqui o texto completo. 

Agenda

9h, Brasil: Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br);
16h, EUA:
decisão do Fomc;
16h30, EUA: entrevista de Jerome Powell, presidente do Fed.

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