Fed faz jogo jogado e abre espaço para recuperação das bolsas
Investidores estavam preparados para o pior, e comemoraram quando a ata do BC americano veio sem surpresas. Bom humor também ajudou o Ibovespa a escapar do vermelho.
Hoje foi um daqueles dias em que o mercado passou boa parte do pregão esperando. A agenda foi esvaziada, com exceção do grande evento do dia: a divulgação da ata do Fed, que aconteceu às 15 horas. No documento, o banco central americano detalha como a sua última decisão monetária, que aconteceu na reunião do dia 04 de maio, foi tomada. E o resultado foi um gás para as bolsas, que terminaram no positivo após o tão esperado texto não trazer basicamente nada de novo.
O mercado costuma ler palavra por palavra da ata com atenção redobrada – não exatamente para entender o que motivou a decisão tomada, mas sim para buscar pistas sobre os próximos passos do Fed (e sofrer, ou comemorar, por antecedência). É no documento que os membros do comitê costumam ser mais direitos e retos sobre o que pensam sobre os aumentos de juros que virão.
Antes da divulgação da ata, as bolsas americanas estavam em alta tímida, enquanto o Ibovespa estava no vermelho.
A ata, em si, não veio com linguagem leve. A todo momento o Fed reiterou que a inflação está muito alta e que combatê-la é a prioridade número um. Ressaltou também que a guerra na Ucrânia e o avanço da Covid na China causam grande instabilidade nos preços e que as projeções podem mudar a qualquer instante. Em resumo, manteve o tom que vinha adotando ultimamente.
A questão foi exatamente essa: o documento foi considerado pelo mercado uma grande mesmice. Não trouxe nada de muito novo para além do que os investidores já esperavam. Além de tudo, praticamente confirmou que haverá mais dois aumentos na taxa de juros, de 0,5 pontos percentuais, em junho e julho – o cenário que já era considerado mais provável por todo mundo.
A falta de novidades, por sua vez, foi considerada positiva. O mercado temia que o Fed pudesse sinalizar um aumento de maior magnitude – 0,75 p.p. – para a próxima reunião, já que a inflação americana é a maior em quatro décadas e teima em se manter nas alturas. Em nenhum momento, porém, o BC americano pareceu considerar isso em suas reflexões.
O resultado foi um gás para as bolsas americanas, que engataram altas no estilo “podia ser pior”. Nas últimas semanas, Wall Street vem sofrendo justamente por causa da postura agressiva do Fed, e chegou a flertar mais de uma vez com o ‘bear market’ – quando o índice cai 20% em relação ao pico mais recente. Nisso, qualquer sinalização que o Fed não vai ser tão apressado assim já é motivo para comemorar.
A nova missão dos analistas, agora, é tentar prever o que o Fed planeja para depois, começando pela reunião de setembro. Os mais otimistas chegam a dizer que é possível que o Fed pause a escalada dos juros nessa reunião – algo que foi sugerido inclusive pelo presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic. Mas o mais provável mesmo é que venha um novo aumento de menor magnitude (0,25 p.p.).
Por aqui, o dia foi igualmente tedioso, mas o Ibovespa conseguiu aproveitar o bom-humor americano pós-Fed e saiu da queda, mas ficou, literalmente, no zero a zero.
Até amanhã.
Maiores altas
Via (VIIA3): 6,27%
MRV (MRVE3): 3,83%
Sul America (SULA11): 3,65%
Rede D’Or (RDOR3): 3,46%
3R Petroleum (RRRP3): 3,10%
Maiores baixas
Banco Inter (BIDI11): -6,43%
Banco Pan (BPAN4): -5,28%
Americanas (AMER3): -4,33%
CVC Brasil (CVCB3): -4,25%
Azul (AZUL4): -3,00%
Ibovespa: estável, aos 110.579 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,95%, aos 3.979 pontos
Nasdaq: 1,51%, aos 11.434 pontos
Dow Jones: 0,60%, aos 32.121 pontos
Dólar: 0,18%, a R$ 4,8209
Petróleo
Brent: 0,39%, a US$ 111,12
WTI: 0,51%, a US$ 110,33
Minério de ferro: 1,16%, cotado a US$132,58 por tonelada no porto de Qingdao (China)