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Fed sobe o juros em 0,75 p.p., e Wall Street faz a festa: Nasdaq +4,06%

Big techs puxam a forte alta de hoje após balanços da Microsoft e Google. A paz entre o mercado e o banco central vai durar?

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 27 jul 2022, 18h13 - Publicado em 27 jul 2022, 17h59
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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É um evento quase astronômico,: o Fed, banco central americano, subiu a taxa de juros nos Estados Unidos em 0,75 pontos percentuais, repetindo a mesma decisão tomada em junho, o que coloca agora a taxa entre 2,25% e 2,50%. Antes disso, o último aumento dessa magnitude tinha ocorrido só em 1994. E dois saltos de 0,75 p.p. seguidos, como acontece agora, nos levam de volta para o começo dos anos 1980.

É mais um episódio da longa saga do Fed na sua luta contra a inflação, que ainda é a maior em quatro décadas. Vale lembrar que, no começo da trajetória do aumento dos preços, vários membros do banco central e autoridades da economia diziam que a inflação seria apenas transitória (não sem críticas, é claro). Agora, a mudança de posição do Fed é radical: não só a inflação veio para ficar como também é a inimiga número um, um monstro que deve ser derrotado custe o que custar.
Se antes, então, qualquer menção de aumento aos juros fazia as bolsas sangrarem, agora, mesmo com a recessão batendo às portas da economia americana, o efeito foi o contrário: Wall Street fez a festa após a decisão do Fed e fechou em altas que New York já não via há tempos. O S&P 500, maior e mais importante índice americano, subiu 2,62%, com mais de 90% das ações fechando no azul. E o Nasdaq, que reúne as principais ações de tecnologia, foi além: forte alta de 4,06%.

Por aqui, o Ibovespa também fechou em forte alta com o bom humor americano: 1,67%, retomando os três dígitos. O volume financeiro, porém, foi de R$ 18,7 bilhões, bem abaixo da média diária do de junho (R$ 27 bi). Já o dólar despencou 1,84%, a R$ 5,2509.  

O que explica toda essa euforia? Não muito, na verdade. O primeiro fator é que a alta de hoje já era amplamente esperada – um aumento maior, de 1 ponto percentual, até chegou a ser cogitado por uma minoria de investidores, mas a enorme maioria já esperava o salto de 0,75 p.p. 

O segundo ponto é que o presidente do Fed, Jerome Powell, disse em coletiva de imprensa que “provavelmente será apropriado moderar o ritmo de alta” em algum momento. Por um lado, isso é óbvio – ninguém espera que os juros subam para sempre. Por outro, o fato do presidente já trazer essa visão para conversa pode significar que ele está no horizonte próximo, pelo menos na visão dos otimistas.

Powell também foi otimista quanto à economia americana: disse que não vê sinais de recessão e citou o forte mercado de trabalho por lá como prova disso.

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Em suma, a visão otimista predominou hoje, se agarrando aos fios de esperança escondidos na fala do chefão do Fed. Mas a festa de Wall Street pode não ter bases tão sólidas assim. Powell, como sempre, saiu pela tangente: ao mesmo tempo que sugeriu uma moderação no ritmo de apertos, também não descartou a necessidade de um novo “aumento incomumente alto” (lê-se 0,75 p.p.) para a próxima reunião. Também disse que ele e outros membros do Fed vão evitar dar novos “guidances” dos próximos passos, ou seja, cada reunião pode trazer sua própria surpresa, sem os costumeiros spoilers do Fed.

O enigma agora é sobre a próxima reunião do comitê – as apostas se dividem entre um novo aumento de 0,75 p.p. (menos provável) ou um aumento de meio ponto percentual (mais provável). 

Bigger techs
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Para ser justo, a festa de hoje não é só sobre o Fed. As bolsas já abriram em forte alta na esteira da temporada de balanços corporativos dos EUA – essa semana é a mais importante de todo o calendário trimestral, já que é quando quase todas as big techs divulgam seus resultados. Ontem, depois do fechamento do mercado, Alphabet (dona do Google) e Microsoft publicaram seus números; hoje, também depois do pregão, foi a vez da Meta (dona do Facebook), e ainda nesta semana vem a Amazon e a Apple.

O otimismo de hoje foi também sustentado nos bons números da Alphabet e da Microsoft. Na semana passada, o Snap injetou uma dose de pessimismo entre os investidores ao mostrar dados fracos para o trimestre, mas, aparentemente, o setor ainda se mantém forte. As vendas de anúncios do Google surpreenderam o mercado, superando as expectativas em US$ 190 milhões, ainda que o lucro tenha vindo abaixo da expectativa. As ações subiram mais de 7% hoje, no top 10 das altas do dia.

Já a Microsoft animou com previsões otimistas para o restante do ano, esperando fechar 2022 com crescimento de dois dígitos no lucro. Os papéis saltaram 6,30% nesta quarta-feira.

Agora o mercado vai aguardar o resultado das outras big techs e também digerir a decisão do banco central americano com mais calma – não é incomum que a festa pós-Fed se tone ressaca no dia seguinte, diga-se. Até quando a paz vai durar? A ver.

Bom descanso.

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Maiores altas

Gol (GOLL4): 10,93%

Pão de Açúcar (PCAR3): 8,37%

Carrefour (CRFB3): 7,28%

YDUQS (YDUQ3): 7,20%

Locaweb (LWSA3): 6,78%

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Maiores baixas

Telefônica Brasil (VIVT3): -3,21%

TIM (TIMS3): -1,59%

Santander (SANB11): -0,46%

Petrorio (PRIO3): -0,21%

Gerdau (GGBR4): -0,12%

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Ibovespa: 1,67% aos 101.437 pontos

Em Nova York

S&P 500: 2,61%, aos 4.023 pontos

Nasdaq: 4,06%, aos 12.032 pontos

Dow Jones: 1,37%, aos 32.196 pontos

Dólar: -1,84%, a R$ 5,2509

Petróleo

Brent: 2,22%, a US$ 101,67 

WTI:2,40%, a US$ 97,26

Minério de ferro: estável, cotado a US$ 112,04 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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