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Fed surpreende com aumento de 0,75 p.p. nos juros

Bolsas reagiram com fortes altas; já o pesadelo cripto continua e bitcoin beira o menor patamar desde dezembro de 2020.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 15 jun 2022, 18h23 - Publicado em 15 jun 2022, 18h06
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Plot twist: contrariando as próprias sinalizações anteriores, o Fed, banco central americano, decidiu hoje aumentar a taxa de juros no país em 0,75 pontos percentuais – uma medida ainda mais agressiva do que os 0,5 p.p. anteriormente adiantados.

O episódio é especialmente singular: a última vez que o Fed tinha optado por um aumento dessa magnitude foi em 1994, quando o real brasileiro sequer existia. E mais: o Fed não costuma contrariar suas sinalizações feitas ao mercado na reunião anterior. 

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Acontece que, no meio do caminho entre a última reunião e a de hoje, os dados pesaram: a inflação de maio surpreendeu negativamente, com um aumento de 1% no CPI, o “IPCA americano”. Muita gente esperava que o índice mostrasse uma desaceleração na alta dos preços e que a inflação teria chegado no seu pico por lá. Ledo engano.

Nisso, o Fed, que já vinha adotando uma postura bastante agressiva nas últimas reuniões, engrossou ainda mais o tom e optou pelo inesperado salto de 0,75 p.p. na reunião de hoje. A decisão foi quase unânime: só Esther George, presidente do Fed de Kansas City, votou pelo aumento de 0,5 p.p.

Mais: Jerome Powell, o chefão do Fed, já adiantou que um aumento de 0,75 p.p. está em consideração para a próxima reunião, assim como um de 0,5 p.p – vai depender dos dados. Apesar disso, reiterou que aumentos de 0,75 p.p. devem ser “incomuns”, indicando que, depois da próxima reunião, o ritmo irá suavizar.

As projeções do órgão mostram que a taxa de juros no final de ano deve ficar em 3,4%, o que indica um aumento de 1,75 p.p até lá (depois de hoje, a taxa está entre 1,5% e 1,75%).

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É uma mudança de postura notável para o banco central americano, que agora busca correr contra o tempo. Antes, o Fed foi criticado por manter os estímulos monetários à economia americana por muito tempo durante a pandemia. Na época, Powell e outras autoridades insistiam que a inflação seria “transitória”. Hoje, com a maior inflação em quatro décadas no país, admitem que estavam errados.

As bolsas, por sua vez, reagiram com fortes altas após a divulgação da decisão do Fed: o S&P 500 subiu 1,46%, e o Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia, 2,50%. É um movimento que ilustra bem o clima de instabilidade que assombra o mercado atualmente. Antes, qualquer menção a uma política monetária mais dura já fazia os principais índices acionários do mundo sangrarem. Hoje, porém, o Fed agressivo fez os índices subirem.

Investidores torcem para que, agora, a luta contra a inflação comece a dar resultado. Aumentos de juros esfriam a economia, o que pode levar à recessão. O pior dos cenários é se a economia retrai, mas os preços não baixam – a chamada estagflação. O temor desse cenário foi o responsável pela onda de pessimismo que tomou o mercado nos últimos dias e inclusive levou o S&P 500 a entrar em bear market nesta semana.

O maior problema é que o aumento dos preços global (também) está sendo impulsionado por fatores como a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China, que levam a entraves na cadeia produtiva global e, consequentemente, a uma diminuição da oferta. Juros podem ajudar a domar a inflação ao esfriar a economia, mas não dá para fazer gasolina e alimentos caírem do céu. Por isso, grandes nomes do mercado – como Elon Musk e os bancões JPMorgan e Goldman Sachs – apostam que o aumento dos preços vai continuar por mais tempo do que o ideal, injetando uma dose de mau humor no mercado.

Jerome Powell reforçou hoje que o objetivo do Fed não é colocar a economia em recessão, reforçando o discurso de outras autoridades nesse sentido. Mas nem todo mundo compra.

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Ibovespa e cripto

Hoje, de qualquer forma, os temores foram deixados de lado e o otimismo contaminou inclusive a bolsa brasileira. O Ibovespa fechou em alta de 0,73% aos 102.806 pontos, depois de 8 dias em queda. O dólar, por sua vez, desabou 2,11%, a R$ 5,0260. Vale lembrar que hoje é Super Quarta, o que significa que ainda tem decisão do Copom vindo aí – o que, ao contrário do Fed, não deve trazer surpresas.

O mercado cripto, porém, não acompanhou a mudança de humor. A quarta-feira continuou o derretimento das criptomoedas, ainda que de forma menos radical. O bitcoin caiu 2% nas últimas 24 horas. Mais cedo, chegou a ameaçar perder o patamar dos US$ 20 mil, algo que ocorreu pela última vez só em dezembro de 2020.

Até amanhã.

Maiores altas

Qualicorp (QUAL3): 14,64%

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CVC (CVCB3): 13,19%

Banco Inter (BIDI11): 9,33%

Natura (NTCO3): 8,08%

Gol (GOLL4): 6,49%

Maiores baixas

Braskem (BRKM5): -2,27%

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Petrobras (PETR4): -1,76%

Petrobras (PETR3): -1,31%

CSN (CMIN3): -1,46%

3R Petroleum (RRRP3): -0,56%

Ibovespa: 0,73% aos 102.806 pontos

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Em Nova York

S&P 500: 1,46%, aos 3.789 pontos

Nasdaq: 2,50%, aos 11.099 pontos

Dow Jones: 1,00%, aos 30.668 pontos

Dólar: -2,11%, a R$ 5,0260

Petróleo

Brent: -2,19%, a US$ 118,51

WTI: -3,04%, a US$ 115,31 

Minério de ferro: -2,62%, a US$ 130,67 por tonelada em Qingdao (China)

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