Feriado nos EUA deixa Ibovespa anêmico: -0,52%
Em dia de baixa liquidez, índice cai com preocupações fiscais. Papéis da Cielo e Locaweb, porém, aproveitaram a segunda-feira morno para recuperar perdas
Xoxo, capenga, manco, anêmico, frágil e inconsistente. Foi assim que o Ibovespa começou a semana, numa segunda-feira de feriado nos Estados Unidos. Hoje comemora-se o dia de Martin Luther King por lá, e por isso as bolsas americanas não abriram. Por aqui, a Faria Lima teria ganho mais se tivesse tirado o dia de folga também, já que o índice fechou em queda de 0,52% – isso após subir 4% na semana passada. (Se você não pegou a referência do meme, aqui está).
E, de fato, muitos parecem ter aproveitado para descansar: o volume negociado hoje foi de apenas 15 bilhões, metade dos 30 bilhões alcançados num dia normal.
Sem a referência de humor dos americanos, restou para os investidores analisar os dados econômicos do Brasil e da China, que não trouxeram lá grandes novidades. Por aqui, o IBC-Br, considerado uma “prévia do PIB” (já que é divulgado mensalmente pelo Banco Central, enquanto o PIB mesmo só sai cada três meses), não surpreendeu: alta de 0,69%, quase na mediana das projeções do Broadcast/Estadão, que era de 0,70%.
Outro número que o mercado acompanhou hoje foi o IGP-10, índice da FGV que contabiliza a variação de preços ao produtor e ao consumidor no mesmo pacote. Ele subiu 1,79% em janeiro, após deflação de 0,14% em dezembro, e acima das expectativas do mercado, que eram de 1,55%. O aumento dos preços continua preocupando o mercado, que revisou para cima suas projeções – de 5,03% para 5,09% no Boletim Focus desta segunda-feira.
Não é a única fonte de angústia. Amanhã ocorre a paralisação dos servidores federais em protesto por reajuste salarial. O movimento vem após Jair Bolsonaro aumentar a remuneração apenas dos policiais, que compõem a sua base eleitoral, ignorando o restante do funcionalismo, que agora reage ameaçando uma greve em fevereiro caso não haja reajuste. O presidente não dá sinais de que vai voltar atrás em sua decisão.
O temor do mercado é que o governo seja pressionado a generalizar o aumento, o que causaria um caos nas contas públicas. Nisso, os juros futuros subiram nesta segunda-feira e fecharam nas máximas, ajudando a machucar o Ibovespa.
China não ajudou
A segunda maior economia do mundo também liberou novos números hoje, com destaque para dois: um crescimento do PIB de 8,1% em 2021 (o maior em dez anos) e um corte nos juros de 0,1 ponto percentual, a fim de estimular a economia enquanto o país se prepara para enfrentar a variante Ômicron seguindo sua rigorosa política de “Covid zero”. É a primeira redução da taxa desde abril de 2020.
Pode ser um prato cheio para a Vale, a toda-poderosa do Ibovespa que se beneficia quando a economia chinesa está aquecida. Mas não surtiu efeito hoje, já que o preço do minério de ferro caiu 1,43% no porto de Qingdao hoje, e o papel da mineradora fechou com queda de 0,52%.
Cielo e Locaweb
Nem todo mundo ficou no vermelho, porém. No dia apático, as ações da Cielo lideraram as maiores altas (4,95%) após a divulgação do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), que mostrou um crescimento de 3% nas vendas do varejo em dezembro na comparação com o mesmo período de 2020. O ICVA é apurado junto a 1,3 milhão de varejistas do país credenciados pela Cielo e distribuídos por 18 setores. No ano, porém, o papel CIEL3 tem perda de 7%.
Quem também aproveitou para ensaiar uma leve recuperação e figurar entre as maiores altas foi a Locaweb, com 2,26%, após fortes quedas nas primeiras semanas de 2022. No ano, o papel ainda acumula perda de 35%, com o aumento dos juros por aqui e o cenário difícil para as techs nos EUA, que deve começar a subir sua Selic em março.
Até amanhã!
Maiores altas
Cielo (CIEL3): 4,95%
Qualicorp (QUAL3): 2,76%
TIM (TIMS3): 2,45%
Locaweb (LWSA3): 2,26%
BRF (BRFS3): 1,85%
Maiores baixas
Braskem (BRKM5): -6,73%
Iguatemi (IGTI11): -3,73%
Alpargatas (ALPA4): -3,49%
Rede D’Or (RDOR3): -3,44%
Magazine Luiza (MGLU3): -3,32%
Ibovespa: -0,52%, aos 106.373 pontos
Em Nova York
Feriado, sem negociação
Dólar: 0,24%, a R$ 5,5266
Petróleo
Brent: 0,49%, a US$ 86,48
Minério de ferro: -1,84%, cotado a US$ 125,65 no porto de Qingdao (China)