Fim da crise hídrica por decreto e outro riscos fecham o tempo na Faria Lima
Medo de novas medidas populistas e Orçamento precário impulsionam o dólar, e Banco Central despeja moeda no mercado para conter a disparada.
Bom dia!
Choveu ontem aqui em São Paulo. O aplicativo de previsão do tempo avisa que hoje há 90% de chance que chova de novo. E assim vai até a próxima quarta-feira, pelo menos. Só que o fim da estação seca não enche reservatórios automaticamente.
Ontem, em um evento com uma fatia da comunidade evangélica, o presidente Jair Bolsonaro disse que vai mandar baixar a conta de luz em novembro. “Meu bom Deus nos ajudou agora com chuva. Estávamos na iminência de um colapso. Não podíamos transmitir pânico na sociedade. Dói a gente autorizar ao ministro Bento, das Minas e Energia, decretar a bandeira vermelha. Dói no coração, sabemos da dificuldade da energia elétrica. Vou pedir para ele – pedir não, determinar – que volte a bandeira ao normal a partir do mês que vem”, declarou.
Desde 1º de setembro, foi criada uma bandeira emergencial para cobrir o custo de acionamento de usinas térmicas no país, para evitar um apagão. A previsão era de que a taxa extra, acima da bandeira vermelha dois, perdurasse pelo menos até abril do próximo ano, com risco de não ser suficiente para cobrir a conta total, já que usinas térmicas são movidas à gás, carvão ou até um primo do diesel, produtos que também dispararam de preços. O petróleo, por sinal, vai subindo quase 1% nesta manhã, se aproximando da barreira dos US$ 85.
As ameaças populistas que rondam o país cobram o preço no dólar, isso enquanto a bolsa brasileira vai se segurando. A moeda americana disparou para acima de R$ 5,50, e só não foi para acima de R$ 5,60 ainda porque o Banco Central tem despejado toneladas de verdinhas no mercado, em um esforço que mais parece enxugar-gelo. Nesta sexta, serão vendidos mais US$ 1 bilhão em contratos de moeda estrangeira.
Enquanto isso, os riscos fiscais vão se multiplicando. Uma prorrogação do auxílio emergencial está no radar, caso o governo não consiga dinheiro para o novo Bolsa Família, a fila do INSS demanda R$ 11 bilhões no próximo ano, sem que o gasto tenha sido previsto no Orçamento, e a pedalada nos precatórios pode empurrar a dívida até 2030.
Lá fora, as bolsas americanas estão posicionadas para terminar a semana no azul. Os futuros dos índices de Wall Street apontam para uma nova alta, isso após os ganhos de mais de 1,5% na quinta-feira. Lá, a temporada de balanços já empurra o mercado para o positivo. Com o tempo fechado aqui, resta à Faria Lima tentar encontrar um arco-íris com o sol que brilha em Wall Street.
Futuros S&P 500: +0,33%
Futuros Nasdaq: +0,25%
Futuros Dow: +0,41%
*às 7h52
Índice europeu (EuroStoxx 50): +0,33%
Bolsa de Londres (FTSE 100): +0,18%
Bolsa de Frankfurt (Dax): +0,18%
Bolsa de Paris (CAC): +0,34%
*às 7h55
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): +0,38%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): +1,81%
Hong Kong (Hang Seng): +1,48%
Brent: +0,92%, a US$ 84,77
Minério de ferro: -0,55%, a US$ 125,12 por tonelada no porto de Qingdao (China)
*às 7h47
9h O Banco Central divulga o indicador de atividade econômica IBC-BR de agosto. A expectativa é que ele tenha caído 0,10% na comparação com julho.
9h30 BC vende US$ 1 bilhão em contratos de dólar
9h30 Estados Unidos divulgam as vendas no varejo em setembro e o índice de atividade industrial Empire State de outubro
14h Roberto Campos Neto, presidente do BC, profere palestra na Goldman Sachs Growth Markets Conference
CriptoETFs
A SEC, o órgão que equivale à CVM nos EUA, deve permitir que os primeiros ETFs de futuros de bitcoin sejam negociados no país a partir da semana que vem, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. Anteriormente, o órgão regulador havia rejeitado os fundos de bitcoin, argumentando que a volatilidade e outras características da cripto trazem muitos riscos ao investidor, isso enquanto vai adiando a decisão até o prazo limite. A notícia fez a criptomoeda disparar e ultrapassar os US$ 59 mil, maior patamar desde maio deste ano. No Brasil, já existem dois ETFs de criptomoedas.
O fim do Extra
O Assaí (ASAI3) vai comprar 71 lojas da bandeira Extra, que pertencem ao Pão de Açúcar (PCAR3), anunciaram as companhias ontem. A operação vai movimentar um total de R$ 5,2 bi. Com isso, o Extra vai oficialmente acabar – as que não forem vendidas ao Assaí serão convertidas em outras bandeiras no GPA. A expectativa é de que o faturamento anual das lojas vendidas salte dos R$ 8,9 bilhões atuais para R$ 25 bilhões depois da conversão para Assaí, informou o Estadão.
Big techs Brasil
A bolsa brasileira ganhou 15 empresas de tecnologia em coisa de quase dois anos. Na nossa reportagem de capa deste mês, destrinchamos quem são essas empresas, os potenciais de ganhos e as ciladas que o verniz tech pode trazer para algumas ações. Aqui.
Última esperança
A The Economist dedica um artigo da edição desta semana para a América Latina. O texto aponta as oportunidades de recuperação econômica da região, a que mais sofreu com mortes pela pandemia no globo. Mas lista também riscos e erros cometidos por governantes no passado, e que seguraram o crescimento depois de outras crises. A baixa integração entre os países e o protecionismo são dois exemplos, além do revertério econômico na China. Aqui, em inglês.