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Fuén: IPCA-15 de 0,13% não anima o mercado

Juros dos títulos públicos sobem mesmo com deflação em alguns setores. Ibovespa cai 0,50% na esteira de temores de recessão nos EUA e de um futuro sombrio para o minério de ferro na China. 

Por Bruno Vaiano e Alexandre Versignassi
Atualizado em 26 jul 2022, 18h31 - Publicado em 26 jul 2022, 18h27
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O IPCA-15, prévia da inflação de julho, veio em 0,13%. Trata-se da menor variação mensal em dois anos – o indicador não vinha tão baixo desde junho de 2020, auge da pandemia, quando registrou microscópicos 0,02%. Certamente um alento diante dos 0,69% do mês passado. E abaixo daquilo que constava na bola de cristal dos analistas, 0,16%. 

A expectativa já era baixa porque esperava-se um belo impacto da redução do ICMS sobre os combustíveis e a energia elétrica (mais telecomunicações). As três estão limitadas a 17%.

Com o alívio no imposto, a maior baixa veio  no setor que o IBGE chama de “transportes” – ele envolve basicamente tudo o que se mexe com o auxílio de um motor e que, claro, reflete a baixa nos combustíveis e na energia. Essa área da economia registrou deflação, -1,08%. Outro setor que viu redução nos preços foi a habitação, -0,78%.

Uma baixa nos combustíveis e na energia elétrica tende a segurar as altas de outros setores da economia também – os produtos, afinal, chegam às lojas de caminhão, e não são iluminados à luz de vela. Mas isso ainda não aconteceu. 

O setor de alimentos e bebidas acelerou sua alta: 1,16% em julho, versus 0,25% em julho. Parte disso tem a ver com o período de entressafra e de falta de chuvas. Mas nem tudo: a inflação da comida é global, e o preço de boa parte dos alimentos flutua par e passo com o dólar, em alta desde o início de junho.  

Vestuário foi o setor que registrou a maior alta: 1,39%. Pesado. Mas ainda assim trata-se de uma desaceleração. Em junho, o IPCA-15 das roupas tinha subido 1,77%. 

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Em 12 meses, o índice desacelerou de 12,04%, nos primeiros 15 dias de junho, para 11,39%.

No fim das contas, o mercado segue pessimista. A prévia da inflação até veio baixa, mas não se trata de uma redução sólida, multisetorial. Prova do mau humor foi a alta nos juros futuros, que determinam as taxas de parte dos títulos públicos. A taxa do IPCA+2035, por exemplo, subiu 9 pontos-base de ontem para hoje: de 6,18% para 6,27%. É, de novo, a maior taxa para esse título desde 2016.  

Com as taxas em alta já há uns bons meses, o Tesouro Direto tem aumentado seus estoques. O número de cadastrados no programa (atualmente, 19,4 milhões de pessoas) aumentou 69,5% em um ano – o que tira um bom dinheiro da bolsa. 

Falando em bolsa…

Bolsa 

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O Ibovespa começou o dia em alta, mas logo foi puxado para baixo pela onda vermelha nos indicadores de Nova York (S&P 500 fechou em -1,16%; Nasdaq em -1,87%) – e algumas outras notícias ruins. O dia terminou em – 0,50%. 

O primeiro problema é que a Vale não pôde fazer muito pela B3, hoje, embora o minério tenha subido 8%. A questão é o longo prazo. O Goldman Sachs soltou a previsão de que, na segunda metade de 2022, haverá mais ferro no mercado do que chineses querendo comprar ferro, por conta de uma depressão no setor imobiliário do país asiático. 

O banco calculou um superávit de 67 milhões de toneladas, versus o déficit de 56 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano. Isso deve, pelos cálculos do banco, reduzir o preço da commodity para o patamar de US$ 85 até o final do ano, versus mais de US$ 100 hoje – uma má notícia para a mineradora e as siderúrgicas brasileiras (que também têm seus braços de mineração). Resultado: mesmo com a alta do minério hoje, a Vale caiu (-0,18%). 

Outra análise que mexeu com a torcida brasileira veio da Morgan Stanley, que recomendou as ações da JBS – elas terminaram o dia no topo do ranking de subidas, com 2,97%. Os investidores apostam suas fichas no balanço da empresa para o segundo trimestre, já que as margens de lucro da carne bovina nos EUA seguem firmes. 

O petróleo começou o dia bem, e depois provou que a expectativa é mãe da decepção. Mas a queda abrupta no preço do suco de dinossauro por volta das 14h – ele terminou o pregão brasileiro negativado – não foi suficiente para tirar a Petrobras do ranking de altas (PETR3 fechou em 1,44%). A culpa do barril rolando morro abaixo é do índice de confiança do consumidor dos EUA, que veio ruim: o pior desempenho desde fevereiro de 2021. Sinal de que pode haver recessão no horizonte. 

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O dia também não foi grande coisa para o varejo – seja o americano, seja o brasileiro. Por aqui, Magalu, Americanas e Via ocupam seu já cativo lugar no ranking de baixas. Nos EUA, o desempenho melancólico do dia foi do Walmart, cujas ações caíram aproximadamente 8%. Todo mundo já sabia antes mesmo do pregão, já que o desabamento começou à luz do luar, no aftermarket de ontem. 

A rede de supermercados mastodônticos revisou para baixo suas projeções de lucro para o segundo trimestre – na contramão de McDonald’s e Coca, que por enquanto se seguram bem subindo preços para responder à inflação de 9,1% no Tio Sam. 

Enquanto isso, o mercado aguarda a definição da nova taxa de juros do Fed. A inflação americana está em franca aceleração – subiu de 8,6% nos últimos 12 meses em maio para 9,1% em junho. A maior parte das apostas sugere uma alta de 0,75 ponto percentual, elevando a “Selic” deles de 1,75% para 2,50%. Mas pode vir mais, a depender da determinação do Fed de cortar a inflação pela raiz. A ver. 

Até amanhã! 

 

Maiores altas 

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JBS (JBSS3): 2,97%

IRB Brasil (IRBR3): 1,59%

Petrobras (PETR3): 1,44%

Positivo (POSI3): 1,42%

EDP Brasil (ENBR3): 1,29%

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Maiores baixas

Qualicorp (QUAL3): – 8,10% Magazine Luiza (MGLU3): – 6,45%Via (VIIA3): – 6,35% Banco Pan (BPAN4): – 5,88% Meliuz (CASH3): – 5,16%

Ibovespa: – 0,50%, a 99.770 pontos

Em NY:

S&P 500: – 1,16%, a 3.920

Nasdaq: – 1,87%, a 11.562

Dow Jones: – 0,72%, a 31.760 

Dólar: – 0,38%, a R$ 5,34

Petróleo

Brent: – 0,73%, a US$ 99,46

WTI: – 1,78%, a US$ 94,98

Minério de ferro: 8,61%, a US$ 112,04 a tonelada, no porto de Qingdao (China)

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