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Futuros de NY mostram otimismo contido com possível fim do ciclo de alta nos juros

Nesta Super Quarta, em meio ao colapso do First Republic Bank, espera-se que o Fomc aprove uma derradeira alta de 0,25 ponto percentual na “Selic” americana. No Brasil, é certo que o Copom manterá os 13,75% – resta saber se Campos Neto pegará leve no tom do comunicado. 

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
3 Maio 2023, 08h05
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Chegou o dia de decisão do Fomc aquele dia em que o mercado chora e o Powell (finge que) não vê. Para os brasileiros, tem requinte de crueldade: hoje ocorre a conjunção de astros comumente denominada Super Quarta, quando o Copom solta sua decisão junto com o pessoal em Washington. 

Não há mistério em nenhum dos casos. A bola de cristal dos analistas dá 87,4% de chance de que o comitê de política monetária americana ponha a taxa básica de juros dos EUA no intervalo entre 5% e 5,25%, um aumento de 0,25 ponto percentual em relação à janela vigente. 

A questão é saber se eles param por aqui. Wall Street está lidando com a derrocada indigesta do First Republic Bank, a terceira grande vítima da crise de março no setor bancário (as duas primeiras, claro, foram o SVB e o Credit Suisse, engolido pela UBS). Esse efeito-dominó – que você entende melhor na nossa matéria de capa de abril –  é sinal de que a “Selic” alta nos EUA está, sim, cobrando seu preço. As ações de vários bancos regionais desabaram dois dígitos no pregão de ontem. 

O problema é que os dirigentes do Fed não estão vendo o tal baque respingar muito além da seara das instituições financeiras. A inflação nos Estados Unidos até começou a ceder, mas está longe da meta de 2% ao ano. Em janeiro, fevereiro e março os resultados foram de, respectivamente, 6,4%, 6% e 5% em doze meses. 

Os balanços da maioria das empresas (inclusive bancões peso-pesado) vieram fortes no primeiro trimestre, e o desemprego permanece irrisório. Esses são todos sinais de que a economia ainda está aquecida. Por outro lado, a inflação de serviços cedeu com mais força, e o consumo estagnou em março, o que são dois bons presságios para o segundo semestre. 

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Altas nos juros funcionam com delay. Você sobe a taxa agora e só colhe os frutos daqui seis meses, pelo menos. Por isso, espera-se que Powell, em seu pronunciamento agendado para 15h30, sinalize o fim do ciclo de alta na próxima reunião. A ideia é que os 5% já são suficientes para gerar, em médio prazo, o impacto desejado – não adianta pisar demais no freio da economia e então causar o problema oposto da inflação: uma recessão brutal mais para o final de 2023. 

O mercado aposta que chegamos mesmo ao fim do ciclo de alta, ao menos a julgar pelos futuros de Nova York, que amanheceram em um verdinho receoso: S&P 500 subia 0,20% às 7h26, Nasdaq marcava 0,24%. 

Aqui no Brasil, Campos Neto não vai recuar dos 13,75%, isso é dado como certo. Ele já afirmou e repetiu que o Banco Central não vai mexer nos juros só porque o novo arcabouço fiscal foi apresentado, e que os núcleos de inflação – isto é, o componente menos volátil dos índices, que não inclui preços de combustíveis e alimentos – permanecem altos, ainda que os números cheios estejam encolhendo.  

Mas essa é uma dor de cabeça para amanhã: a decisão só sai às 18h30, após o fechamento do pregão. O tom do comunicado só vai mexer com o coraçãozinho do Ibovespa na quinta. 

Há outro acontecimento que, na prática, só fará preço amanhã: a divulgação simultânea de um caminhão de balanços. Demos a lista lá embaixo, na seção “temporada de balanços”, mas vale repetir aqui em cima: CSN, CSN Mineração, Dexco, EDP, Pão de Açúcar, Prio, Klabin, Renner, Taesa e Ultrapar.

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Os nerds de fundamentos terão muito trabalho pela frente. 

Bom dia e bom pregão!

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros S&P 500: 0,20%
Futuros Nasdaq: 0,24%
Futuros Dow: 0,09%

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*às 7h26

market facts

Combustível mais barato para as aéreas

A Petrobras reduziu o preço do querosene de aviação (QAV) em 11,5%. É o terceiro mês consecutivo de cortes – ao todo, a queda acumulada no ano é de 25,6%.

Ótimo para as companhias aéreas, já que o QAV corresponde a cerca de 40% de seus custos, de acordo com a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Além disso, a associação afirma que os cortes recentes ainda não são suficientes para apagar a alta de 124% dos preços de combustíveis em relação a abril de 2020, antes do baque da pandemia no setor. 

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O anúncio também não se refletiu na cotação das aéreas. Durante a manhã, o mercado até se animou: a Gol subiu 2,11%, e a Azul, 2,95%. Mas ambas reverteram o sinal e fecharam o dia em queda: GOLL4 caiu 1,66%, a R$ 6,53; AZUL4 perdeu 0,83%, a R$ 10,77.

Agenda

EUA, 15h: decisão do Fomc;
EUA, 15h30: pronunciamento de Jerome Powell;
Brasil, 18h30: decisão do Copom;

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,77%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,32%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,75%
Bolsa de Paris (CAC): 0,83%

*às 7h36

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Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): bolsas fechadas, feriado.
Bolsa de Tóquio (Nikkei): bolsas fechadas, feriado.
Hong Kong (Hang Seng): -1,27%

Commodities

Brent: -2,71% a US$ 73,28 o barril

*às 7h39

Minério de ferro: -0,73%, a US$ 101,30 a tonelada, na bolsa de Cingapura

*às 7h05

Vale a pena ler:

O topo da pirâmide de Wall Street

Os primary dealers são bancos americanos que têm um relacionamento especial com o Federal Reserve. Essas instituições podem comprar e vender títulos do Tesouro dos EUA diretamente com o Fed, nas chamadas operações de mercado aberto. Ali, o papel delas é garantir a liquidez dos títulos. Além disso, elas ajudam o Fed a implementar a política monetária do país, fornecendo informações sobre as condições de mercado e as expectativas para a economia. 

Ao todo, o país tem 24 primary dealers. Deles, apenas um é comandado por uma mulher:  Ellen Zentner, a economista-chefe do Morgan Stanley. Esta reportagem da Bloomberg explica os motivos da disparidade tão grande entre homens e mulheres no topo da pirâmide dos bancões de Wall Street. 

“Padrinho da IA” abdica de sua afilhada

Geoffrey Hinton foi um dos pioneiros no desenvolvimento de redes neurais, um método que ensina os computadores a processar dados de um jeito similar aos neurônios de um cérebro humano. Seu trabalho pavimentou o nascimento da inteligência artificial, já que deu às máquinas a habilidade de aprender e corrigir seus próprios erros. Por isso, ele ficou conhecido como o “padrinho da IA”.

Nesta semana, Hinton renunciou ao seu cargo no Google e se juntou ao coro de críticos dos avanços desenfreados da IA. Agora, ele diz que parte dele se arrepende do trabalho de sua vida. Esta reportagem do NYT, traduzida pela Folha, conta por quê. 

Temporada de balanços

Brasil, antes da abertura: Gerdau

Brasil, depois do fechamento: CSN, CSN Mineração, Dexco, EDP, Pão de Açúcar, Prio, Klabin, Renner, Taesa e Ultrapar. 

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