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Haddad anima o mercado. Frigoríficos mugem de alegria

Ministro da Fazenda prega harmonia com o BC e ajuda o Ibovespa a subir, na contramão dos EUA. MRFG3, BEEF3 e cia sobem na esteira de esperanças com a China.

Por Camila Barros, Alexandre Versignassi
Atualizado em 19 Maio 2023, 17h48 - Publicado em 19 Maio 2023, 17h43
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Haddad discursou hoje na abertura de um evento organizado pelo Banco Central em São Paulo, com a presença de presidentes de BCs de vários países. O Ministro adotou um tom de cordialidade. 

Ouvido por Campos Neto na plateia, ele voltou a defender que a Selic a 13,75% é um obstáculo para o crescimento do país. Mas desta vez incluiu falas especialmente acolhedoras para o mercado. Ressaltou que a decisão final sobre os juros deve vir do BC, e não deixou dúvidas de que Campos Neto continuará no cargo até 2024. 

Também disse que “discutir política monetária não é afrontar política monetária”. E contemporizou: “Achamos que tem espaço para começar um ciclo [de baixa na Selic], mas enfim.. Tem uma equipe técnica ali [no Banco Central] e nós procuramos respeitar”.  

É uma postura quase oposta à adotada por Lula, que direciona ataques à autarquia desde o início de seu mandato e já disse que a permanência de Campos Neto no BC é “assunto para o Senado”, dando a entender a ideia de um impeachment do presidente do BC (que só pode ser afastado do cargo pelos senadores). Há duas semanas, ele chegou a afirmar que o atual presidente do BC “não tem compromisso com o Brasil”, e sim “com o outro governo, que o indicou”.

Falas como as de Lula abalam o mercado. Passam a ideia de que o governo está prestes a implodir uma política monetária que, goste-se dela ou não, derrubou a inflação de um pico de 12,13% em abril de 2022 para os atuais 4,18% – já dentro do teto da meta do BC.

O comportamento apaziguador de Haddad, que há muito é visto como a voz mais moderada dentro do governo depois de Simone Tebet, causou o efeito inverso. Com mais certezas sobre a estabilidade do BC, a bolsa teve espaço para firmar uma leve alta na sessão do dia, na contramão de Nova York. O Ibovespa fechou em alta de  0,58%, versus queda de 0,15% no S&P 500. 

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Powell: fim da alta de juros nos EUA? 

Hoje também foi dia de discurso nos EUA. Jerome Powell esteve em um evento do BC americano para falar sobre as perspectivas para a política monetária. 

Segundo o presidente do Fed, a crise bancária pode ajudar o país a alcançar sua meta de inflação sem que a instituição precise subir mais juros. É o lado meio cheio do copo. A lógica é que, com a quebra de quatro bancos em dois meses, as condições para a tomada de crédito se tornaram mais rigorosas. 

Menos crédito disponível ajuda a desacelerar a inflação, já que diminui a quantidade de dinheiro em circulação na economia. Essa é justamente a lógica por trás do aumento dos juros: com taxas mais altas, os empréstimos se tornam menos acessíveis para empresas e pessoas. Aí a economia esfria (essa é a parte ruim), e a inflação também (essa é a parte boa). 

A fala de Powell deixou os investidores acreditando que o Fed deve pausar o ciclo de alta na próxima reunião, que vai rolar nos dias 13 e 14 de junho. Agora, 78% do mercado acredita que os juros vão se manter em 5,25%. Ontem, eram 64%. 

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Mas as bolsas americanas não acompanharam as previsões otimistas. O S&P 500 fechou em leve queda de 0,15%, enquanto a Nasdaq caiu 0,24%. 

É que um problema mais urgente tomou os holofotes: a negociação da dívida pública. Kevin McCarthy, líder republicano, disse que o partido decidiu pausar as negociações com o governo sobre o teto da dívida, alegando que a Casa Branca tem tratado suas demandas com má vontade. 

O impasse é o seguinte: em janeiro, os EUA estouraram o limite da dívida pública do país, fixado em US$ 31,4 trilhões. Desde então, para evitar um calote, o Tesouro Nacional tem utilizado de manobras contábeis que limitam certos investimentos do governo – assim, as contas continuam sendo pagas. Só que essa ferramenta só tem validade até 1º de junho. Até lá, o país precisa decidir se aumenta o teto da dívida ou suspende completamente esse limite.  

Os republicanos querem que o aumento do teto seja acompanhado por uma política de austeridade fiscal, com corte de gastos. Os democratas, ao lado do presidente Biden, se opõem às medidas de austeridade. 

Enquanto isso, o mercado acompanha apreensivo o tique taque do relógio, com medo de que o impasse resulte em uma terceira via catastrófica: calote – que mancharia permanentemente a reputação dos títulos públicos do país, considerados o investimento mais seguro da Via Láctea. 

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Muuuuu…

De volta ao Brasil. Neste país com mais boi do que gente – 224 milhões de bovinos versus 214 milhões de humanos – os frigoríficos fecham a semana soltando foguete.  

Marfrig e Minerva marcaram, respectivamente, 5,34% e 4,83%. JBS (3,11%) e BRF (2,89%) também fecharam bonito. Trata-se da esperança com a recuperação das exportações para a China – as restrições no primeiro trimestre, devidas a um caso atípico de doença da vaca louca.   

Não é só isso: os preços do boi gordo (“matéria prima” dos frigorífocos) entraram em queda no Brasil. E o verão está chegando nos EUA, onde Marfrig e JBS concentram grande parte de suas vendas. Verão lá é sinônimo de churrasco. E quanto mais churrasco, mais demanda para a proteína animal que a dupla vende. 

Marfrig e JBS estão entre os papéis que mais apanharam nos últimos 12 meses, justamente por conta da alta no preço do boi gordo nos EUA – quedas de 44% e 49%. Nesta semana mais alvissareira, porém, recuperam um pouco do terreno perdido. Desde quarta, foram 9,8% para MRFG3 e 4,9% para JBSS3.

E que você tenha um fim de semana alvissareiro também. Até segunda!

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Maiores altas

MRV (MRVE3): 7,55%

Raízen (RAIZ4): 6,34%

Marfrig (MRFG3): 5,34%

Minerva (BEEF3): 4,83%

Assaí (ASAI3): 4,60%

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Maiores baixas

Cogna (COGN3): -3,11%

Azul (AZUL4): -2,90%

Gol (GOLL4): -2,63%

Cielo (CIEL3): -2,53%

Hapvida (HAPV3): -1,63%

 

Ibovespa: 0,58%, a 110.744,51 pontos. Na semana, alta de 2,1%.

 

Em NY

S&P 500: -0,15%, a 4.191 pontos

Nasdaq: -0,24%, a 12.657 pontos

Dow Jones: – 0,33%, a 33.426 pontos

 

Dólar: 0,56%, a R$ 4,99. Na semana, alta de 1,47%.

 

Petróleo

Brent: -0,37%, a US$ 75,58 por barril. Na semana, alta de 1,9%.

WTI: -0,35%, a US$ 71,69 por barril. Na semana, alta de 2,39%

Minério de ferro: -1,41% a US$ 104,86  a tonelada na bolsa de Dalian

 

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