Continua após publicidade

Ibovespa cai 0,37% antes da dobradinha entre Copom e Fed na Super Quarta

O petróleo, que pode ser um vilão amanhã com a pressão sobre as estimativas de inflação, quase salvou o dia, mas desacelerou. E a preocupação com as contas públicas falou mais alto.

Por Jasmine Olga
19 set 2023, 18h17
-
 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Depois de oscilar entre leves perdas e ganhos ao longo do dia, o Ibovespa fechou em queda de 0,37%, aos 117.845 pontos – acompanhando o S&P 500, que caiu 0,21%. 

Semana de Super Quarta sempre parece seguir o mesmo roteiro — até mesmo quando não se espera uma grande surpresa nas decisões de juros, nem aqui nem nos EUA.  

Os investidores já consolidaram suas apostas. Lá fora, a ferramenta do CME Group que mede as projeções do mercado indica 99% de chance de manutenção da taxa básica em 5,50%, enquanto no Brasil o BC deve seguir o seu plano de corte de 0,5 ponto percentual na Selic, bola cantada desde agosto. 

O que realmente gera tensão é a expectativa pelas falas do Copom e do Fomc (os comitês de política monetária dos dois países). Ou seja, o que eles terão a dizer sobre as reuniões que ainda estarão por vir.

No caso do Copom, o caminho a ser seguido já foi traçado — mais dois cortes de 0,50 p.p até o final do ano, mas parte do mercado nunca deixa de nutrir a expectativa de uma queda maior na Selic e, por isso, até mesmo a confirmação de que esse será o plano a ser seguido pode gerar algumas decepções. 

Já na Terra do Tio Sam, as coisas são um pouco mais complicadas. Isso porque os diretores do Fomc ainda veem a necessidade de novas altas de pelo menos 0,25 p.p até o final do ano para controlar a inflação, que se encontra em patamares desconfortáveis para o Fed – 4,2% no núcleo do PCE, versus a meta de 2%.  

Continua após a publicidade

Nas últimas semanas, esse desconforto só aumentou. Isso porque a pressão dos países exportadores para manter o valor do barril de petróleo alto tem um impacto direto no preço dos combustíveis e, por tabela, nos indicadores de inflação – o Fed olha com lupa para o núcleo do PCE, que exclui preços de alimentos e energia, mas não há como negar: uma aceleração nos combustíveis pressiona a inflação de outros bens da cadeia de produtos e serviços. 

O petróleo, então, pode aparecer como vilão do dia amanhã nos discursos do Fomc e do Copom. Mas foi salvador da pátria no Ibovespa hoje — o barril chegou a subir, ampliando os ganhos recentes, mas o Brent acabou caindo 0,10% e tirou fôlego das ações da Petrobras (0,23%). 

Não só. Outro fato colaborou para a mudança de cenário na reta final: a comissão mista do orçamento (CMO) adiou a votação preliminar do Orçamento de 2024. Isso mais a insistência do governo federal em defender um déficit zero (pouco factível) na meta fiscal pesaram sobre a curva de juros e o dólar à vista, que fechou em alta de 0,35%, a R$ 4,87, interrompendo uma sequência de 4 quedas. 

Os títulos públicos de inflação, sensíveis aos juros futuros, sentiram o golpe. O juro do IPCA+2035, por exemplo, subiu de 5,47% para 5,49%. É a quarta alta seguida desde o dia 13, quando a taxa estava em 5,42%. 

Na parte da manhã, as notícias haviam sido melhores. Considerado uma prévia do PIB oficial, o IBC-Br  mostrou uma aceleração de 0,44% em julho ante o mês anterior — acima da mediana dos analistas consultados pelo Broadcast, que era de 0,35%. No ano, o IBC-Br acumula uma alta de 3,21%, mas a leitura até o momento é a de que agosto deve confirmar uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia. 

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

BRFS3 (1,28%%) e MRFG3 (4,07%) 

A Marfrig (MRFG3) acaba de abocanhar mais uma fatia da BRF (BRFS3) — passando de 33,31% do capital para 35,77%, o equivalente a 601,8 milhões de ativos entre ações e ADRs (recibos de ações negociados na bolsa americana). Com isso, MRFG3 acabou com o melhor desempenho do dia, em alta de 4,07%. BRFS3 subiu 1,28%

Um degrau por vez, a Marfrig caminha para um eventual controle do capital da empresa, ainda que hoje, como maior acionista, já seja a responsável por nomear a maior parte do conselho e até mesmo quem senta na cadeira de presidente. 

Ter chegado ao patamar atual (e, quem sabe, chegar aos 50% mais um no futuro), só foi possível depois dois da BRF ter derrubado sua “poison pill” — a “pílula de veneno” que impedia qualquer um de ter mais do que 33,33% do capital, mantendo as ações pulverizadas e sem um ente controlador (com 50% ou mais). Na teoria, o mecanismo serve para proteger os acionistas minoritários de decisões monocráticas.

Continua após a publicidade

Com a queda da poison pill, a expectativa do mercado era de que a Marfrig elevasse a sua participação já no aumento de capital realizado pela BRF em julho, mas a demanda alta acabou levando ao mercado um lote adicional de ações, deixando a Marfrig apenas com a aquisição proporcional para não ver o seu poder diluído com a emissão dos novos papéis. 

VIIA3 (2,74%)

A partir de amanhã, o Grupo Casas Bahia dará adeus ao seu conhecido ticker VIIA3 e passará a se charar BHIA3 na bolsa. E o último pregão antes da despedida foi de ganhos: uma das maiores altas do Ibovespa nesta terça, com um avanço de 2,74%, a R$ 0, 75. Na máxima do dia, os papéis chegaram a subir mais de 5%. 

Trata-se de uma gota d’água no oceano nesta altura do campeonato. Recapitulando: no início do mês, a então Via anunciou uma oferta de ações (follow on) com potencial de levantar R$ 1 bilhão, mas a operação fracassou e o dinheiro levantado foi 37% menor. 

De lá pra cá, o papel virou saco de pancada na bolsa. Da noite do anúncio (05) até o pregão de ontem (18), a queda foi de 38%. 

Continua após a publicidade

Uma “recuperação” como a de hoje é comum após perdas bruscas de valor em tão pouco tempo. Um bom exemplo é olharmos para o comportamento dos papéis da Americanas após o pedido de recuperação judicial da companhia. 

A RJ foi oficialmente apresentada no dia 19 de janeiro, com o papel sendo excluído do Ibovespa já no pregão seguinte. Mas entre o dia 20 e 1º de fevereiro, não foram raros os dias em que AMER3 saltou mais de 20% em uma única sessão, levando a ganhos de 200% no período —  de R$ 0,71 para R$ 2,09. Um salto quântico em termos percentuais, mas um preço distante dos R$ 12 da véspera da explosão do escândalo.

PCAR3 ( -6,90%)

Os ajustes nas contas e estimativas para o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) após a cisão do seu braço varejista colombiano ainda não terminaram. 

Logo após a conclusão da operação, no fim de agosto, os papéis desabaram quase 20%. Nessa ocasião, o recuo drástico fez parte de um ajuste técnico — uma conta simples de subtração: o valor do GPA até aquele momento menos o valor do Grupo Éxito. 

Continua após a publicidade

Hoje, no entanto, a queda de 6,90% dos papéis (a maior do Ibovespa) foi uma reação a novos cálculos feito por analistas do Bank of America (BofA). O banco de investimentos reduziu o preço-alvo dos papéis de R$ 15 para R$ 3,50 — um corte brusco para refletir a nova realidade do fluxo de caixa da companhia e que indica que as ações ainda possuem espaço para cair cerca de 20%

No entendimento dos analistas, há sim avanços operacionais e estruturais nas tentativas do GPA de simplificar a sua organização societária, mas também existem desafios grandes a serem considerados no curto prazo.

Até amanhã. 

MAIORES ALTAS

Marfrig (MRFG3): 4,07%

Grupo Casas Bahia (VIIA3): 2,74%

Hapvida (HAPV3): 1,81%

Suzano (SUZB3): 1,40%

Copel (CPLE6): 1,35%

MAIORES BAIXAS

GPA (PCAR3): -6,90%

Lojas Renner (LREN3): -5,38%

Totvs (TOTS3): -4,91%

Gol (GOLL4): -4,48%

Yduqs (YDUQ3): -4,15%

Ibovespa:0,37%, aos 117.845 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,21%, a 4.444 pontos

Nasdaq: -0,23%, a 13.678 pontos

Dow Jones: -0,31%, aos 34.518 pontos

Dólar: 0,35%, a R$ 4,85

Petróleo

Brent: -0,10%, a US$ 94,34

WTI: -0,11%, a US$ 90,48

Minério de ferro: -0,69%, US$ 118,28 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.