Ibovespa engata sétima alta seguida com ajuda de techs e varejistas
Agradeça ao presidente do Banco Central, que indicou que o ciclo de altas na Selic deve terminar em maio. Dólar seguiu sua queda livre e fechou em R$ 4,83.
Mais um dia, mais uma alta no Ibovespa. Está ficando repetitivo: já são sete subidas seguidas para o índice, que hoje avançou 1,36%, alcançando o patamar dos 119 mil pontos. O fluxo externo continua beneficiando nossa bolsa e derrubando o dólar, que hoje passou por um dia instável até fechar a R$ 4,8320, com uma queda de 0,25%, mais modesta do que nos últimos dias – mas ainda queda.
Assim como ontem, a alta de hoje foi garantida com ajuda dos papéis dos setores de varejo e tecnologia, e não de commodities, como é mais comum acontecer em terras brasileiras. Entre as maiores valorizações do dia estão a Magalu (10%), Méliuz (9%), Positivo (7%) e Americanas (6%). O motivo é a expectativa de que o ciclo de aumento de juros promovido pelo Banco Central está chegando ao fim.
Tanto ações de tecnologia como de varejo são mais sensíveis aos movimentos na taxa de juros, já que, no caso das techs, o potencial de crescimento é afetado pelo crédito mais caro, e, no caso das varejistas, o poder de compra da população diminui. Por isso mesmo esses setores não vinham lá se destacando muito – nos últimos 12 meses, a Selic saltou de 2% ao ano para os atuais 11,75%. E o Banco Central já avisou que vem mais um aumento aí, de 1 ponto percentual.
Acontece que muita gente aposta que os 12,75% serão o teto da Selic; depois disso, o órgão deve pausar seu aperto monetário. O que era aposta virou uma coisa mais real nesta quinta. Roberto Campos Neto, o presidente do BC, disse em entrevista que “fazer um movimento adicional em junho não é o mais provável”. Traduzindo, ele disse que a última alta de juros ocorrerá em maio, e a ata da última reunião contratou um aumento de 1 p.p. Ou seja, 12,75% e não se fala mais nisso.
O dia também foi marcado por menos temores inflacionários. No dia em que a guerra na Ucrânia completou um mês, o petróleo fechou em queda no mercado internacional. E o dólar continuou sua queda livre, o que ajuda a aliviar a pressão sobre as commodities, negociadas em dólar. Isso, combinado com a fala de Campos Neto, levou os juros futuros a cair e os papéis das techs e varejistas a subir. Soma-se a isso um dia de bom-humor também em Nova York, principalmente no setor de tecnologia (Nasdaq 1,93%, S&P 500 1,44%), que ajudaram a garantir as altas por aqui.
Vale lembrar, porém, que o próprio presidente do BC ressaltou que o cenário é muito volátil, deixando uma deixa do tipo “não prometo nada, tudo pode acontecer”. E, de fato, vários analistas e bancos preveem a Selic para lá da casa do 13%
A exceção do dia, porém, foi a Locaweb. As ações da empresa de tecnologia lideraram as maiores perdas (-7,05%), com o mercado reagindo mal à divulgação de seu balanço trimestral, que ocorreu ontem após o fechamento. A companhia registrou prejuízo de R$ 7,2 milhões no quatro trimestre de 2021, ante a lucro líquido de R$ 9 milhões no mesmo período de 2020.
Maiores altas
Banco Inter – Units (BIDI11): 10,12%
Magazine Luiza (MGLU3): 10,00%
Méliuz (CASH3): 9,05%
CCR (CCRO3): 7,48%
Positivo (POSI3): 6,97%
Maiores baixas
Locaweb (LWSA3): -7,05%
Hapvida (HAPV3): -5,09%
Petrorio (PRIO3): -4,50%
Bradespar (BRAP4): -2,12%
Petz (PETZ3): -1,00%
Ibovespa: 1,36%, aos 119.052 pontos
Em Nova York
S&P 500: 1,44%, aos 4.520 pontos
Nasdaq: 1,93%, aos 14.191 pontos
Dow Jones: 1,01%, aos 34.707 pontos
Dólar: -0,25%, a R$ 4,8320
Petróleo
Brent: 2,08%, a US$ 115,30
WTI: 2,25%, a US$ 112,34