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Ibovespa se agarra no otimismo americano e fecha no azul, mesmo com desabamento das commodities

Queda de 13% no minério e de 2,6% no petróleo pressionaram o índice. Mas 30 das 84 ações do Ibovespa fecharam com altas de mais de 3%.

Por Bruno Carbinatto, Alexandre Versignassi
Atualizado em 19 ago 2021, 19h11 - Publicado em 19 ago 2021, 18h29
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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A expressão “fim do boom das commodities” te dá déjà-vu? Pois então se prepare, porque 2021 is the new 2014. Segundo a Bloomberg, que mantém um índice dos preços das commodities, agosto de 2021 está sendo o pior mês para as mercadorias de baixo valor agregado (minério, petróleo e cia) desde março de 2020, quando a pandemia chegou derrubando tudo.

E, como era de se esperar, o fenômeno tem um belo impacto por aqui. Dá para ver isso em outro índice – o Ibovespa mesmo. Hoje, ele passou grande parte do dia no vermelho e atingiu, na mínima do dia, os 114 mil pontos. Só a Vale, que responde por 12% do índice, passou a cair mais de 5%. Suas pares de mercado, idem. CSN, Gerdau Usiminas e Bradespar – que não é mineradora nem siderúrgica, mas atua como umas das controladoras da Vale – também desabaram.   

Tudo por conta de uma bomba que caiu hoje de manhã: o preço do minério de ferro desabou 13,51%, cotado a US$ 132,66 a tonelada. É o menor valor desde dezembro do ano passado. 

E não foi só o minério que tombou. O petróleo caiu 2,68%, com o brent a US$ 66,45. É a sexta baixa seguida e o menor patamar desde maio. E derrubou junto a Petrobras. 

Mas… O jogo virou na bolsa. Não para a Vale, que fechou em tristes -5,71%. Nem para suas amigas, que fecharam todas entre as maiores baixas do dia. Mas para praticamente todo o resto do mercado. E no fim das contas Ibovespa fechou no azul pela primeira vez desde sexta-feira (13), com alta de 0,45%. 

67 das 84 ações que compõem o índice fecharam no campo positivo. Mais: 30 delas encerraram o pregão com alta superior a 3%. Um assombro. Até a Petrobras se safou, e fechou em relativamente estáveis -0,56%.

O que aconteceu, afinal? Bom, agradeça aos EUA.  

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Nos EUA

Os índices dos EUA abriram no vermelho, ainda digerindo a ata do Fed sobre a provável retirada dos estímulos à economia americana. Isso significa, em resumo, parar a impressão desenfreada de dinheiro – como os dólares do Fed têm sido a ração das bolsas desde o início da pandemia, o mercado naturalmente não curtiu.  

Como as bolsas europeias estavam fechadas quando a tal ata do Fed saiu, ontem à tarde, o baque veio mesmo hoje: índice Stoxx 600, que reúne as principais empresas do velho continente, fechou em queda de 1,59%%; bolsa de Londres -1,50%, Paris -2,43% e Frankfurt -1,27%. A Ásia também fechou no vermelho na mesma esteira.

A notícia positiva do dia foi a seguinte: o número de pedidos de seguro-desemprego veio abaixo do esperado por lá: foram 348 mil novas solicitações do benefício, sendo que a previsão de consenso era de 365 mil. É o menor patamar desde que a pandemia foi declarada.

Isso criou uma pressão de alta nas bolsas. E o S&P 500 fechou em 0,13%. É pouco? É. Mas, como o preço da ações americanas está num patamar recorde, qualquer alta se torna algo expressivo.     

No Brasil, a história é um pouco diferente. O recorde do Ibovespa em valores reais, corrigidos pela inflação, aconteceu há 13 anos. Foram os 73,7 mil pontos de 19 de maio de 2008. Corrigindo pelo IPCA, isso equivale a 150 mil pontos de hoje (a pontuação do Ibovespa reflete o valor das maiores empresas de capital aberto em reais, logo, está sujeita a inflação – tanto que sofreu cortes de zeros ao longo da história, assim como as nossas moedas). 

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Não faltou, então, quem achasse que os 116 mil pontos com os quais o Ibovespa acordou hoje eram uma barganha. O fato é que parte das maiores altas veio de empresas de tecnologia, o oposto completo da indústria de commodities, caso da Locaweb (7,79%), e da Totvs (5,78%).

Juros e dólar

Hoje, os juros futuros pararam de disparar após várias altas seguidas e registraram leve queda. E olha que teve fala do Paulo Guedes dizendo que “vai faltar dinheiro” em 2022 se a proposta de pedalar os precatórios não passar. Ou seja: nos “fundamentos” do governo, nada mudou. 

Uma amostra disso é que o dólar avançou mais 0,89%, para R$ 5,42. A moeda já tinha disparado na quarta, e continuou o movimento nesta quinta. Resta saber se a alta de hoje foi só um momento natural de volatilidade num mercado em queda livre, ou se trata do início de uma recuperação. Isso, só quem estiver nos lendo lá do futuro poderá dizer.

Maiores altas

CVC: +7,91%

Locaweb: +7,79%

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Totvs: +5,78%

Localiza: +5,31%

Locamerica: +5,17%

Maiores baixas:

CSN: -5,78%

Vale: -5,71%

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Usiminas: -5,69%

Bradespar: -5,33%

Gerdau: -3,52%

Ibovespa: +0,45, aos 117.164 pontos

Em Nova York

S&P 500: +0,13%, aos 4.405 pontos

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Nasdaq: +0,11%, aos 14.541 pontos

Dow Jones: -0,19%, aos 34.894 pontos

Dólar: +0,89%, a R$ 5,4228

Petróleo

Brent: -2,68%, a US$ 66,45

WTI: -2,62%, a US$ 63,50

Minério de ferro: queda 13,51%, cotado a R$ 132,66 a tonelada, no porto de Qingdao (China)

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