Ibovespa tem a terceira maior alta do século em novembro
Foram 16% no mês. Só março de 2016 e outubro de 2002 viram altas maiores. Obra do dinheiro gringo, que começa a voltar pesado.
Sim, rolaram quedas hoje aqui (Ibov, -1,52%) e lá fora (S&P 500, -0,33%). Mas vamos olhar o copo meio cheio, pessoal. Novembro foi, como diria o craque Neto, um BAITA mês.
Começando pelo que mais interessa. O Ibovespa fechou o mês entregando 15,90% de alta. Só dois meses do século 21 superaram este novembro generoso: março de 2016 e outubro de 2002.
Exato. Eis o novo pódio de melhores meses dos últimos 20 anos:
Pódio do Ibovespa no século 21.
1) 10/2002: 17,92%
2) 03/2016: 16,97%
3) 11/2020: 15,90%
Em outubro de 2002, a alta veio depois de meses de quedas horrendas – era ano de eleições, e o mercado temia a vitória de Lula sobre José Serra. A decisão só veio no dia 27/10, data do domingo de segundo turno daquelas eleições – e na segunda feira, com Lula eleito, a bolsa desabou 4%.
A alta de 10/2002, portanto, foi uma aposta na vitória de Serra, que não veio – ironicamente, o maior período de alta do Ibovespa na era do real (650%, entre 2002 e 2008), ocorreria com Lula no Planalto.
Em março de 2016, o motor foi a iminência do impeachment de Dilma Roussef. Que veio de fato.
Bom, os motivos para a alta deste mês você está cansado de ler: esperança com as vacinas (olha a Azul e a Gol nas maiores altas de hoje) e o caminhão de dólares que o governo dos Estados Unidos já jogou na economia (que sempre vaza para o mercado financeiro, seja nos EUA, seja no resto do mundo).
Não é só isso, porém. O lance é que os investidores estrangeiros estão mais confiantes neste país aqui. Novembro viu a entrada de mais R$ 30 bilhões do exterior na B3. É o maior volume da história em recursos gringos para um único mês.
Não que tenha batido um espírito de “agora vai” para a nossa economia. Não. A real é que o Ibovespa, e a moeda brasileira, tiveram perdas maiores que as da média mundial no ano. A tendência, então, é a de que haja muita gente tentando comprar ações brasileira “na baixa” – ainda que a baixa nem seja tão baixa assim.
E mais importante: não falta quem suspeite de que as empresas dos EUA já estejam caras demais. Nisso, uma parte dos dólares que sobram por lá acabam aportando por aqui. Essa oferta extra de notas verdes na nossa praça ajudou na queda do dólar ao longo do mês do mês também: -7,32%, apesar da ligeira alta de hoje (veja mais abaixo).
A fé gringa ajudou a fazer com que o mercado brasileiro tenha fechado o mês bem melhor que o dos EUA. Placar final: 15,90% Ibov X 10,89% S&P 500.
E o olha que o índice mais importante dos EUA também viveu um mês histórico.
Nos 480 meses dos últimos 40 anos, o S&P 500 só fechou numa alta de dois dígitos em 9 ocasiões. Novembro de 2020 foi uma delas.
Nos últimos 20 anos, isso só aconteceu outras duas vezes, em abril de 2020 e outubro de 2011. E o novembro de 2020 agora é o dono da medalha de prata do século – que já não é mais tão novo assim.
Pódio do S&P 500 no século 21.
1) 04/2020: 12,68%
2) 11/2020: 10,89%
3) 10/2011: 10,77%
Mas também houve atenuantes nos dois casos que ficam à frente de novembro de 2020. Abril deste ano foi um repique após a queda de 12% em março. Outubro de 2011 também partiu de de uma base baixa: queda de 13% nos dois meses anteriores.
Neste outubro de 2020, a base já estava alta – no mês anterior a queda foi de nada assustadores 2,77%.
Se você considerar, então, só meses “limpos”, que não foram precedidos por grandes quedas, este foi o melhor mês desde janeiro de 1987. Ou seja: não se via algo assim desde que Ronald Reagan ocupava a Casa Branca, Mikhail Gorbachev mandava na União Soviética e Maradona ganhava seu primeiro Campeonato Italiano pelo Napoli.
Boa semana!
MAIORES ALTAS
Azul: 3,17%
Yduqs: 2,69%
Carrefour: 2,63%
Gol: 2,57%
RaiaDrogasil: 1,48%
MAIORES BAIXAS
B2W: -7,39%
Via Varejo: -4,65%
Cosan: -4,48%
BR Malls: -4,11%
Cielo: -3,46
Dólar: alta de 0,39%, a 5,34%
Petróleo
Brent: queda de 0,76%, a US$ 47,88
WTI: queda de 0,41%, a US$ 45,34