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Ibovespa vive dia da notícia boa e sobe 0,64%

Caged, contas públicas, IPCA-15 e até os EUA ajudaram na alta. PETR4 avança 1,51%. Bradesco ganha 0,93% mesmo após mistério do “dinheiro desaparecido”.

Por Tássia Kastner
28 nov 2023, 18h43
 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Hoje foi o dia da notícia boa na Faria Lima. O Ibovespa subiu 0,64% e recuperou o suado patamar de 126 mil pontos. E isso enquanto Nova York penou para se segurar no positivo. Vamos, então, ao noticiário.

Logo pela manhã, o IBGE divulgou o IPCA-15, conhecido como a prévia da inflação – tudo porque ele já considera os preços de metade do mês pesquisado. O que rolou em novembro é que a inflação deu uma subida para 0,33% – acima de outubro, o que era esperado, mas também mais do que projetavam economistas.

Parece ruim, mas tem um lado bom. Agora, a alta acumulada em 12 meses até novembro é de 4,84% – até outubro era 5,05%. Ou seja: ainda que o IPCA-15 tenha subido um tantinho a mais do que previsto, ele ainda continua mais comportado do que no passado. Os preços, em geral, estão desacelerando.

Para alguns analistas, seria o bastante para passar a faca nas taxas de juros do país, o que só não ocorreria porque o Fed e outros BCs ao redor do mundo ainda estão lutando contra suas inflação de forma mais intensa.

De qualquer forma, a diretora do Banco Central, Fernanda Guardado, palestrou hoje e reiterou que o nosso BC deve continuar cortando a Selic de 0,50 p.p. em 0,50 p.p. Hoje ela está em 12,25% e a próxima reunião do Copom ocorre no meio de dezembro.

A segunda notícia positiva veio do mercado de trabalho formal. Após um longo período de juros elevadíssimos (lá em 13,75% ao ano), havia o receio de que a economia brasileira poderia desacelerar de forma brusca. Pois bem. Hoje os dados do Caged mostraram a criação 190 mil vagas de trabalho com carteira assinada – economistas esperavam 135 mil.

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O indicador mostrou que houve uma reaceleração na geração de empregos após alguns meses mais mornos. E a XP ainda enfatizou que os números corroboram a projeção da casa de que a economia brasileira crescerá 2,8% no ano – os dados do 3ºtri serão conhecidos na próxima semana.

E teve ainda o Tesouro divulgando o resultado fiscal do mês de outubro, com um superávit fiscal acima do esperado por economistas. Strike de notícia boa, e capaz de reduzir as apostas para os juros, o que impulsiona a bolsa de uma maneira geral. 

Teve mais: mais no fim do dia o FGTS aprovou a liberação de R$ 95,85 bi do fundo para a construção de 339 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, isso em 2024. Aí a MRV, a construtora símbolo do programa, garantiu o seu lugar no pódio das maiores altas do Ibovespa desta terça. A Eztec ficou na quinta posição.

Petrobras: +1,51%

Você também pode agradecer à Petrobras pela alta do Ibovespa hoje – ainda que por tabela. A subida de 1,51% em PETR4 foi patrocinada pela alta de 2% do petróleo. A commodity está numa montanha-russa desde que a Opep+ (o cartel dos exportadores de petróleo) entrou em um conflito interno para decidir se corta ou não a produção da matéria-prima.

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Os países estão saudosos dos preços registrados lá em 2022, quando o início da guerra na Ucrânia desorganizou o mercado e levou as cotações para acima de US$ 100 por barril. Agora, o petróleo ronda os US$ 80 e a desaceleração da economia global – puxada pela China – pode pressionar ainda mais os preços.

Enquanto a reunião da Opep+ não sai, o petróleo anda na montanha-russa. Hoje, o brent subiu 2% e deu um fôlego para a Petrobras, que estava apanhando com as ameaças de intervenção do governo na administração e a confirmação de dividendos menores.

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Bradesco: +0,93%

Vale um destaque para o Bradesco. Nesta terça, as ações do banco subiram 0,93%. E não foi um dia tranquilo na Cidade de Deus. O vice-presidente de atacado, Eurico Fabri, pediu demissão, um desdobramento da troca de CEO anunciada na semana passada. 

Tradicionalmente os vice-presidentes são os candidatos ao posto de CEO – isso quando o momento da troca chega. Acontece que o presidente anterior, Octavio de Lazari Jr., deixou o comando do Bradesco muito antes do esperado – mas após dois anos de resultados decepcionantes. 

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Fabri era o VP de varejo do Bradesco, justamente a área responsável pelos números mais fracos, mas fez um swap de cargos com Marcelo Noronha – agora CEO do bancão.

As mudanças na cúpula coincidem com um problema mais prosaico, mas que afeta diretamente a vida dos clientes. Há mais de 30 horas, clientes do Bradesco reclamam que o dinheiro sumiu da conta deles. 

A Faria Lima parece ser correntista de outros bancos, já que ignorou a crise e foi às compras da ação. Mas, em defesa dos coletinhos, a queda de juros ajuda bancos em geral – e puxou também o Itaú (+0,98%).

E se esse combo de notícias parece pouco, ainda veio o empurrãozinho dos EUA.

A queda dos juros americanos

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Ainda é cedo para falar do assunto. Ou não. Nesta terça, o diretor do Fed Christopher Waller disse em voz alta que os juros americanos podem cair em 2024. De maneira geral, os dados do monitor da CME, o Fed Watch, mostra que investidores já acreditavam em um primeiro corte de juros em maio do ano que vem, aposta que ganhou uma leve vantagem após a declaração de Waller.

O que ele disse foi o seguinte: “Estou cada vez mais confiante de que a política monetária está bem-posicionada para desacelerar a economia e fazer com que a inflação volte à meta de 2%”. E se a inflação continuar a cair “por três meses, quatro meses, cinco meses… poderíamos começar a reduzir a taxa básica de juros só porque a inflação está mais baixa”, arrematou.

Foi o que ajudou Wall Street a fechar no azul – o que sempre dá um apoio moral a mais para o Ibovespa. Nesse caso é ainda mais importante porque investidores temem que o BC brasileiro fique limitado na redução de juros caso o Fed não comece seu ciclo de cortes também.

A gente precisa dizer o seguinte: uma subida de 0,64% não é um assombro. Mas mostra que a Faria Lima abandonou o azedume e decidiu se contentar com as boas notícias que aparecem para fechar o ano em alta. Ainda bem. Até amanhã.

 

MAIORES ALTAS 

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Marfrig (MRFG3): 6,77%

MRV (MRVE3): 5,41%

Lojas Renner (LREN3): 3,90%

SLC (SLCE3): 3,31%

EZTEC (EZTC3): 3,20%

MAIORES BAIXAS

Eneva (ENEV3): -3,06%

Magazine Luiza (MGLU3): -2,55%

Soma (SOMA3): -2,29%

Embraer (EMBR3): -1,73%

Yduqs (YDUQ3): -1,46%

Ibovespa: 0,64%, a 126.538

Em Nova York

Dow Jones: 0,24%, a 35.417 pontos

S&P 500: 0,10%, 4.555 pontos

Nasdaq: 0,29%, a 14.282 pontos

Dólar: -0,57%, a R$ 4,8719 

Petróleo 

Brent: 2%, a US$ 81,47

WTI: 2,07%, a US$ 76,41

Minério de ferro: -2,61%, a US$ 134,31 na bolsa de Dalian 

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