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Inflação americana menor que o previsto impulsiona as bolsas

Menor pressão sobre os juros, inclusive no Brasil, dá uma força para varejo e construtoras: MGLU3 salta 6,8%; EZTC3 e JHSF3, 8%.

Por Júlia Moura, Alexandre Versignassi
Atualizado em 10 ago 2022, 18h21 - Publicado em 10 ago 2022, 18h16
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Uma inflação menor que a esperado em julho era tudo o que as bolsas precisavam nesta quarta-feira. 

O alívio no CPI (o “IPCA” dos EUA) fez investidores apostarem numa alta mais suave nos juros americanos, o que beneficiou o mercado de ações, especialmente as de tecnologia, que precisam de mais financiamento para crescer.

A inflação por lá no mês passado somou 8,5% em 12 meses – uma desaceleração em relação a junho (9,1%), e um número melhor que a expectativa do mercado (8,7%).

Melhor ainda: o “núcleo” da inflação —que exclui alimentos e energia, considerados voláteis— também veio menor que o esperado: 5,9% contra 6,1%.

Com a inflação dando sinais de controle, a maioria do mercado (58,5% segundo a bolsa de Chicago) considera que os juros vão subir “só” 0,5 pp em setembro. Até outro dia, as apostas eram quase unânimes em 0,75 pp. Ou seja: a ideia agora é que o Fed suba sua taxa básica para 3% em setembro, e não para 3,25%. 

Já a cautela da minoria está fundamentada em falas preocupadas dos membros do Fed, que não compram o alívio divulgado hoje como uma virada de tendência. Segundo Charles Evans, do Fed de Chicago, são necessários mais meses de desaceleração no CPI para um verdadeiro alívio na política monetária e vê os juros americanos a 4% ao fim de 2023.

Paul Krugman está nesse bonde. O Nobel de economia vê o núcleo da inflação ainda muito elevado e também não acha que o Fed irá reduzir a marcha. Para ele, o núcleo do PCE (Despesas de Consumo Pessoal, na sigla em inglês) está em “um nível inaceitável nos EUA […] o Fed não tem escolha a não ser continuar a subir as taxas”. 

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Em junho, o núcleo desse índice inflacionário (o preferido do Fed) acelerou para 4,8%, de 4,7% em maio, na comparação com o mesmo mês de 2021. Em abril registrou 4,9% e em março, 5,2%. Assim como o CPI, o PCE mede a inflação ao consumidor, só que com uma metodologia diferente, dando um peso maior a bens e serviços. O seu núcleo, por sua vez, também exclui alimentos e energia. O PCE de julho sai em 26 de agosto.

Ibovespa

Seja como for, quem venceu o cabo de guerra hoje foi o lado otimista, que vê juros menos altos nos EUA adiante. E juros mais tranquilos lá significam uma Selic mais mansa também. Com a taxa do Fed em níveis mais terráqueos, o dólar tende a não valorizar tanto. Com o câmbio sob controle, há menos pressão inflacionária. E com menos pressão, o normal é que os juros daqui parem de subir – como o BC pretende.    

Nesta toada, o Ibovespa acompanhou o bom humor do exterior e fechou em alta de 1,46% a 110.236 pontos

A esperança numa queda nos juros lá na frente favoreceu as construtoras, que tanto dependem de financiamento. Alta de 8,09% para Eztec e de 7,97% para a JHSF. 

O índice foi beneficiado pela alta dos bancos, após a divulgação de resultados sólidos do setor no segundo trimestre. Neste pregão, Itaú subiu 2,12% e Bradesco, 1,59% (ambos têm um peso razoável no Ibovespa), mas o destaque mesmo do setor foram as altas de 8,15% e 7,11% de Banco Pan e BTG, respectivamente.

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O Pan se recupera do tombo de 5,63% na véspera, enquanto o BTG colhe os frutos de um resultado recorde. Ontem, ele divulgou um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões no segundo trimestre deste ano, 27% maior que o do mesmo período em 2021.

Os principais bancos de investimento do país reiteraram a recomendação de compra para o papel. O Bradesco BBI, inclusive, subiu o preço- alvo de R$ 33 para R$ 34.

O IRB, que tanto apanha, surfou na onda do bom humor e subiu 8,48%, a maior alta do Ibovespa no dia. A Magalu, que tenta se recuperar de uma queda de 84% nos últimos 12 meses, subiu 6,82%.

A Renner foi outro destaque positivo na sessão, sendo uma das ações mais negociadas do dia. O ganho de 4,13% veio após o braço de investimentos do Banco do Brasil elevar o preço-alvo para os papéis da varejista de R$ 33,30 para R$ 39,80, com recomendação de compra. A análise é que o resultado da companhia no segundo trimestre foi sólido (lucro líquido de R$ 360,4, alta anual de 86,6%) e que a inflação deve baixar no segundo semestre, impulsionando o consumo. 

Cruzemos os dedos.  

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E até amanhã!

Maiores altas:

IRB (IRBR3): 8,93%

Banco Pan (BPAN4): 8,15%

Eztec (EZTC3): 8,09%

JHSF (JHSF3): 7,97%

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Americanas (AMER3): 7,64%

Maiores baixas

Copel (CPLE6): -1,92%

Energisa (ENGI11): -1,85%

Eletrobras (ELET6): -1,46%

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Natura (NTCO3): -1,34%

BB Seguridade (BBSE3): -1,14%

Ibovespa: 1,46% a 110.236 pontos

Em NY:

S&P 500: 2,13%, a 4.210 pontos

Nasdaq: 2,89%, a 12.855 pontos

Dow Jones:1,63%, a 33.309 pontos

Dólar: -0,87%, a R$ 5,0850

Petróleo

Brent: 1,13%, a US$ 97,40

WTI: 1,58%, a US$ 91,93

Minério de ferro: -1,92%, US$ 108,75 no porto de Qingdao (China)

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