Inflação brasileira fecha 2023 em 4,62% e volta à meta após dois anos
Bitcoin sobe 0,64% após a aprovação dos ETFs. Entenda o que isso significa para o mundo cripto – e para os seus investimentos.
Bom dia!
O mercado financeiro costumar celebrar as Super Quartas, quando os bancos centrais do Brasil e dos EUA decidem no mesmo dia o que farão com as taxas de juros do país. Menos balado, mas igualmente simbólico é o alinhamento das divulgações de inflação. Esta quinta, por paralelo, é uma Super Quinta.
Agora às 9h o IBGE divulgou que o IPCA fechou 2023 em 4,62%, pela primeira vez em dois anos dentro da meta do ano. O alvo central era de 3,25%, mas com uma tolerância de até 4,75%. No mês de dezembro, os preços aceleraram a 0,56%, ante os 0,28% em novembro. Foi acima dos 0,49% esperado por economistas.
O ano passado foi marcado por uma desaceleração nos preços dos alimentos, o grupo que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022. Enquanto que, em 2022, alimentos haviam subido 11,64%, em 2023, a alta foi de modestos 1,03%.
Quem deixou o brasileiro mais pobre no ano passado foi o grupo de transportes, com aumentos na gasolina (12,09%) e nas passagens aéreas, com a proibitiva alta de 47,24%. Depois, vieram os planos de saúde, com reajustes de 11,52%. Os detalhes estão aqui no site do IBGE.
Para além da “retrospectiva”, o que vale mesmo é o futuro. E aí a pergunta é uma só: os preços vão continuar nos níveis mais terráqueos? Sim, as passagens aéreas ainda precisam descer da estratosfera se a gente quiser tirar férias em 2024 (risos).
Nos EUA, os preços saem um pouco depois, às 10h30. E a expectativas apontam para uma leve aceleração do CPI, para 3,2%, ante os 3,1% do ano fechado em novembro. Descontando os preços de alimentos e energia, mais voláteis, sobra o chamado núcleo da inflação. Aqui, economistas esperam uma redução dos preços para 3,8%, ante os 4% de novembro.
Se está pouco de CPI para você, leitor, tem ainda pelo menos mais os dados de Argentina e China.
Esse alinhamento das inflações não acontece sempre no mesmo dia da semana. A “super quinta”, porém, carrega a aura cabalísitica de ditar as apostas para as Super Quartas (e outras reuniões) de bancos centrais em 2024.
No Brasil, não havia muita ansiedade com o dado. Investidores entendem que, de maneira geral, o Banco Central já indicou que não vai promover cortes mais acelerados na Selic para além dos 0,50 p.p. que vem dominando as reuniões do Copom. Então o lance é sempre saber se os preços de fato vão se estabilizar ao redor da meta daqui para frente, sem grandes sustos.
Já nos EUA, o dado de hoje é mais importante: os investidores querem saber se podem continuar apostando que o primeiro corte nos juros americanos ocorrerá em março – e disso depende uma inflação mais perto dos 2% ao ano, o alvo do Fed.
Só tem um detalhe: apesar de o CPI ser a inflação oficial, o Fed se baseia em outro indicador, o PCE. Só que essa inflação só é divulgada no fim do mês, com um delay muito grande me comparação com a pressa dos investidores. O CPI é importante, então, não só porque é o dado oficial, mas porque funciona como uma bola de cristal para Wall Street.
De qualquer maneira, o PCE sai dia 26 de janeiro, a tempo da próxima reunião do Fed, no dia 31. Por sinal, dia 31 será mesmo uma Super Quarta, com a primeira reunião do ano do Copom.
Nesta super quinta, os futuros do S&P 500 e do Nasdaq avançam – o que mostra alguma tranquilidade de investidores com a inflação. O EWZ, o ETF de ações brasileira em Nova York, se recupera da queda de ontem, puxado pela subida do petróleo.
Mas, falando em ETF…
ETF de Bitcoin
Depois de mais de 10 anos, SEC (o xerife do mercado americano) aprovou ontem o primeiro lote de ETFs de Bitcoin no mercado à vista. Grosso modo, um ETF que segue o valor da cripto que você enxerga no Google quando digita Bitcoin x Dólar. Nesta manhã, o BTC era negociado a US$ 46.970, alta de 0,64% nas últimas 24h.
Não foi de livre e espontânea vontade. A SEC cedeu a um combo: uma decisão judicial que autorizava a conversão de um fundo passivo em ETF somada a grandes players do mercado, como a BlackRock, que quis entrar nesse mercado.
Os primeiros ETFs devem começar a ser negociados já nesta quinta, sob a batuta da BlackRock e outros gestores gigantes, como a Invesco e Fidelity, além de gestoras menos conhecidas.
O caminho foi tortuoso e teve até invasão de conta no Twitter, como contamos aqui.
Junto com a decisão, a SEC continuou repetindo que o aval não é um endosso às criptos, que continuam sendo ativos de altíssimo risco.
O aval foi comemorado pelos empreendedores do setor, o que tem sua cota de ironia. O Bitcoin surgiu para ser uma moeda antissistema, de quem não acreditava em regulação e governos. A confiança na moeda, conforme pregou Satoshi Nakamoto, se daria pela tecnologia e não porque havia uma instituição chancelando o Bitcoin.
Muita água rolou nessa ponte nos últimos 15 anos. Empreendedores de todos os tipos, inclusive os bem picaretas, passaram a defender a regulação do mercado critpo. E um dos motivos, era, olha só, gerar confiança, e espelhar um pouquinho da reputação do setor financeiro regulado. Quer entender o mecanismo? Essa reportagem aqui pode te ajudar.
A falta de regras para as criptos também barrava a entrada dos players tradicionais no mercado, limitando o crescimento da oferta de produtos. A expectativa é que avais como o da SEC ampliem os dutos entre o sistema financeiro old school e os cryptos.
Não é uma decisão tranquila. Analistas entendem que a quebra da FTX só não causou uma crise financeira porque havia a segregação entre os dois mundos. Agora, os riscos tendem a aumentar.
Uma segunda questão em jogo é bem mais conceitual. Passados 15 anos, o Bitcoin não se mostrou valioso para nada além da especulação. ETFs do tipo colocam mais gente nesse cassino, o que inevitavelmente pode puxar o valor da moeda para cima.
O MB (antigo Mercado Bitcoin), uma das exchanges brasileiras, aposta que o Bitcoin subirá até US$ 200 mil em cinco anos. Quando um ativo sobe apenas porque há mais demanda, não porque ele gerou mais valor, você sabe: trata-se de uma mania especulativa. As Tulipas estão aí para nos contar.
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,09%
Futuros Nasdaq: 0,36%
Futuros Dow Jones: -0,06%
*às 9h15
9h: IBGE divulga inflação de dezembro e resultado final de 2023
10h30: EUA publicam CPI de dezembro/ 2023
10h30: EUA divulgam pedidos de auxílio-desemprego da semana até 06/01
11h: Lula recebe Lewandowski, que deve assumir como ministro da Justiça
16h: Argentina/Indec: inflação de dezembro
22h30: China/NBS: CPI e PPI de dezembro
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,36%
- Londres (FTSE 100): -0,05%
- Frankfurt (Dax): 0,26%
- Paris (CAC): 0,22%
*às 8h39
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,57%
- Hong Kong (Hang Seng): 1,27%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,77%
- Brent*: 1,60%, a US$ 78,03
- Minério de ferro: estável a US$ 137,47 por tonelada, em Dalian
*às 8h36
C&A (CEAB3) decolou 240% em 2023. Há espaço para mais?
Na contramão de suas concorrentes, a varejista de moda teve a terceira maior alta de toda a B3. O impulso vem após um intenso processo de modernização operacional, que trouxe mais vendas e ampliou as margens. Veja o que dizem os analistas neste artigo da VCSA.