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Inflação de abril nos EUA pode decidir fim do ciclo de alta de juros pelo Fed

Se o CPI – o IPCA deles – vier dentro das expectativas contidas do mercado, há uma boa chance de que o banco central americano declare uma trégua na temporada de caça à inflação no próximo encontro do Fomc. 

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
10 Maio 2023, 08h02
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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É a hora da verdade: daqui a pouco, às 9h30, os americanos vão conhecer o CPI de abril – a versão deles do IPCA. Essa não é a leitura de inflação favorita do Fed. Powell e companhia preferem outro índice, o PCE, que só sai no final do mês e apresenta menos distorções. Mas é claro que o CPI, sendo o indicador oficial, é mais do que o suficiente para aplacar a ansiedade de Wall Street em um mês chave, em que está em jogo o fim do ciclo de alta nos juros nos Estados Unidos.

Estima-se que os preços tenham subido 0,1% de março para abril, uma desaceleração considerável em relação ao intervalo de fevereiro para março, quando houve alta de 0,4%. O núcleo (que desconta preços voláteis de energia e alimentação) deve registrar 0,4%, repetindo o desempenho anterior. Nos últimos 12 meses, a leitura deve ficar em 5,5%, só um pontinho percentual abaixo dos 5,6% do mês anterior, e ainda longe da meta de 2% do Fed. 

Se os dados vierem dentro dessas expectativas, o pregão já vai abrir feliz. É que esses números provavelmente são suficientes para evitar que o comitê de política monetária americano aprove mais uma alta de 0,25 ponto percentual na “Selic” deles na próxima reunião, em junho. Os coletinhos de Nova York põem fé nesse desfecho: no momento, a plataforma de monitoramento do CME Group fala em 84,5% de chance de que os juros permaneçam estáveis no encontro junino.

É que, embora a inflação ainda esteja longe da meta, há duas sutilezas para se levar em consideração. A primeira é que a mera manutenção da taxa de juros acima dos 5%, mesmo que não haja mais incrementos, já é um enorme freio de mão puxado para a atividade econômica. A segunda é que altas mais recentes ainda não tiveram tempo de manifestar seus efeitos, já que juros agem com delay: você planta uma alta agora e só colhe as quedas na inflação daqui três ou quatro meses. 

Os futuros de Nova York amanheceram no vermelho. Não refletem só a tensão dos investidores com o CPI, mas também o impasse com o estouro do teto da dívida pública americana, que veio assombrar uma galera já acuada pela crise no setor bancário e outras agruras econômicas.

No Brasil, os dados de produção industrial de março do IBGE, às 9h da manhã, não devem emocionar: espera-se que subam 1%, mas é uma subida do estilo “não fez mais que a obrigação”, após as leituras de 0,2%, -0,3% e -0,1% em fevereiro, janeiro e dezembro. O que o faria limer quer mesmo é acompanhar as entrevistas do Galípolo – que foi indicado para a diretoria de política monetária do Banco Central, um cargo que lhe dá voto no Copom. Vem aí mais uma, na BandNews, às 16h30.

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Nossa leitura de inflação de abril chega na sexta (12), e um mero comentário otimista de Tebet sobre o IPCA foi suficiente para alavancar as ações de varejistas no pregão de ontem: o mercado pensou que ela tinha spoilers fresquinhos dos bastidores do IBGE. Nada disso. A ministra disse que se baseou na leitura do Focus, e que sua fala é só uma previsão mesmo – nada de informação privilegiada. 

Bom pregão a todos! 

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,15%

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Futuros Nasdaq: -0,21%

Futuros Dow: -0,11%

*às 7h40

market facts

Traders robôs com a carteira cheia

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Um relatório do Goldman Sachs apontou que o mercado de ações dos EUA pode ficar mais volátil nos próximos meses, graças ao aumento da participação de quants (investidores quantitativos, que automatizam o processo de compra e venda de ações por meio de modelos matemáticos) em bolsa. 

A volatilidade americana esteve relativamente baixa no último mês, quando uma sequência de resultados fortes de empresas e dados macroeconômicos mostrando uma economia estável acalmaram os ânimos dos investidores. O Índice de Volatilidade Cboe (VIX), que mede a expectativa do mercado em relação às variações de preço no curto prazo, esteve abaixo do nível 20 desde o final de março (ele varia de 0 a 100, e alcançou um pico de 82 no início da pandemia).

Só que a calmaria do mercado levou os quants a comprarem mais ações. Segundo cálculos do Deutsche Bank, a exposição dos robozinhos na bolsa é a maior desde dezembro de 2021. Por isso, o Goldman avisa que os papéis podem sofrer quedas repentinas em breve – quando os fundos resolverem se livrar das ações. 

Agenda

Brasil, 9h: produção industrial de março;
EUA, 9h30: CPI de abril.

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,26%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,18%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,26%

Bolsa de Paris (CAC): -0,21%

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*às 7h43

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -2,80%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,41%

Hong Kong (Hang Seng): -0,53%

Commodities

Brent: -1,12% a US$ 76,57 o barril

*às 7h46

Minério de ferro: 1,17%, a US$ 103,55 a tonelada, na bolsa de Cingapura

*às 7h15

Vale a pena ler:

Golpe retrô despista bancos high tech

Nos EUA, golpistas têm usado a centenária técnica de lavagem de cheques para roubar dinheiro de suas vítimas. Funciona assim: o cliente preenche um cheque e o envia pelo correio para os golpistas, geralmente disfarçados de prestadores de serviço. Os fraudadores, então, apagam os dados originais do papel utilizando produtos químicos domésticos, como acetona. Aí eles reescrevem as informações ali, mudando o valor da transação e o nome do destinatário. Por último, fazem o saque no banco – e deixam poucos rastros em toda a operação. Apesar de arcaico, o golpe tem dado dor de cabeça aos bancos americanos, já que os sistemas digitais de detecção de fraude têm dificuldade em evitar crimes 100% analógicos. O WSJ conta essa história aqui

Paris, a nova casa dos colarinhos brancos

Atrás de Nova York, Londres é a segunda casa do mercado financeiro no mundo, com cerca de 430 mil empregos vinculados ao setor. Por anos, a terra dos Beatles também foi o QG de bancos que operam em toda a Europa. Com as barreiras regulatórias que vieram com o Brexit, isso precisou mudar. Os bancos não saíram de Londres, mas abriram e expandiram suas filiais em outras cidades europeias. Paris tem sido o destino favorito. Ao todo, os maiores bancos de Wall Street (Goldman, JPMorgan, Citi, Morgan Stanley e Bank of America) transferiram 1.600 funcionários para a cidade, e devem  aumentar suas equipes em pelo menos 420 pessoas nos próximos dois anos. Esta reportagem do FT, traduzida pela Folha, explica por que Paris ganhou força como centro financeiro europeu depois do Brexit.

Temporada de balanços

Brasil, após o fechamento: Copel

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