Investidores vislumbram fim da alta de juros nos EUA e Ibov sobe 1,36%
Inflação ao produtor americano de junho vem abaixo do esperado e reforça a aposta em apenas mais um aumento na Selic gringa. Cyrela (CYRE3) salta 8,69%.
Todos os caminhos levam a Roma. E todos os indicadores levam ao fim do ciclo de aperto monetário. Ou, pelo menos, é assim que Wall Street enxerga os dados americanos recém-divulgados.
Hoje, foi a vez da inflação ao produtor americano de junho alegrar o mercado. O índice subiu 0,1% em junho, após uma alta (revisada para baixo) de 0,9% em maio, e levemente abaixo da projeção de 0,2%.
Isoladamente, o dado não costuma emocionar. Hoje ele funcionou como uma indicação de que a tendência de queda da inflação continuará. Afinal, preço mais barato no atacado hoje tende a significar produtos mais baratos nas gôndolas do mercado amanhã.
E investidores já estavam contentes de ver que a inflação ao consumidor seguem caindo. Quando olhamos para o CPI (IPCA dos EUA), divulgado ontem, um cenário favorável à pausa no aumento de juros começa a se formar.
O CPI de junho subiu 0,2%, também 0,1 ponto percentual abaixo do esperado, levando a inflação nos últimos 12 meses para 3%. Uma bela desaceleração em relação aos 4% registrados em maio. Sinal da eficácia dos juros a 5,25% ao ano. O que o PPI indica é que o CPI pode continuar caindo para a meta do Fed, que é de 2%.
Nesse caso, não seria necessário continuar subindo os juros. E é neste cenário que o mercado aposta. O consenso hoje é que a próxima reunião de política monetária do Fed, em 26 de julho, será a última a subir os juros, levando-os a 5,5% ao ano.
Por enquanto, a resiliência do mercado de trabalho é a única pedra no caminho. Também hoje, foi divulgado que os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram 12 mil da semana retrasada para a semana passada, levando o dado para 237 mil, abaixo dos 250 mil esperados. Ou seja, o aperto monetário ainda não teve o efeito desejado pelo Fed no desemprego, o que pode impulsionar a inflação.
“A economia dos EUA ainda demonstra muito impulso e a previsão de duas altas de juros este ano ainda é razoável”, disse Mary Daly, uma das diretoras do Fed, nesta quinta.
A declaração não foi levada muito em conta, e o S&P 500 fechou em alta de 0,85%. A expectativa do fim do aperto monetário também beneficiou as commodities, levando o petróleo e o minério a subirem cerca de 1,60% cada um. Mas não foi só o PPI americano que turbinou a cotação do petróleo. Segundo a Bloomberg, o campo El Feel, na Líbia, interrompeu sua produção de 70 mil barris/dia após a invasão de manifestantes.
Por aqui, PETR4 e VALE3 surfaram a onda, com ganhos de 1,58% e 2,33%, respectivamente. Com os pesos pesados no azul, não deu outra: alta de 1,36% do Ibovespa.
É bom sempre aproveitar enquanto podemos. Amanhã o foco já é outro: balanços do segundo trimestre, com JPMorgan, Citigroup e Wells Fargo inaugurando as divulgações. Como será que os gigantes americanos performaram em meio a juros altos e uma desaceleração econômica? A ver.
Cynderela
A Cyrela (CYRE3) saltou 8,69% e liderou as altas do Ibovespa nesta quinta, após divulgar a sua prévia operacional do segundo trimestre. No período, o VGV (valor geral de vendas de lançamentos somou R$ 3,514 bilhões, 51,1% a mais que no mesmo período de 2022.
Após o dado superar as estimativas de analistas, Santander, Bradesco BBI, XP e Credit Suisse reforçaram suas recomendações de compra para o papel.
Segundo a XP, a construtora teve resultados operacionais sólidos em todas as frentes, com destaque para uma maior participação no segmento de alto padrão.
Até amanhã!
MAIORES ALTAS
Cyrela (CYRE3): 8,69%
Usiminas (USIM5): 4,49%
3R Petroleum (RRRP3) 4,17%
Cosan (CSAN3): 3,50%
CSN (CSNA3): 3,26%
MAIORES BAIXAS
Petz (PETZ3): -5,12%
Gol (GOLL4): -3,21%
Carrefour (CRFB3): -3,14%
Yduqs (YDUQ3): -2,48%
Azul (AZUL4): -2,48%
Ibovespa: 1,36%, aos 119.264 pontos
Em Nova York:
S&P 500: 0,85%, aos 4.510 pontos
Nasdaq: 1,58%, aos 14.139 pontos
Dow Jones: 0,14%, aos 34.395 pontos
Dólar: -0,57%, a R$ 4,7903
Petróleo
Brent: 1,56%, a US$ 81,36
WTI: 1,50%, a US$ 76,89
Minério de ferro: 1,59%, a US$ 115,73 por tonelada, na bolsa de Dalian (China).