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IPCA-15 e gastos do governo emperram recuperação do Ibovespa: quarta semana de queda

Alta na inflação e populismo nas contas públicas não deixaram o índice entrar no embalo eufórico do exterior. Desde a máxima do ano, em março, o Ibov caiu 18,84%.

Por Júlia Moura
24 jun 2022, 18h00
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Enquanto os mercados internacionais tiveram uma semana de recuperação, o risco fiscal segurou a B3. O Ibovespa viveu sua quarta semana seguida de queda, com recuo de 1,15%. Desde a máxima do ano, em março, o índice cai 18,84%.

Nesta sexta, a recuperação da Vale (2,78%) após o tombo da véspera deu fôlego ao índice, que subiu 0,60%, aos 98.672 pontos. Uma alta tímida quando comparada aos ganhos de mais 3% nos EUA.  

Em Nova York, os índices tiveram a melhor semana em um mês. O S&P 500 subiu 6,5% no período, mesmo com um feriado no meio do caminho.

Parte do bom humor de hoje vem da queda na estimativa para a inflação americana de longo prazo apurada pela Universidade de Michigan. Trata-se de uma pesquisa tradicional, que pesquisa as expectativas de inflação dos consumidores. Pode não ser o cúmulo da precisão, mas uma coisa é fato: parte da inflação é causada pela expectativa de inflação. Se ela está em alta, os preços tendem a subir no embalo, mesmo num ambiente de juros em alta. Logo, uma baixa na expectativa é sempre uma boa notícia.   

A expectativa dos próximos cinco anos caiu de 3,3% —um recorde nos últimos 14 anos— no início de junho para 3,1% hoje. Sim, é pouco. Mas o fato é que Jerome Powell citou a alta que vinha rolando nos levantamentos da Universidade de Michigan como justificativa para o aumento-bomba de 0,75 ponto percentual na taxa de juros, dia 15 de junho. Uma baixa numa estimativa que o Fed respeita, então, pode diminuir a pressão por altas mais violentas na “Selic” dos EUA.

Petróleo 

O barril recuperou um pouco do terreno perdido nos últimos dias. Alta de 2,80%, a US$ 109. Bom para PetroRio (5,18%) e 3R (4,24%). 

Mas a Petrobras, para variar, não entrou nesse balão. A estatal sem presidente e cheia de imbróglios fechou em queda de 1,02%.

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Quem quer dinheiro?

Bolsonaro afirmou nesta sexta que o Auxílio Brasil irá de R$ 400 para R$ 600. As peripécias eleitoreiras — que também incluem aumento no vale gás e auxílio de R$ 1 mil por mês para caminhoneiros — devem custar aos cofres públicos pelo menos R$ 35 bilhões (fora do teto de gastos). 

Os planos do governo levaram os juros futuros às alturas.  O DI para janeiro de 2023 subiu a 13,650%, de 13,513% ontem, e o para janeiro de 2025 foi a 12,520%, de 12,224%.

IPCA-15

Não foi só isso. O IPCA-15 acima do esperado em junho (0,69%) também ajudou a colocar as expectativas com as taxas de juros em terreno mais pessimista. Em maio, o mesmo índice tinha fechado em 0,59%, menor patamar desde janeiro. 

Agora, a inflação volta tracionar – o que mela os planos do Banco Central de maneirar nas altas da Selic. Some isso ao aumento dos gastos do governo, que também vão turbinar a inflação, e temos aí um cenário nada animador, que cobra seu preço à vista no mercado de ações.

Bom fim de semana.

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Maiores altas

Gol (GOLL4): 6,71%

PetroRio (PRIO3): 5,18%

CSN (CSNA3): 5,18%

Suzano (SUZB3): 4,87%

Azul (AZUL4): 4,69%

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Maiores baixas

Petz (PETZ3): -5,54%

Soma Educacional (SOMA3): -4,87%

Via (VIIA3): -4,22%

CVC (CVCB3): -4,17%

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Qualicorp (QUAL3): -3,40%

Ibovespa: 0,60%, a 98.672 pontos

Em NY:

S&P 500: 3,07%, a 3.912,15 pontos

Nasdaq: 3,34%, a 11.607,62 pontos

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Dow Jones: 2,69%, a 31.503,71 pontos

Dólar: 0,44%, a R$ 5,2527

Petróleo

Brent: 2,80%, a US$ 109,10

WTI:  3,21%, a US$ 107,6

Minério de ferro: -0,74%, US$ 115,44 no porto de Qingdao (China)

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