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JBS anuncia planos de dupla listagem na B3 e ações saltam 9,05%

Dados de inflação americana mais fracos do que o esperado animam bolsas nos EUA e derrubam o dólar. Por aqui, Ibov fecha em +0,09%.

Por Camila Barros
Atualizado em 13 jul 2023, 14h35 - Publicado em 12 jul 2023, 18h05
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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A JBS, maior empresa de carnes do mundo, anunciou nesta quarta sua terceira tentativa de deixar a B3 e migrar suas ações para os Estados Unidos. A companhia vai propor aos acionistas uma dupla listagem – as ações ficam na Nyse, em Nova York, com a oferta de BDRs aqui no Brasil.  

Quem tem JBSS3 hoje poderá escolher se fica com o BDR ou se migra para Nova York junto com o frigorífico. Para isso, será preciso ter conta em corretora americana. O fato é que, hoje, quem tem papéis da companhia corre apenas o risco do negócio. Agora, haverá na equação a variação do dólar.

A intenção não é nova. A empresa vem buscando tirá-la do papel há sete anos. Por duas vezes, o plano falhou: em 2016, o BNDES (dono de 20,8% do capital do frigorífico) barrou a nova listagem. Já em 2019, as tretas judiciais dos irmãos Wesley e Joesley Batista impediram a operação.

Segundo a JBS, a ideia é que, tendo ações nos Estados Unidos, a empresa consiga captar mais recursos de investidores estrangeiros – gente que não toparia vir até o Brasil para comprar os papéis do frigorífico. Os analistas concordam: segundo um relatório do Goldman Sachs, a medida deve abrir espaço para fusões e aquisições no futuro. Já o Itaú aponta preços mais atraentes para a captação de dívidas. 

Este movimento vem se tornando comum nas bolsas de valores ao redor do mundo: empresas nacionais abrem capital em Wall Street para ganhar mais evidência entre investidores estrangeiros. No Brasil, já rolou, por exemplo, com o Nubank, a XP e a PagSeguro. No total, são 14 brasileiras expatriadas até agora.

Faz sentido, já que Wall Street é o maior mercado de ações do mundo. Ali, há mais visibilidade e liquidez para as ações. Na prática, a JBS está reabrindo o movimento migratório, que ficou paralisado com o ciclo de alta de juros. E deve encolher a B3. Hoje, o frigorífico é a 23ª empresa do Ibovespa em valor de mercado, avaliada em R$ 41,7 bilhões – BDRs não fazem parte do Ibov.

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No caso da JBS, há ainda outro fator que incentiva a listagem em NY: a maior parte de sua produção já acontece nos EUA, e seu peso internacional ofusca a operação brasileira – ela possui escritórios em 24 países e exporta para mais de 190. Dos R$ 92,8 bilhões de faturamento da companhia em 2022, só R$ 25,2 bi vieram do Brasil. 

Analistas da XP avaliam que, desta vez, a operação deve se concretizar – já que o BNDES não possui mais poder de veto na decisão. Por isso, o mercado comemorou a nova tentativa. As ações JBSS3 subiram 9,05%.

Foi o melhor desempenho do Ibovespa neste pregão, que foi de poucas emoções. No fim do dia, o índice fechou estável em +0,09%. Isso apesar do clima de entusiasmo lá fora, com dados de inflação dos EUA (mais sobre isso adiante) e nova onda de estímulos da China

Ontem, o tigrão asiático anunciou que deve manter seu pacote de incentivos ao setor imobiliário até 2024. Ele foi instaurado em novembro do ano passado para tentar reanimar a construção civil no país. O setor corresponde a quase 30% do PIB chinês e tem se afundado em uma crise de dívidas desde 2020. 

Expectativas renovadas em relação à recuperação chinesa fizeram saltar a cotação do minério de ferro – que opera sempre de olho na capacidade de crescimento dos asiáticos. Em Singapura, a commodity metálica fechou em alta de 2,74%, depois de subir outros 2,37% ontem. 

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Pomba da paz

Nos EUA, foi dia de divulgação do CPI, o principal índice de preços do país. Ele veio carregando boas novas: em junho a inflação americana subiu 0,2%. A projeção era de +0,3%. No ano, ficou em 3% – contra expectativas de 3,1%. 

Apesar de a inflação por lá ainda não estar dentro da meta, a desaceleração anima Wall Street. O S&P 500 fechou em alta de 0,75%. A Nasdaq, +1,15%. 

Para a próxima reunião, a alta de 0,25 p.p. já é consenso entre investidores: 94,9% deles apostam que a “Selic” americana terminará a 5,50% na próxima reunião FOMC. 

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Mas, agora, a expectativa é que o Fed seja menos agressivo em seu aperto monetário daqui para frente – e encerre o ciclo de altas por aí. 

Durante a tarde, a divulgação do Livro Bege (um relatório do Fed que descreve a situação econômica do país) colaborou para uma percepção de que a instituição tem adotado uma postura mais dovish. Segundo o documento, as expectativas para a alta de preços nos próximos meses diminuíram ou ficaram estáveis. Mais: o mercado de trabalho, apesar de ainda aquecido, tem mostrado altas mais modestas. 

Com as esperanças sobre queda dos juros renovadas, os títulos públicos americanos mergulharam. O dólar também: o índice DXY, que mede a força da moeda americana em relação a uma cesta de outras moedas fortes, caiu 1,18%. Em relação ao real, a baixa foi de 0,90%. 

Novas pistas sobre a longevidade dos juros altos virão daqui 13 dias, quando os dirigentes do Fed se reunirão novamente. 

Até amanhã!

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MAIORES ALTAS

JBS (JBSS3): 9,05%

B3 (B3SA3): 2,30%

PetroRio (PRIO3): 2,09%

Gerdau (GGBR4): 2,09%

Marfrig (MRFG3): 2,03%

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MAIORES BAIXAS

Pão de Açúcar (PCAR3): -5,82%

Méliuz (CASH3): -4,42%

Azul (AZUL4): -4,28%

Petz (PETZ3): -3,39%

Via (VIIA3): -2,97%

Ibovespa: 0,09%, aos 117.666 pontos

Em Nova York: 

S&P 500: 0,75%, aos 4.472 pontos

Nasdaq: 1,15%, aos 13.918 pontos

Dow Jones: 0,26%, aos 34.349 pontos

Dólar: -0,90%, a R$ 4,81

Petróleo

Brent:  0,89%, a US$ 80,11

WTI: 1,23%, a US$ 75,75

Minério de ferro: 2,74% a US$ 108,90 por tonelada na bolsa de Cingapura

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