Mercado opera de olho nos discursos do Copom e do Fed
BC brasileiro deve sinalizar uma queda da Selic nas próximas reuniões, enquanto dirigentes do Fed discutem novas altas no juro americano.
Bom dia!
Hoje não é bem uma super-quarta, mas está com cara. Apesar do Fed já ter decidido pela estabilidade nos juros na semana passada, alguns membros do Banco Central americano falam em público nesta quarta. Entre eles, o presidente Jerome Powell, que será sabatinado na Câmara e pode dar pistas dos próximos passos do Fed.
Por aqui, o Copom deve seguir o Fed na estabilidade da taxa básica de juros, em 13,75%, mas com um discurso no caminho contrário. É esperado que o BCB sinalize que a Selic vai começar a cair nos próximos meses. Com inflação, câmbio e risco fiscal em queda, um juro tão alto não se faz necessário. A dúvida, por enquanto, é se o primeiro corte de 0,25 ponto percentual vem em agosto ou em setembro.
A preocupação do BC é com a meta inflacionária, de 3,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Nos últimos 12 meses, o IPCA ficou dentro da tolerância, somando 3,94%.
O que se discute é uma mudança na meta ou na forma como ela é apurada. Na semana que vem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) se reúne para tratar do tema. Segundo Fernando Haddad, um aumento da meta está descartado. O que deve mudar é a dissociação do ano-calendário, com a adoção da meta contínua de 3%, o que daria mais flexibilidade ao BC. Dependendo do tom do comunicado de hoje, flexibilidade pode ser necessária.
Bons negócios!
Futuros S&P 500: -0,08%
Futuros Nasdaq: -0,14%
Futuros Dow Jones: -0,08%
*às 8h27
A festa das NTN-Bs
O Copom de hoje pode marcar o começo da despedida da Selic a 13,75% ao ano, algo que os títulos públicos atrelados à inflação celebram há algum tempo, especialmente após a S&P voltar a sorrir para o Brasil. Isso porque a expectativa de uma taxa básica de juros menor impacta toda a cadeia de juros futuros, fechando a curva que se estende para além de 2030.
Essas taxas estão diretamente ligadas ao retorno prefixado das NTN-Bs, aquele percentual fixo que acompanha a variação do IPCA. E, na precificação desses títulos, quanto menor o retorno, mais valioso fica o papel, em uma relação inversamente proporcional.
Veja só: o IPCA+2035 subiu 13,6% nos últimos três meses. No mesmo período, a sua taxa caiu de 6,26% para 5,40%. Ainda no mesmo intervalo, o de vencimento em 2045 ficou 22,6% mais caro em seu valor de mercado, pois o retorno baixou de 6,48% para 5,63%. Quanto mais longo o prazo de vencimento, maior a oscilação.
No caso do Tesouro Renda+ 2065, que vence só em 2084 (entenda aqui direitinho como o Renda+ funciona), a valorização foi de 41,3%, passando a uma rentabilidade contratada de 6,27% para 5,59% nesses três meses.
A depender de quando você comprou esses títulos, a alta pode ser ainda mais expressiva. Vale checar e ponderar se é vantajoso realizar o lucro antes do vencimento do papel. Aqui, explicamos melhor a mágica do Tesouro IPCA+.
9h: CAE do Senado aprecia texto do arcabouço fiscal ;
9h45: Evento da CNI reúne em painel secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, coordenador do GT na Câmara, Reginaldo Lopes, e relator na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (9h45);
11h: Presidente do Fed, Jerome Powell, testemunha na Câmara dos Representantes dos EUA;
11h: Diretores do Fed Philip Jefferson e Lisa Cook testemunham no Comitê de Assuntos Bancários do Senado dos EUA, para confirmação dos cargos indicados pelo presidente Joe Biden;
10h30: Evento da CNI sobre reforma tributária reúne em painel ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e da CNI, Robson Braga de Andrade;
13h25: Presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, responde perguntas em evento do The Wall Street Journal;
12h: Diretora do Fed, Michelle Bowman, e presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, participam do Policy Summit 2023;
17h30: estoques de petróleo nos EUA na semana até 16/06;
18h30: Copom anuncia decisão da Selic.
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,09%
- Londres (FTSE 100): -0,18%
- Frankfurt (Dax): -0,12%
- Paris (CAC): -0,31%
*às 8h14
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,53%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,98%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,56%
- Brent: -0,08%, a US$ 75,82 o barril*
*às 8h30
- Minério de ferro: -0,99%, a US$ 110,94 por tonelada na bolsa de Dalian (China)
Beterraba com arroz? Dá pneu!
E não é só pneuzinho na barriga. As deliciosas fontes de carboidrato podem servir também para confeccionar pneus de automóveis. É o que faz a francesa Michelin para reduzir suas emissões de carbono e bater a meta de ter 100% de sua matéria-prima sustentável ou reciclável até 2050. Nesse processo, a empresa vem substituindo a sílica por um produto obtido da casca do arroz e o petroquímico butadieno por um derivado da beterraba, explica o presidente da Michelin América do Sul, Feliciano Almeida, em entrevista ao Valor Econômico.