Continua após publicidade

Os EUA vão dar calote? Entenda o impasse sobre o teto da dívida americana

Falta de acordo entre democratas e republicanos assombra mercado e derruba o S&P 500 (-1,12%) e o Ibovespa (-0,26)%. Veja o que está em jogo.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 23 Maio 2023, 18h06 - Publicado em 23 Maio 2023, 17h51
--
 (Juliana Briani/Fotos: Getty Images/Você S/A)
Continua após publicidade

Mais um pregão, mais um dia em que o impasse da dívida americana não foi resolvido. O fantasma de um possível calote americano segue assombrando os mercados e derrubando as bolsas – incluindo no Brasil –, enquanto políticos dos EUA não chegam a um acordo definitivo. Mas, afinal, o que está em jogo?

Os EUA não tem um teto de gastos, como o Brasil tem (e que está prestes a ser substituído pelo novo arcabouço fiscal). Por lá, a regra é um teto de dívida, ou seja, um limite, em valores nominais, que o governo pode se endividar. O problema: a regra é, na prática, para inglês ver. O governo segue se endividando o quanto quer, e, quando chega perto do teto, aprova uma lei para aumentá-lo. Isso já aconteceu 78 vezes desde 1960.

Agora, a gestão Biden busca aumentar o teto pela 79ª vez. O limite de US$ 31,4 trilhões foi ultrapassado e a dívida soma US$ 31,788 trilhões. Segundo Janet Yellen, secretária do Tesouro americano, o governo pode ficar sem dinheiro a partir de 1 de junho. A presidência quer, então, uma lei para aumentar o teto (ou mesmo suspendê-lo).

O problema é que a tal lei precisa passar no Congresso, e a Câmara dos Deputados atualmente é controlada pelos republicanos. A oposição usa esses momentos para negociar com o governo por concessões em troca de passar o aumento do limite. Acontece que as negociações entre os dois partidos não estão indo bem – as recentes reuniões entre Biden e os líderes republicanos terminaram sem acordo.

Republicanos, mais conservadores nos gastos, pedem mais austeridade do governo para aprovar a lei, enquanto a gestão democrata resiste a ceder.

E, nesta terça-feira, republicanos adotaram um novo discurso: passaram a questionar a urgência reiterada por Janet Yellen, perguntando se a data limite estabelecida pelo governo realmente é a verdadeira. Segundo a Bloomberg, Steve Scalise, líder da maioria na Câmara, disse hoje a jornalistas: “gostaríamos de ver mais transparência sobre como o Tesouro chegou a essa data”. O fato de que os republicanos começam a duvidar de Yellen – e propor menos pressa nas conversas  – é um mau sinal sobre o avanço das negociações.

Continua após a publicidade

Mas, afinal, se o acordo não rolar a tempo, o que vai acontecer? Bem, os EUA vão entrar em default, ou seja, dar calote na dívida. É algo que nunca aconteceu na história, e causaria um cenário praticamente apocalíptico no mundo. Isso porque a dívida americana é considerada o investimento mais seguro do planeta, e bancos deixam seu dinheiro em títulos da dívida, assim como outros países mantém suas reservas neste investimento. Um calote nessas proporções causaria uma crise sem precedentes.

É exatamente por isso que todo mundo acredita que as chances reais de um calote são virtualmente zero. O mais provável é que os partidos fiquem brigando por concessões até que, perto da data limite, cada um ceda um pouco e entre em acordo para subir a dívida e evitar uma crise mundial (como já aconteceu 78 vezes na história). 

Mesmo assim, só o estresse do processo já causa mau humor nos mercados e derruba as bolsas. E os mais pessimistas, é claro, lembram que “virtualmente zero” não é “exatamente zero”.

Hoje, o JP Morgan contribuiu com uma dose de pessimismo entre investidores. Citando o impasse da dívida, os riscos de recessão nos EUA e os juros em alta com um Fed agressivo, o banco recomenda que seus clientes cortem ações, segurem o dinheiro e comprem ouro – um investimento considerado de proteção.

Fato é que todo esse mau humor levou o S&P 500 a cair 1,12% nesta terça-feira, e a amargura contaminou o Ibovespa, que até passou boa parte do pregão no azul, mas fechou em baixa de 0,26%. E, vale lembrar, essa novela pode estar longe de acabar…

Continua após a publicidade

Até amanhã.

Compartilhe essa matéria via:

Maiores altas

Petrobras PN (PETR4): 2,46%

Banco do Brasil (BBAS3): 2,35%

Petrobras ON (PETR3): 2,08%

Continua após a publicidade

Suzano (SUZB3): 1,51%

Yduqs (YDUQ3): 1,49%

Maiores baixas

Marfrig (MRFG3): -5,18%

CVC Brasil (CVCB3): -5,18%

BRF (BRFS3): -4,91%

Continua após a publicidade

Usiminas (USIM5): -4,46%

Magazine Luiza (MGLU3): -3,68%

Ibovespa: 0,26%, aos 109.928 pontos

Em Nova York

S&P 500: -1,12%, aos 4.145 pontos 

Nasdaq: -1,26%, aos 12.560 pontos

Continua após a publicidade

Dow Jones: -0,69%, aos 33.055 pontos

Dólar: 0,03%, a R$ 4,9722

Petróleo

Brent: 1,12%, a US$ 76,94

WTI: 1,19%, a US$ 72,91

Minério de ferro: -2,95% a US$ 100,26 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.