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Papo sobre meta de inflação no CMN fica para depois e acalma Faria Lima

Enquanto isso, Wall Street aperta os cintos para indicadores de vendas ao varejo e produção industrial. Turismo vem forte no pré-market após balanços satisfatórios; e Nubank vai subindo 7% após bons resultados.

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
Atualizado em 15 fev 2023, 08h33 - Publicado em 15 fev 2023, 08h32
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Dia de panos quentes no Brasil: ontem, após o fim do pregão, Fernando Haddad garantiu que o Conselho Monetário Nacional (CMN) – colegiado composto por ele, Simone Tebet e Roberto Campos Neto – não vai discutir nem mudar a meta de inflação no encontro mensal de fevereiro. Como o prazer de adiar um problema é universal, essa fala pode contribuir com o bom humor dos investidores no começo do dia. Tradicionalmente, o mês de discutir meta de inflação é julho. E já corria o boato, desde segunda, que Haddad deixaria essa conversa difícil para depois da discussão do novo arcabouço fiscal – que será entregue ao Congresso em abril.  

Às 9h, o ministro falará em um evento organizado pelo BTG Pactual. As declarações de Haddad têm sido mais conciliadoras que as de Lula – a ver se o ministro aproveitará a ocasião para fazer agradinhos à Faria Lima e amplificar o efeito calmante do pronunciamento de ontem. Seria uma manobra bem-vinda após a fofoca de que Lula quer a Selic a 12% e um aumento de 1 ponto percentual na meta de inflação em 2023. 

O EWZ, ETF do Ibovespa no exterior, estava em queda de 0,84% às 7h da manhã. Os futuros dos índices de Nova York também abriram o dia no vermelho. 

Os coletinhos de Wall Street acordaram tensos com os indicadores de vendas do varejo e de produção industrial que serão divulgados hoje às 10h30 e 11h15, respectivamente. Ambos são termômetros importantes, que dão um vislumbre de como a economia americana têm reagido às oito altas consecutivas na “Selic” do Tio Sam ao longo dos últimos 12 meses. 

Espera-se que as vendas aumentem 1,9% em janeiro após uma queda de 1,1% em dezembro, e as bolas de cristal dos bancos são quase unânimes em afirmar que as aquisições de automóveis estão por trás dessa recuperação. Se os consumidores se revelarem vorazes demais – e o número vier acima dessa previsão –, Wall Street entenderá que os juros altos não estão surtindo o efeito esperado de drenar dinheiro da praça e esfriar a atividade econômica, pondo rédeas na inflação. E vai ter muito choro para pouca vela. 

Esses dados se tornaram especialmente importantes depois que o CPI – IPCA deles, divulgado ontem – veio inconclusivo. Por um um lado, a inflação americana de janeiro veio exatamente dentro das previsões: alta de 0,5% em relação a dezembro (o que é sinônimo de aceleração, já que na comparação entre novembro e dezembro, esse número havia sido 0,1%). Por outro lado – o lado meio cheio –, trata-se de uma alta de 6,4% nos últimos 12 meses, o que representa uma queda de 0,1 ponto percentual em relação aos 6,5% de dezembro. 

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Isso significa que, sim, as altas nos preços estão desacelerando. Mas, também, que o ritmo da desaceleração está cada vez menor. O bicho é resistente. Para piorar, a economista Lael Brainard, vice-presidente do Fed, deixará seu cargo após uma dança nas cadeiras operada por Biden – o presidente vai colocá-la no Conselho Econômico Nacional. Brainard, tradicionalmente, tem uma postura mais dovish, ou seja: torce o nariz para juros muito restritivos. Com ela fora do comitê de política monetária (o Fomc), as votações passarão a ter um voto a menos no rumo mais light que Wall Street deseja. 

Patrick Harker, que preside a sucursal do Fed na Filadélfia, já afirmou que os Fed boys (o apelido engraçadinho de Harker e dos outros seis dirigentes regionais do Banco Central americano) devem continuar aprovando aumentos de 0,25 ponto percentual na taxa básica ao longo das próximas reuniões do Fomc. O número – que atualmente se encontra no intervalo entre 4,5% e 4,75% – deve acabar estourando os 5% de teto com que Wall Street sonhou. 

Enquanto as fofocas chegam de Washington, a temporada de balanços continua. O Nubank registrou uma receita de US$ 1,45 bilhões no 4T22 – 128% acima do mesmo período de 2021. O lucro ajustado (feito para ficar bem na foto), por sua vez, foi de US$ 113,8 milhões –  3.456% acima dos muy humildes US$ 3,2 milhões no quarto trimestre do ano anterior. Na contabilidade real, o Nubank continua no prejuízo. Mas os investidores gostaram do crescimento da receita e a holding Nu subia 7,4% no pré-market da bolsa de Nova York hoje, às 8 da manhã. 

Nos EUA, ao longo da madrugada, as ações do Airbnb chegaram a registrar uma alta de 11% com uma receita US$ 7 bilhões acima da previsão consensual da Wall Street e lucros de US$ 0,48 por ação, versus uma expectativa bem mais humilde de US$ 0,08. Bom sinal para a recuperação do turismo no pós-pandemia. Os papéis subiam 9,61% no pré-market às 7h22. O Tripadvisor seguiu o mesmo caminho: o lucro por ação veio em US$ 0,16, quatro vezes maior que o consenso dos analistas, e as receitas ficaram em US$ 354 milhões, US$ 10 milhões acima do esperado. 

Pena que é quarta ainda. Nada de usar os serviços de nenhum dos dois sites, infelizmente: ainda há alguns pregões até o final de semana. Bons negócios!

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,32%
Futuros Nasdaq: -0,42%
Futuros Dow: -0,21%

*às 8h19

market facts

Credores da Oi querem anular nova proteção

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O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Bradesco foram à Justiça tentar anular a medida provisória que protege a Oi contra cobranças de credores. As petições da Caixa e do BB, feitas na última sexta-feira, afirmam que a primeira recuperação judicial da Oi ainda não foi finalizada formalmente. É que a Justiça encerrou o processo em dezembro de 2022, mas ele ainda não transitou em julgado – etapa final de um julgamento, quando a decisão se torna irrevogável. Por isso, na interpretação dos bancos, a tele não poderia solicitar um novo socorro judicial.

Já a petição do Bradesco, protocolada na segunda, ataca por outra frente: diz que ainda não se passaram cinco anos desde a última recuperação judicial concedida à Oi. É que a Assembleia Geral de Credores (AGC) aprovou uma alteração no plano de RJ da companhia em 05 de outubro de 2020. Como a lei diz que uma empresa pode solicitar uma nova recuperação só cinco anos depois do início da anterior, o banco argumenta que um novo processo da Oi só seria legal a partir de outubro de 2025. 

Agenda

Brasil, 9h: Haddad fala em evento do BTG Pactual;
EUA, 10h30: indicador de vendas do varejo;
EUA, 11h15: indicador de produção industrial

Temporada de balanços

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Brasil, antes da abertura: Weg
Brasil, após o fechamento: B3, Rumo e Telefônica (Vivo)

EUA, antes da abertura: Heineken, Barclays e Glencore
EUA, após o fechamento: AIG 

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,6%
Bolsa de Londres (FTSE 100):  0%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,34%
Bolsa de Paris (CAC): 1,08%

*às 8h22 

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Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,52%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,27%
Hong Kong (Hang Seng): -1,43%

Commodities

Brent: -1,31% a US$ 84,48 o barril

*às 7h02

Minério de ferro: 2,18%, a US$ 126,46 a tonelada, na bolsa de Dalian

*às 7h

Vale a pena ler:

Ordens do Beto

Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles – estes foram os ingredientes escolhidos para criar a 3G Capital, empresa de investimento privado que é sócia da Americanas desde 1983. Os três sócios super-poderosos eram controladores da varejista até 2021, quando diminuíram participação em um arranjo societário. Dos três, Sicupira é o mais ativo na companhia: além de fazer parte do conselho de administração, ele costumava ter voz direta nas decisões lá dentro. Esta reportagem do Estadão tem entrevistas anônimas com funcionários da Americanas, que relatam que as “ordens do Beto” costumavam definir os rumos da companhia. 

Empire State of Mind, mas só de terça a quinta

Agora, o ritmo frenético das grandes cidades americanas dura só três dias por semana – de terça a quinta. De acordo com um estudo feito pela Universidade de Stanford, praticamente todos os escritórios do país baniram de vez o trabalho presencial na sexta-feira, e parte considerável também abriu mão da segunda. Em Nova York, esses dois diazinhos a menos representam uma economia de US$ 12,4 bilhões por ano para todos os trabalhadores da megalópole somados. É que, no home office, eles não gastam com passagem de ida e volta, Uber, almoço, roupa de trabalho… Aqui, a Bloomberg explica como foi feito o estudo e o que esses dados significam para as cidades americanas.  

 

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