PIB da China no 1º trimestre decepciona o mercado na volta do feriado
Economia asiática ainda não mostra estrago causado pelo surto de covid e lockdowns mais rigorosos no país.
De relance, parece uma notícia positiva. A China cresceu 4,8% no primeiro trimestre, acima das previsões do mercado financeiro, que esperava avanço de 4,6%. Só que, no cômputo geral, a economia chinesa não vai tão bem assim.
Primeiro: o resultado está abaixo da meta de 5,5% de crescimento, que já é a mais baixa em três décadas. Segundo: o PIB de janeiro a março não reflete a hecatombe causada pelo mais duro lockdown imposto pelo governo chinês na região de Xangai. Antes, a China havia paralisado Shenzhen. O grupo financeiro Nomura estimou que 45 cidades chinesas responsáveis por 40% do PIB do país estavam sob lockdown parcial ou total na semana passada – a informação é do Financial Times.
Um sinal duro da restrição apareceu no dado de vendas do varejo de março, que caíram 3,5% enquanto economistas esperavam queda de 2%. As medidas são tão severas que os supermercados estão fechados. Só que esse estrago aí foi causado por 15 dias de bloqueios no mês passado – os lockdowns seguem abril adentro, agora com as primeiras três mortes de pessoas infectadas pela Covid-19 desde o início do atual lockdown de Xangai.
A suspensão de atividades na China turbina o medo já disseminado pelo mundo de inflação ainda mais acelerada e recessão. Nisso, os sinais todos foram para o negativo.
O principal índice chinês caiu 0,53% nesta segunda, enquanto Tóquio 1,08%. E eles vão dando a direção em Nova York também, com Nasdaq caindo -0,54% e seguida pelo S&P 500 (-0,40%). Na Europa, as bolsas estão fechadas.
O minério de ferro cai 2%, enquanto o petróleo recua 0,24%.
Se há alguma esperança, ao menos nos EUA, é a temporada de balanços. O Bank of America divulga hoje seus resultados trimestrais. E nos próximos dias será a vez da IBM, American Express, P&G e Johnson and Johnson. Mas os mais esperados são a Netflix, na terça-feira, e a Tesla, na quarta – as duas oferecem uma visão antecipada de como as empresas de tecnologia se saíram nos últimos três meses, depois de um começo de ano conturbado.
Mas não se empolgue muito. Há ainda a ansiedade pela quarta-feira, quando Federal Reserve divulga o Livro Bege – o relatório que indica as condições econômicas dos distritos do banco central e pode prever os próximos passos do Fed sobre o futuro dos juros nos EUA.
Por aqui, os investidores mal saíram de uma semana mais curta e já vão ter mais uma folga por causa do feriado de Tiradentes, que fecha a B3 na quinta-feira. Ou seja, os próximos dias devem ser de liquidez mais baixa na bolsa brasileira.
Boa semana.
Futuros S&P 500: -0,42%
Futuros Nasdaq: -0,55%
Futuros Dow: -0,23%
*às 7h45
Índice europeu (EuroStoxx 50): Feriado
Bolsa de Londres (FTSE 100): Feriado
Bolsa de Frankfurt (Dax): Feriado
Bolsa de Paris (CAC): Feriado
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,53%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,08%
Hong Kong (Hang Seng): 0,67%
Brent: -0,24%, a US$ 111,43
Minério de ferro: -2,21%, US$ 154,90 em Cingapura
*às 7h30
15h30 Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, participa de um painel do FMI.
Rumo à Nasdaq
O Banco Inter retomou o seu plano de migrar suas ações para os Estados Unidos, isso após o fracasso da empreitada no final do ano passado. Pela nova proposta, o Inter vai transformar cada seis ações (ordinárias ou preferenciais) em um papel de uma empresa criada para essa transição. Esse papel será “resgatável” em dinheiro ou em recibos de BDRs lastreados nas novas ações do Inter nos EUA. Dessa vez, o limite em dinheiro será de R$ 1,13 bilhão, e não os R$ 2 bilhões propostos na operação que fracassou. Se mais gente quiser resgatar, será feito um rateio de parte em dinheiro, parte em BDRs. O Inter também colocou uma vacina na operação: só poderá pedir sua parte em dinheiro quem tinha ações do banco antes da publicação do fato relevante, na sexta-feira.
Protegendo a empresa
Depois de o bilionário Elon Musk dizer que estava disposto a comprar o Twitter por US$ 43 bilhões, a rede social anunciou que um mecanismo societário de defesa contra aquisições hostis – chamada de poison pill (pílula de veneno, em inglês). A empresa determinou que quando um investidor alcançar uma fatia de 15% do capital sem negociar com o conselho da empresa, os outros acionistas vão ganhar direitos de subscrição para comprar novas ações por um preço abaixo da cotação.
A economia do Crocs
As opiniões sobre o calçado Crocs se dividem. Mas o sucesso da marca é inquestionável: no ano passado, a empresa bateu o recorde de US$ 2,3 bilhões de receita – crescendo 67% em relação a 2020. O The Wall Street Journal conta, em vídeo, como a companhia cresceu durante a pandemia. Veja aqui (em inglês).