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PIBão e inflação em queda reforçam ideia de “pouso suave” para economia americana

PIB dos EUA cresceu 5,2% no terceiro trimestre, enquanto a inflação foi revisada para baixo. E o próprio Fed está dando sinais mais dovish. Entenda.

Por Bruno Carbinatto
29 nov 2023, 19h09
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Quando o Fed começou a subir os juros nos EUA para combater a inflação galopante, ainda em 2022, criou-se um futuro incerto para a maior economia do mundo. Juros altos deprimem a economia e podem levar a uma recessão. Por muito tempo, esse o entendimento dominante sobre qual seria o destino inevitável da terra do tio Sam.

Uma outra leitura, porém, pregava o cenário do “pouso suave”: a economia americana seguiria resiliente por todo o ciclo de aperto do banco central, e que a inflação poderia ser combatida sem necessariamente causar um estresse econômico. Essa ideia foi ganhando força nos últimos meses, e agora parece ser a opinião oficial de Wall Street.

É que dados recentes vêm mostrando que, de fato, a inflação caminha aos poucos para níveis normais (considerando a pré-pandemia e a meta de 2% do banco central), e que a economia segue aguentando o tranco do aperto monetário, com um mercado de trabalho forte e consumo sólido das famílias americanas. O Fed, por sua vez, está aos poucos dando sinalizações mais dovish.

Nesta quarta-feira, dois novos números reforçam essa visão: o PIB do país e o PCE (índice de inflação ao consumidor).

A economia americana cresceu 5,2% no trimestre em comparação com o ano passado. O país, vale lembrar, utiliza a métrica na versão anualizada – ou seja, esse seria o crescimento do PIB no ano caso a mesma performance se repetisse todos os trimestres. Foi o maior salto em dois anos.

Essa é a segunda leitura do dado. Há um mês, a primeira leitura indicava um crescimento de 4,9%, e Wall Street esperava uma revisão para 5%. O resultado, então, surpreendeu positivamente. 

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Outro dado que foi revisado foi a inflação. O PCE é um dos dois principais índices de preços ao consumidor nos EUA (o outro é o CPI), e é o preferido do Fed, acompanhado de perto para guiar suas decisões monetárias. Ele ficou em 2,8% no terceiro trimestre, 0,1 ponto percentual abaixo da primeira leitura. Já o núcleo do índice, que exclui os preços de itens voláteis como energia e alimentos, avançou 2,3% – também abaixo do previsto e mostrando uma clara desaceleração na comparação anual, quando o mesmo núcleo ficou em 3,7%.

O combo, então, reforça a ideia de que haverá um pouso suave. É verdade que um PIB maior do que o esperado pode acabar sendo lido como uma notícia ruim aos olhos domercado – se a atividade econômica está muito aquecida, isso pode significar mais inflação, e, consequentemente, juros altos por mais tempo. Mas essa visão não é mais tão forte.

Isso porque o próprio Fed vem dando direcionamentos mais otimistas sobre o cenário em geral. Hoje, mais dois dirigentes do banco central americano tiveram falar desse tipo. Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland, disse que acredita que a atual política monetária está bem posicionada para vencer a inflação. Há alguns meses, ela tinha sido uma das vozes no Fed a sugerir que a taxa de juros deveria seguir subindo, ou seja, houve uma mudança de visão.

Raphael Bostic, que lidera o Fed de Atlanta, disse estar confiante de que a inflação está num caminho firme de queda. Ele foi um dos primeiros fedboys a sugerir que os juros, por lá, já chegaram ao pico.

Wall Street também está confiante que não serão necessárias novas altas nos juros. O passatempo, agora, é tentar adivinhar quando eles começarão a finalmente cair– algo que deve acontecer em 2024, mas não está claro exatamente quando.

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Nas bolsas

E como o mercado reagiu a tudo isso? As bolsas amanheceram no azul, comemorando os dados melhores que o esperado. Mas passaram o dia anêmicas, rondando a estabilidade, e fecharam em leve queda.

Afinal, o otimismo com a economia americana já tinha tido seu impacto nas últimas semanas, então não rolou exatamente uma grande novidade. Os retornos dos Treasuries – que chegaram a assustar bastante em outubro – caíram, por sua vez.

Por aqui, o Ibovespa seguiu seus primos americanos e abriu o dia em alta, chegando a superar os 127 mil pontos. Mas perdeu força e fechou em queda de 0,29%, aos 126.165 pontos.

Entre os destaques do dia, a Vibra (VBBR3) saltou 3,48% após recusar, na véspera, a proposta de fusão feita pela Eneva, que poderia gerar uma gigante do setor energético. ENEV3 ficou estável.

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Até amanhã.

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MAIORES ALTAS 

Marfrig (MRFG3): 4,73%

Lojas Renner (LREN3): 4,14%

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Vibra (VBBR3): 3,48%

Iguatemi (IGTI11): 2,54%

Vamos (VAMO3): 2,41%

MAIORES BAIXAS

Gol (GOLL4): -5,16%

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Hapvida (HAPV3): -5,12%

MRV (MRVE3): -4,64%

Grupo Soma (SOMA3): -4,37%

Raia Drogasil (RADL3): -4,19%

Ibovespa: -0,29%, aos 126.165 pontos

Em Nova York

Dow Jones: 0,04%, aos 35.430 pontos

S&P 500: -0,09%, aos 4.550 pontos

Nasdaq: -0,16%, aos 14.258 pontos

Dólar: 0,32%, a R$ 4,8876

Petróleo 

Brent: 1,73%, a US$ 82,88

WTI: 1,89%, a US$ 77,86

Minério de ferro: -0,47%, cotado a US$ 135,07 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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