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Reação do petróleo (2,4%) garante alta do Ibovespa

Índice sobe 0,86%. Nos EUA, mercado de trabalho forte diminui esperança de cortes nos juros, mas o S&P 500 resiste.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 11 dez 2023, 18h53 - Publicado em 8 dez 2023, 18h43
 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O petróleo tinha engatado seis baixas seguidas, chegando a US$ 74,04 – menor patamar desde junho. Mas hoje quem está comprado em petroleiras (ou mesmo em ETF do Ibovespa, tão dependente da Petrobras) deu um respiro.

O Brent levantou-se no ringue nesta sexta: 2,42%, a US$ 75,84. Isso garantiu altas de mais de 3% para as ações da Petrobras (3,20% com PETR4; 3,41% com PETR3), que respondem por 11% do Ibovespa.

E o índice ganhou uma força. Alta de 0,86%, a 127.093 pontos. Só não foi o bastante para terminar a semana no azul. No cômputo de segunda-feira para cá a queda é de 0,85%.   

A reação do barril também impulsionou as “junior oils”, claro, que ficaram entre as maiores altas do dia – Prio (PRIO3), cravou 5,02%; Petrorecôncavo (RECV3), 3,27% e 3R (RRRP3), 1,67%. 

Mesmo assim, o buraco do petróleo segue fundo. Na semana, depois do corredor polonês de baixas, o Brent acumula uma baixa de 3,85%. E esta foi a sétima semana seguida de quedas. Antes dessa saraivada, o barril estava em US$ 92,16. 

Desde então o tombo é de 18%, na esteira de temores de que uma freada na economia global, causada pelos juros fora da curva planeta afora, dê uma achatada na demanda. 

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A alta de hoje no preço do barril se sustenta em parte pelos números do payroll, que mostraram mais uma vez a resiliência da economia americana. Vamos a ele.    

Payroll forte

Juros altos combatem a inflação com um  efeito colateral: viram o mundo de cabeça para baixo. Abre-se uma realidade invertida, na qual más notícias sobre a economia são motivo para estourar champagne e boas notícias deprimem o mercado.

Esta sexta-feira de payroll nos EUA fez parte deste último time: uma boa nova que se torna mau agouro. 

O payroll é o conjunto mensal de dados sobre o mercado de trabalho americano, produzido pelo ministério do trabalho deles. A boa (mas na verdade má) notícia foi a de que o emprego segue forte por lá. 

Foram criadas 199 mil vagas de trabalho em novembro – ante 150 mil em outubro. O consenso de mercado apurado pela Dow Jones apontava para 190 mil. O da Bloomberg, 185 mil. E o desemprego caiu de 3,9% para 3,7% – em linha com os menores patamares em meio século, que rolaram em 2019, 2000 e, antes disso, só no começo da década de 1970. 

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A questão que dá à luz o mundo invertido é aquela de sempre. Os juros nos EUA estão no maior nível em 22 anos. Desde 2001 não se via uma taxa de 5,5%. 

Juros altos lutam contra a inflação desaquecendo a economia. Como o payroll mostra que a economia americana segue quente, isso é indício de que a taxa básica deles vai ficar nas alturas por mais tempo – com seu efeito deletério sobre as bolsas. Se os  juros estiverem lá em cima, afinal, vale mais deixar o dinheiro rendendo na segurança dos títulos públicos do que correndo os riscos da renda variável.

Mesmo assim, quem também mostrou resiliência foi justamente a renda variável. O S&P 500 começou em alta pela manhã. Logo que o payroll saiu, às 10h30, inverteu-se a curva e os ganhos evaporaram. Mas no fim das contas a esperança venceu o medo, e o índice fechou em alta de 0,41%. 

Colaborou para isso o índice mensal de “sentimento do consumidor”, feito pela Universidade de Michigan. Ele mostrou que os americanos estão confiantes na derrota da inflação. Na média, acham que ela ficará em 3,1% ao longo de 2024 – igual à dos últimos 12 meses e ainda acima da meta do Fed, de 2%. Mas em novembro, o pessimismo era bem maior: acreditavam em 4,5% para o ano que vem. 

Isso é importante porque uma das forças que movem a inflação é a própria crença de que os preços vão subir – se você tem um negócio, tende a remarcar seus preços antes mesmo dos seus fornecedores, só na expectativa de que mais hora menos hora eles vão passar a cobrar mais caro. Quando o sentimento geral é de que haverá menos inflação, então, esse ciclo vicioso se quebra. E os preços tendem mesmo a desacelerar. Aí cresce a pressão para uma baixa nos juros. 

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Treasuries e IPCA+

Por outro lado, o payroll deu, sim, algum baque no mercado. Prova disso é a pesquisa diária da CME, a bolsa mercantil de Chicago. 

Até ontem, 55,4% dos agentes consultados acreditavam que o Fed começaria a cortar os juros (em 0,25 p.p.) já em março. Hoje, depois do payroll, essa porcentagem caiu para 43,8% – nenhuma tragédia, mas um indicativo de cautela. 

O outro indicativo, menos abstrato, veio no rendimento dos treasuries. O de 10 anos, benchmark do mercado, subiu 0,8 p.p., de 4,15% ontem para 4,23% hoje. 

E o que acontece nos EUA não fica nos EUA. Espalha-se pelo mercado global. Por aqui, os juros futuros reagiram às notícias americanas subindo por toda a curva temporal. Como o DI futuro determina o rendimento dos títulos daqui, não deu outra. Os juros reais do IPCA+2035, por exemplo, subiram de 5,58% para 5,64%. 

Sobe o rendimento do título, cai o valor de mercado: quem tinha R$ 100 mil em IPCA+2035 na quinta viu seu saldo cair para R$ 99.420 nesta sexta. É o lado variável da renda fixa. 

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Bom fim de semana 🙂

 

MAIORES ALTAS 

Pão de Açúcar (PCAR3): 6,13%

PetroRio (PRIO3): 5,68%

Arezzo (ARZZ3): 3,63%

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Petrobras (PETR3): 3,41%

Cosan (CSAN3): 3,36%

 

MAIORES BAIXAS

Magalu (MGLU3): -5,75%

Azul (AZUL4): -4,33%

IRB Brasil (IRBR3):-4,04%

Casas Bahia (BHIA3): -3,77%

CVC (CVCB3):-3,74%

 

Ibovespa: 0,86%, aos 127.093 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: 0,41%, aos 4.604 pontos

Nasdaq: 0,45%, aos 14.403 pontos

Dow Jones:  0,36%, aos 36.247 pontos

 

Dólar: 0,42%, a R$ 4,9295

 

Petróleo 

Brent: 2,42%, a US$ 75,84. Na semana, -3,85%

WTI: 2,73%, a US$ 71,23. Na semana, -3,83%

 

Minério de ferro: 2,39%, a US$ 134,89 por tonelada na bolsa de Dalian (China).

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