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Sentimento “super bad” de Elon Musk derruba as bolsas

Elon diz que está pessimista com o futuro da economia e pede corte de 10% no número de funcionários da montadora. Resultado: Nasdaq tomba 2,47%. Ibovespa segue a boiada gringa, e cai 1,15%.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 3 jun 2022, 17h38 - Publicado em 3 jun 2022, 17h36
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Depois de o CEO do JPMorgan alertar que “vem aí um furacão” na economia global, foi a vez de alguém ainda mais influente dar uma mensagem ainda mais funesta: Elon Musk. 

O quaquilionário disse que tem um “super bad feeling” sobre o futuro próximo da economia, e que pretende cortar 10% dos quase 100 mil funcionários que a Tesla emprega planeta afora.

A mensagem não veio pelo Twitter, como de costume, mas num email enviado aos executivos da montadora na quinta-feira, ao qual a Reuters teve acesso. A linha de assunto era “Pausem todas as contratações, no mundo todo”, e no texto, de acordo com a agência de notícias, Musk fala brevemente do “sentimento muito ruim”, ainda que sem elaborar as razões.

Em outro email, enviado nesta sexta, Elon diz que a Tesla vai reduzir em 10% o número de funcionários, por estar “overstaffed” (com gente demais) em “muitas áreas”. Mas complementou deixando claro que não pretende mexer nas “áreas” centrais da companhia: “Notem que isso não se aplica a ninguém que esteja de fato construindo carros, baterias ou instalando painéis solares”, escreveu, referindo-se aos três negócios da Tesla.

Não é trivial o dono de uma companhia em franca expansão mandar uma mensagem assim – mais ainda quando a tal empresa é a montadora mais valiosa do mundo. O mercado, então, respondeu como se esperava: sentou e chorou. As ações da Tesla caíram 9,22%. A Nasdaq, que concentra as empresas de tecnologia, como ela, desabou 2,47%; o S&P 500, maior termômetro do mercado americano, 1,64%.

E o mau humor chegou por aqui na forma de uma queda de 1,15% no Ibovespa, que fecha a semana em baixa de 0,75%, a 111.102 pontos. 

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Medo dos juros

O sentimento é o de sempre: o medo de que a escalada dos juros nos EUA dê início a uma recessão – talvez global. Com juros no alto, afinal, o dinheiro fica mais caro, o crédito seca, as empresas passam a contar com menos capital de giro e demitem. A economia encolhe. Recessão. 

Por outro lado, ou o Fed segue subindo os juros para drenar dinheiro da economia ou a inflação corrói o valor do dólar, o que poderia levar uma espiral destrutiva ainda mais avassaladora. 

O papel do banco central americano é dosar a drenagem de dinheiro, de modo que ela funcione para frear a inflação sem deixar tantos efeitos colaterais. Para tanto, o Fed olha certos dados economia. 

E aí vem uma parte que desafia o senso comum: se o dados vêm bons, o mercado acha ruim, pois o Fed passa a ter mais manga para aumentar os juros. Foi o que aconteceu nesta sexta. 

O ministério do trabalho dos EUA anunciou a criação de 390 mil novas vagas de emprego em maio. Os analistas esperavam menos (318 mil). Isso manteve a taxa de desemprego em confortáveis 3,6% – um dos mais baixos da história. 

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Legal, né? Hum… não. Como a bonança tem o poder de encorajar o Fed a endurecer o aperto monetário, os dados positivos ajudaram as bolsas a cair.  

Drenagem de dinheiro

Vale lembrar que os juros não são a única ferramenta do Fed para drenar dinheiro da economia. Ele também vende títulos públicos e privados (hipotecas, etc.) que tem em seu poder aos bancos, num processo conhecido como “redução de balanço”. Ao investir sua grana nesses títulos (que o Fed vende a preços vantajosos), os bancos passam a contar com menos dinheiro para emprestar no mercado. E temos aí mais um ralo de dinheiro. 

Durante a pandemia fizeram o contrário: compraram títulos que estavam na mão dos bancos, pagando caro por eles, justamente para que as instituições financeiras tivessem mais dinheiro para emprestar ao público. Esse processo afogou a economia em dinheiro novo (o Fed emite moeda para fazer essas compras). E o dinheiro novo criou a maior inflação americana em 40 anos (8,3% para os últimos 12 meses). Agora, o processo é inverso.

A partir de junho o Fed irá vender US$ 30 bilhões em títulos públicos e US$ 17,5 bilhões em títulos privados por mês. De setembro em diante, dobrará o ritmo para US$ 60 bilhões nos públicos e US$ 35 bilhões nos privados. Tudo dinheiro que será tirado de circulação da economia.

Some isso a um petróleo que bateu hoje em US$ 120 no intraday (o aúncio de aumento de produção da Opep veio tímido demais), e temos uma tempestade perfeita – a alta nos juros, afinal, não vai acabar com a grande causa da alta, a guerra na Ucrânia. E o conflito já chega aos 100 dias, sem luz no fim do túnel. Com petróleo caro e menos dinheiro em circulação, a chance de recessão é real. 

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Daí o “bad feeling” – não só de Elon, mas de basicamente de todo mundo.

Bom fim de semana. 

Maiores altas

Natura (NTCO3): 2,75%

Petrobras ON (PETR3): 2,55%

Petrobras PN (PETR4): 1,85%

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Qualicorp (QUAL3): 1,73%

Taesa (TAE11): 1,23%

Maiores baixas

Méliuz (CASH3): -6,74%

Yduqs (YDUQ3): -5,83%

Americanas (AMER3): -5,59%

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Magalu (MGLU3): -5,53%

Sumaérica (SULA11): -4,36%

Ibovespa: -1,15%, a 111.935 pontos 

Em NY:

S&P 500: -1,64%, a 4.108 pontos

Nasdaq: -2,47%, a 12.012 pontos

Dow Jones: -1,05%, a 32.898 pontos

Dólar: – 0,20%, a R$ 4,77

Petróleo

Brent: 1,79%, a US$ 119,72

WTI: 1,71%, a US$ 118,87

Minério de ferro: 1,59%, cotado a US$ 142,60 por tonelada em Cingapura 

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