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Super quarta, super mau humor: futuros amanhecem em queda à espera do Fomc

As altas de 11% no Nasdaq e 6% no S&P 500 em janeiro indicam que o mercado põe fé no fim do ciclo de alta de juros em um futuro próximo. De gelar o sangue, mesmo, são os balanços das big techs – hoje vem o da Meta.

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
Atualizado em 1 fev 2023, 08h39 - Publicado em 1 fev 2023, 08h32
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Esta quarta vai ser longa. Ou melhor: já está longa. Ela começou ainda na segunda, quando os índices de Wall Street abriram a semana em queda com medo da decisão do Fomc. 

A reunião do comitê de política monetária dos Estados Unidos, que acontece ao longo de dois dias, termina hoje. O pessoal do Fed deve anunciar, às 16h, uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros do país, que alcançaria o intervalo entre 4,5% e 4,75%. 

No Brasil, o Copom também está reunido desde ontem (31) para mexer na Selic. Ou melhor, para deixá-la igual: nem os analistas de Plutão, melancolicamente privados de internet, esperam que aconteça algo além da manutenção da taxa nos atuais 13,75%. 

Quando os anúncios e política monetária dos bancos centrais brasileiro e americano coincidem – o que acontece algumas vezes por ano, já que as reuniões no Fed e no Bacen rolam aproximadamente a cada 45 dias –, temos o alinhamento de astros denominado Super Quarta. 

O que interessa não são os números em si – surpresas são raras –, mas as mensagens dos dirigentes. A entrevista coletiva com o presidente do Fed, Jerome Powell, rola às 16h30, meia hora após o anúncio da nova taxa de juros. 

O que o pessoal do mercado financeiro queria ouvir em seus devaneios mais íntimos: “Olha, já subimos essa taxa o suficiente, a economia vai sufocar, é hora de parar o ciclo de alta de juros antes de alcançar os 5%”. 

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Mas o fato é que a economia americana continua aquecida apesar dos juros altos. A inflação está resistente – o CPI caiu 0,1% em dezembro após subir 0,1% em novembro, o que não é muito emocionante. 

Por outro lado, o núcleo do PCE [um outro indicador de inflação do Tio Sam, o favorito de Powell] ficou em ‘só’ 4,4% nos últimos doze meses. Finalmente um sinal mais sólido de cansaço para quem bateu 5,3% em março do ano passado. O núcleo do PCE de dezembro, mais recente, é o menor desde novembro de 2021. (O “núcleo” é uma parte do índice que exclui preços de combustíveis e alimentos. Eles são considerados voláteis e, portanto, capazes de distorcer o indicador para cima ou para baixo.)

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Os dados do mercado de trabalho dão sinais promissores, mas ainda há uma quantidade razoável de novas vagas sendo geradas – e a taxa de desemprego permanece em platônicos 3,5%. 

Powell já afirmou antes que o Fed reduziu altas de 0,75 p.p. para 0,5 p.p. porque o efeito disso se manifesta com algum delay e eles precisam saber até que ponto o remédio funcionou antes de aumentar a dose. Isso não significa, necessariamente, que já é hora de parar o remédio. E a taxa deve se manter alta por um tempo razoável para garantir que a inflação encolha até a meta.

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O mercado, lá no fundo, sabe que o ciclo de alta está próximo do fim, e a prova é que o S&P 500 ganhou mais de 6% em janeiro – e o índice Nasdaq fechou o mês em alta de 11% (o melhor janeiro desde 2001, mesmo pondo na conta a agonia dos investidores com a saúde das big techs, com suas demissões em massa). 

Esses são sintomas de que, apesar do mau-humor localizado às vésperas do anúncio, os faria limers do mundo acreditam que o ciclo de alta está próximo do fim. 

Falando em big techs, hoje é dia do filho chorar e a mãe não ver no Vale do Silício: o balanço da Meta sai às 19h, após o fim do pregão, e servirá de aperitivo para os relatórios de Apple, Amazon e Alphabet (Google) marcados para o dia seguinte. O Titanic metavérsico de Zuckerberg fechou o pregão de ontem em alta de 1,3%, mas amanheceu caindo 1,52% no pré-mercado. Os analistas esperam um lucro de US$ 2,12 por ação para o último trimestre de 2022 – uma queda de 42% em relação ao mesmo período do ano anterior. As receitas devem cair 7%. 

O Brasil, vale dizer, ainda existe (rs). Mas o foco das discussões em Brasília, desta vez, não faz grandes preços: Arthur Lira deve se manter na presidência da Câmara, enquanto o Senado é palco de uma disputa um pouco mais acirrada, já que Rogério Marinho, do PL, reúne bolsonaristas e opositores de Lula e pode frustrar a tentativa de reeleição de Pacheco. 

Até mais tarde, quando voltamos com o fechamento de mercado – e a decisão do Fed. 

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,40%
Futuros Nasdaq: -0,32%
Futuros Dow: -0,44%

*às 8h06

market facts

Americanas começa cortes por terceirizados

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De acordo com a Folha, a Americanas começou a reduzir seu número de funcionários nesta terça-feira – seu décimo segundo dia em recuperação judicial. Em nota, a varejista negou que tenha feito demissões e afirmou que “a companhia apenas interrompeu alguns contratos de empresas fornecedoras de serviços terceirizados”. De fato: os primeiros cortes, feitos em lojas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, atingiram apenas funcionários indiretos da companhia. Mas, ainda de acordo com o jornal, as demissões serão estendidas aos trabalhadores CLT e devem chegar a São Paulo (que tem a maior concentração de lojas e centros de distribuição da varejista) em breve. Hoje, a empresa tem 45 mil funcionários e 1.800 pontos de vendas distribuídos pelo país. 

As ações AMER3 (que não integram mais o Ibovespa desde o dia 20) fecharam em alta de 20,68% no último pregão. Não se trata de um milagre de recuperação repentina – é só que, agora que o preço dos papéis beira a casa dos R$ 2, pequenas oscilações criam grandes variações percentuais. Em termos absolutos fica menos impressionante: o valor foi de R$ 1,45 na segunda para R$ 1,75 ontem.

Agenda

EUA, 12h: relatório de emprego Jolts (considerado termômetro do Payroll, na sexta);
EUA, 16h: decisão do Fomc;
EUA, 16h30: pronunciamento de Jerome Powell;
Brasil, 18h30: decisão do Copom;

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,06%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,03%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,10%

Bolsa de Paris (CAC): -0,11%

*às 8h17

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,94%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,15%

Hong Kong (Hang Seng): 1,05%

Commodities
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Brent: -0,26% a US$ 85,24 o barril

*às 8h19

Minério de ferro: -0,69%, a US$ 128,56 a tonelada, na bolsa de Dalian

Vale a pena ler:

Na África, FTX prometeu estabilidade 

A FTX mantinha uma estratégia agressiva de expansão no continente africano: pagava embaixadores (pessoas encarregadas de espalhar a palavra da blockchain em seus círculos sociais) e promovia eventos periódicos com “especialistas” auto-intitulados em criptomoeda. Lá, a narrativa era de que as criptos – em especial as stable coins, que costumam acompanhar a cotação do dólar americano – poderiam servir de escudo contra a inflação e a desvalorização das moedas locais. 

Prometeu estabilidade, entregou queda de 86,56% na cotação da FTT, um dos tokens administrados pela corretora. Desde a explosão da crise da FTX, em novembro, quem apostou tudo na ideia permanece desamparado. O Wall Street Journal conta essa história aqui

A geopolítica do TikTok

O TikTok viveu numa corda bamba durante o governo Trump nos Estados Unidos. É que o ex-presidente ecoava um discurso muito comum entre políticos norte-americanos: o de que a ByteDance, controladora do app das dancinhas, é um instrumento do Partido Comunista Chinês para vigiar os americanos e propagar conteúdo pró-China. Durante a era Biden, a tensão deu uma esfriada. Até agora. 

Recentemente, jornalistas da Forbes que fazem conteúdos críticos à ByteDance descobriram que estavam sendo espionados por funcionários chineses da empresa. O caso reacendeu o alarde dos órgãos reguladores dos EUA e da Europa (que tomou as dores do aliado para si). Nesta reportagem, o Núcleo Jornalismo conta o que pode estar por vir. 

Temporada de balanços

EUA, após o fim do pregão: Meta 

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