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Vale, Petrobras e bancos ajudam Ibovespa a dar a volta por cima: +1,51%

Nos EUA, S&P Global rebaixa nota de bancos de médio porte e ajuda a deixar S&P500 no vermelho: -0,28%. Por aqui, ações BEEF3 decolam 5,96%.

Por Camila Barros
22 ago 2023, 18h02
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Depois de começar a semana com mais um dia de baixa – que contabilizou a 14ª queda em agosto e perda total de 6,16% no mês – o Ibovespa deu a volta por cima nesta terça-feira. Fechou numa alta de respeito: +1,51%. 

Foi com patrocínio das mineradoras, que surfaram na disparada do minério de ferro. A commodity fechou em alta de 4,47% – seu sexto dia consecutivo de valorização na bolsa de Dalian, depois de ceder 12% nas primeiras semanas de agosto. 

Em um relatório divulgado hoje cedo pela World Steel Association, outra boa notícia para o setor: a produção de aço (cuja matéria-prima é o minério de ferro) se mantém em ritmo acelerado na China. Em julho, a atividade siderúrgica do país cresceu 11,5% em relação ao ano anterior, alcançando 90,8 milhões de toneladas. Em 2023, a alta é de 2,5%. 

Dados fortes de fabricação do material indicam que, apesar das preocupações com a desaceleração da economia chinesa, a demanda para o minério de ferro continua forte. E a Vale comemorou com alegria o suficiente para ajudar a tirar o Ibovespa do buraco: alta de 2,25%. 

A Petrobras, segunda companhia com mais peso no Ibov, também disparou: PETR4 fechou em alta de 1,32%, e PETR3 a 1,33%. Isso apesar do petróleo lá fora, que recuou 0,50% na sessão de hoje. 

Outro setor com papéis influentes no índice, o time dos bancos também subiu em uníssono. O Banco do Brasil (BBAS3) saltou 2,48%. O Itaú (ITUB4), 1,56% e o Santander (SANB11), 1,25%. Até o Bradesco (BBDC4), que teve sua saúde financeira questionada por um relatório do Itaú BBA mais cedo, conseguiu fugir da queda e subiu (mais tímidos) 0,66%.

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No relatório, o BBA aconselha cautela com as ações do Bradesco devido a incertezas na operação de seguros – que correspondem a quase 30% do faturamento do banco. É que a maior fatia do negócio é em seguros de vida e previdência. E os analistas do BBA enxergam um crescimento modesto para essas categorias –  a melhor perspectiva para eles está nos seguros de saúde. 

Os analistas mantiveram a classificação underperform (que equivale a venda) e o preço alvo de R$ 15 – no fechamento, a cotação era de R$ 15,18.

Mais rebaixamentos nos EUA

Se por aqui os bancos tiveram um dia de bonança, não dá pra dizer o mesmo de seus pares americanos. Nos EUA, as ações dos grandes bancos puxaram a queda de 0,23% do S&P 500. O Bank of America despencou 2,44%, e o JP Morgan, 2,07%.

Ontem à noite, a agência de classificação de risco S&P Global rebaixou a recomendação de cinco bancos de médio porte nos EUA, alegando que o cenário de tomada de empréstimos está mais complicado – já que o Fed continua segurando os juros lá em cima em sua cruzada de combate à inflação

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A preocupação é com a liquidez: quando os juros estavam em baixa, os bancos fecharam negócios de crédito que pagavam juros menores – entre 2,5% e 4,5%. Eles, agora, recebem a receita desses empréstimos. Enquanto isso, para captar dinheiro novo, se submetem a taxas de juros maiores, já que a “Selic” americana agora se encontra no patamar de 5,5%. 

Para se cobrir o buraco, os bancos precisam vender títulos públicos que compraram no passado. Como o mercado de títulos nos EUA consiste basicamente de títulos prefixados, complica. O preço deles cai quando os juros sobem. E quem precisa vender o faz no prejuízo. Daí o problema de liquidez. Começa a faltar dinheiro.  

A liquidez dos bancos passou a chamar a atenção do mercado depois da crise bancária do início do ano, quando três instituições financeiras de médio porte quebraram em sequência e despertaram o medo de uma instabilidade sistêmica. 

A decisão da S&P ocorre duas semanas depois de um rebaixamento semelhante promovido pela Moody’s, outra agência de rating. Na ocasião, a companhia reduziu a nota de crédito de 10 bancos americanos.

Na semana passada, um analista da Fitch (que fecha a tríade de principais agências de classificação), disse que a companhia tem no radar vários bancos dos EUA, incluindo gigantes como o JPMorgan. Segundo ele, essas instituições poderiam ser rebaixadas caso o “ambiente operacional” do setor piorasse.

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A saga do arcabouço

Outro fator que ajudou o Ibovespa a se descolar da queda em NY foi o desenrolar do arcabouço fiscal em Brasília. Segundo o relator do processo, deputado Claudio Cajado, do PP, o tema será votado hoje à noite no plenário da Câmara. 

A primeira versão do texto foi aprovada na Câmara em maio, e estava tramitando no Senado. Agora, ela volta para os deputados com duas novas despesas extra-teto: o Fundeb, para o financiamento da educação básica no país, e o Fundo Constitucional do Distrito Federal, que custeia gastos com saúde, educação e polícias no DF.

Na semana passada, um desentendimento entre Lira e Haddad criou temores de que a votação de temas econômicos (entre eles a nova regra fiscal) ficassem empacadas no Congresso. O destravamento, então, traz algum alívio. 

BEEF3: 5,96%

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Num dia fraco para os frigoríficos, a Minerva se descolou dos seus pares e se consolidou como a quarta maior alta do Ibovespa no dia, com valorização de 5,96%. Enquanto isso, as ações da JBS (JBSS3) caíram 0,86%; na Marfrig (MRFG3), -1,83%. 

Pela manhã, um relatório da XP reforçou a recomendação de compra das ações BEEF3, dizendo enxergá-la como a melhor escolha no setor. 

É que o preço do gado no Brasil está em queda – o que é bom para a companhia, que compra sua “matéria-prima” por aqui (JBS e Marfrig ficam expostos aos preços do gado nos EUA, onde ambas operam com força, e por lá o do boi gordo segue numa alta histórica). A redução do preço no Brasil fez o consumo de carne aumentar no mercado interno – o que, segundo os analistas, compensa o menor volume esperado para as exportações.

Ou seja: nesta terça de Ibovespa positivo e S&P 500 negativo, até o mercado interno de carne mostrou seus músculos. A ver se a bonança brasileira terá força para apagar as perdas de agosto.  

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MAIORES ALTAS

IRB (IRBR3): 9,14%

Vibra (VBBR3): 7,61%

Eztec (EZTC3): 6,99%

Minerva (BEEF3): 5,96%

Arezzo (ARZZ3): 6,09%

MAIORES BAIXAS

Petz (PETZ3): -1,47%

Marfrig (MRFG3): -1,83%

Carrefour (CRFB3): -0,97%

JBS (JBSS3): -0,86%

Via (VIIA3): -0,60%

Ibovespa: 1,51%, aos 116.156 pontos

Nova York:

Dow Jones:  -0,51%, aos 34.289 pontos

S&P 500: -0,28%, aos 4.387 pontos     

Nasdaq: 0,06%, aos 13.505 pontos

Dólar: -0,76%, a R$ 4,94

Petróleo

Brent:  0,50%, a US$ 84,03

WTI:  -0,59%, a US$ 79,64

Minério de ferro: 4,47% a US$ 110,44 por tonelada

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