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Vale tomba, frigoríficos bombam, e queda do Ibovespa fica em 0,20%

Corte menor do que o esperado nos juros chineses derruba a mineradora. EMBR3 cai 4,65% apesar de anúncios positivos.  

Por Alexandre Versignassi
20 jun 2023, 18h03
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 (Caroline Aranha/Fotos: Rawpixel e Getty Images/VOCÊ S/A)
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“Nem aqui, nem na China”. A frase vale não vale só para negações. Juros são a grande preocupação por aqui – e na China também. Ontem à noite, bem depois do fechamento de mercado, o BC chinês anunciou mais cortes de juros. Desta vez, nas taxas mais importantes do país.

Não foi na Selic deles (a de empréstimos com prazo de um dia, chamada Shibor – de Shangai Interbank Offered Rate). Essa segue baixinha, em 1,9% anuais. A diferença é que a Shibor não é a grande referência do mercado, como a Selic é por aqui e a taxa do Fed é nos EUA. 

O que mais baliza os juros de mercado por lá são as taxas que o BC chinês cobra nos empréstimos de prazo mais longo. Existem dois tipos de taxa longa lá. A “de política monetária” (MLF), que são os empréstimos do BC para os bancos comerciais. E as “de mercado” (LPR), que os bancos comerciais cobram na praça (financiamentos imobiliários, por exemplo) – também determinada pelo Banco Central.

A MLF já tinha caído na semana passada. Agora foi a vez da LPR: queda de 3,65% para 3,55% nos financiamentos de um ano e de 4,30% para 4,20% nos de 5 anos. Só que o mercado achou pouco. 

E como a China é o maior parceiro comercial de praticamente todos os países do mundo (incluindo EUA, União Europeia e, obviamente, Brasil), as bolsas choraram. Nova York voltou do feriado americano de ontem com o S&P 500 em queda de 0,47%. E o Ibovespa acompanhou: -0,20%. 

A Vale, empresa da bolsa mais afetada pelos humores chineses, acabou entre as maiores baixas: -2,58%, a R$ 67,61 – a pior cotação do ano, ao final de maio, é de R$ 63,81. A melhor, de janeiro, R$ 98,00.

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Na outra ponta, a das altas, destaque para os frigoríficos. 

JBSS3: dividendo de R$ 1 por ação

Ontem à noite, a JBS aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 1 por ação. É bastante. Dava 5,38% sobre o preço de fechamento da segunda-feira (R$ 18,57). O bolo todo dá R$ 2,218 bilhão – o mesmo tanto que a empresa distribuiu em maio e em novembro do ano passado, referentes a 2022, e que, claro, também foi de R$ 1 por papel a cada rodada.  

Como a expectativa agora é que o pagamento de 2023 seja igual al de 2022 (R$ 2 por ação no total), o preço subiu: 4,15%, a R$ 19,34. Ou seja, se rolar R$ 2 por ação no ano, quem comprou hoje ainda sai com um yield um pouco acima de 10%.

Têm direito a este dividendo de agora quem possuir JBSS3 na carteira ao final do pregão do dia 22. A grana cai dia 29. 

E a fartura de proventos da empresa dos Batista puxou os papéis de outros frigoríficos nesta terça: 4,86% para a BRF (BRFS3) e 3,48% para a Marfrig (MFRG3). Só Minerva (BEEF3) não acompanhou: 1,67%.

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Agora, de volta à zona de baixas, com a história do pouso forçado da Embraer.

EMBR3: -4,65%       

A Embraer soltou anúncios positivos hoje, durante o Paris Air Show – feira bienal de aviação na cidade onde Santos-Dumont exibiu o 14-Bis. 

Uma foi a encomenda de 16 aviões E-195 E2, seu topo de linha (146 passageiros), para duas cias aéreas – a Binter, das Ilhas Canárias, com seis, e a canadense Porter, com 10 – via Avolon, cia de arrendamento cliente da Embraer. 

Outra foi a assinatura de duas “cartas de intenção” para a venda de Evtols (via Eve Air Mobility, sua subsidiária americana voltada a veículos elétricos de pouso e decolagem vertical): 30 para a irlandesa Nordic Aviation Capital e 70 para a Voar, uma cia brasileira de fretamento de aeronaves. 

Não se trata de “pedidos firmes” – o jargão aviônico para vendas de papel passado. São só acordos para possíveis negócios no futuro, até porque o Evtol da Eve/Embraer ainda não existe – a expectativa é que o primeiro voo de teste de um protótipo em escala real aconteça em 2024. Até maio, havia cartas de intenção para a venda de 2.700 Evtols. 

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Boas novas à parte, porém, a ação caiu feio, 4,65%. Por conta de um relatório que o Citi soltou nesta manhã, dizendo que o volume de pedidos firmes da Embraer no Paris Air Show está menor que o dos concorrentes de grande porte, e mais baixo que os dos tempos áureos, quando a primeira geração dos E-Jets vendia como pão quente. 

Bom, surpresa mesmo seria o contrário. Essa geração (E1) foi um sucesso estrondoso. E a E2, lançada no já longínquo 2016, simplesmente não acompanha. Dos 1.728 E-Jets entregues até maio, 1.659 eram E1. Só 69 fazem parte da família E2, em grande parte por conta da concorrência com o Airbus A-220.  

Fato é que o valor de mercado atual da Embraer está fortemente ligado às perspectivas para a Eve. Mas o produto que ela pretende vender é algo que ainda não faz parte da realidade – tal qual a queda da Selic 😉

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MAIORES ALTAS

BRF (BRFS3): 4,86%

Raízen (RAIZ4): 4,53%

Energisa (ENGI11): 4,28%

JBS (JBSS3): 4,03%

Renner (LREN3): 3,85%

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MAIORES BAIXAS

Embraer (EMBR3): -4,65%

Braskem (BRKM5): -2,91%

Vale (VALE3): -2,58%

CSN (CSNA3): -2,24%

Weg (WEGE3): -1,91%

 

Ibovespa: 0,20%, a 119.622 pontos

 

Em Nova York: 

S&P 500: -0,47%, a 4.388 pontos

Nasdaq: -0,16%, a 13.667 pontos

Dow Jones: -0,72%, a 34.053 pontos

Dólar: 0,43%, a R$ 4,79

 

Petróleo

Brent: -0,25%, a US$ 75,90 por barril

WTI:  -1,03%, a US$ 71,19 por barril

Minério de ferro: -0,92% a US$ 112,39 por tonelada na bolsa de Dalian, na China.

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