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VALE3 cai 1,71% com pancada de Xi Jinping no mercado de minério

Mega estatal chinesa fará compras em nome das 20 maiores siderúrgicas de lá, ganhando um inédito poder de barganha. Ibovespa cai 0,85%, empurrado também pelo mau-humor nova iorquino. Na semana, -4,34%.  

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 16 dez 2022, 18h49 - Publicado em 16 dez 2022, 18h39
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Xi Jinping sempre deixou claro que queria evitar bolhas no preço do minério de ferro – matéria-prima que seu país importa vorazmente (1 bilhão de toneladas por ano, a mais de US$ 100/ton a preços correntes). E agora esse objetivo está mais próximo.

A China criou neste ano uma mega estatal voltada a concentrar boa parte das compras de minério de ferro. É o Grupo de Recursos Minerais da China (CMRG, na sigla em inglês). De acordo com o site Mining.com, ela será maior do que a encomenda. Irá representar sozinha as 20 maiores siderúrgicas da China.

Como comprador de volumes mastodônticos, o CRMG terá um poder de barganha nunca antes visto, o que vai pressionar para baixo o preço do minério. Péssima notícia para o Brasil. E que colaborou para a queda de 1,71% da Vale, e de 0,85% no Ibovespa. Na semana, marcada pela nomeação de Aloizio Mercadante para o BNDES, grossos 4,34%.

Mas não foi só isso, claro. NY sucumbiu de novo ao fantasma dos juros altos a perder de vista, que tornam cada vez mais provável um cenário de recessão global para 2023. 

Historicamente, os EUA passam 11 meses sob um patamar elevado de juros até que o Fed comece os cortes. 

Diante desse fato, a  diretora do Fed Mary Daly comentou: “Acho que 11 meses é um bom ponto de partida. Mas estou preparada para mais do que isso se for preciso”. O mercado, então, sentou na escada e ficou olhando para a parede. Tombo de 1,12% no S&P 500. Na semana, -2,08%.

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IPCA+Mercadante

Por aqui, o mercado de juros é que respondeu com mais força ao efeito Aloizio. E segue respondendo. O IPCA+ 2026 chegou nesta sexta a 6,53% – maior taxa de sua história. O 2035 tinha chegado a 6,37% no dia da nomeação. Aí ensaiou um recuo para a casa dos 6,20%, mas voltou a subir, marcando 6,33%.

Rentistas do mundo, uni-vos.     

O curioso caso da Marfrig 

Ontem a Marfrig visitou um território por onde não andava havia tempos: o ranking de maiores altas do Ibovespa. Motivo: o frigorífico de Marcos Molina anunciou o pagamento de dividendos rechonchudos: R$ 0,909518 por ação. R$ 0,91, basicamente.  

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Rechonchudos porque, um dia antes, os papéis tinham fechado a R$ 7,16. Para quem comprou nesse dia, os R$ 0,91 sozinhos representam um dividend yield (DY) de 12,7%. 

A empresa já tinha pagado R$ 0,75 em dividendos neste ano. Só que aí o yield foi menor. No dia 11 de agosto, véspera do anúncio desse provento, o papel valia 14,30. Ou seja, um ganho de 5,2% para quem comprou imediatamente antes de o anúncio dos dividendos colocar o preço para cima – chegaria a R$ 15,51 no dia 19/08, o último dia em que a compra do papel dava o direito a receber esse provento (a essa altura com um DY mais mirrado, claro, de 4,8%). 

Bom, ontem a Marfrig subiu 4,95% (maior alta da quinta) na esteira dos novos dividendos. Hoje, mais 1,57%. As ações fecharam esta sexta em R$ 7,76. E o yield segue atraente: 11,7%. A data final para comprar com direito ao provento é a segunda agora, dia 19. A partir do 20 ela passa a ser negociada ex-dividendos. 

O caso da Marfrig é bem particular. O papel tombou mais de 70% desde o pico (de R$ 27,70, em outubro de 2021). O tal pico veio após dois balanços maravilhosos: 1,7 bilhão de lucro no 2T21 e 1,6 bilhão no 3T21 (neste último caso, 148% acima do mesmo período do ano anterior, que já tinha sido bom). 

Na época, a Marfrig surfou na onda da matéria prima barata nos EUA, seu maior mercado. A pandemia diminuiu a demanda dos frigoríficos americanos. Começou a sobrar boi gordo, e os preços foram ao chão. Comprando barato e vendendo caro (a carne vermelha para o consumidor subiu 20% nos EUA ao longo de 2021) a companhia passou exibir lucros de arregalar os olhos. 

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De lá para cá, porém, a realidade mudou. Passou a faltar boi. O preço do gado subiu 50%, e segue em ascensão. Aí os lucros diminuíram: R$ 109 milhões no 1T22 e R$ 431 milhões no 1T21. 

Mas ei: cadê o 2T22? Então. O lucro reportado ali foi uma brutalidade: R$ 4,2 bilhões. Mas tinha um detalhe. O grosso desse bolo (R$ 3,8 bilhões) veio de uma inclusão contábil: Alocação do Preço de Compra (PPA na sigla em inglês) relativa à compra de 33% da BRF. É que, quando uma empresa compra parte de outra, o valor desses novos ativos entra em seu balanço patrimonial (quem faz o cálculo é sempre uma consultoria independente). E a entrada rolou no balanço do segundo trimestre deste ano. 

Fora esses R$ 3,8 bilhões, então, o lucro da empresa foi de mais mundanos R$ 400 milhões no 2T22. Com o que conta para o cálculo de P/L é o lucro contábil todo, com os R$ 3,8 bi no bolo, a ação é hoje uma das mais baratas do mundo, co  P/L abaixo de 1. Deixando de fora o lançamento contábil do PPA, esse P/L estaria em 3 – ainda baixíssimo. Ou seja: o mercado teme que as margens da empresa sigam pressionadas pela alta do boi gordo nos EUA. Mas, claro, só o futuro dirá se esse desconto está exagerado ou não. 

Vale o mesmo para todo o mercado de ações. No mundo inteiro. 

E é isso. Que você tenha um fim de semana sem recessão. 

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Maiores altas

Dexco (DXCO3): 3,44%

Cemig (CMIG4): 3,10%

Energisa (ENGI11): 1,90%

Marfrig (MRFG3): 1,57%

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Banco do Brasil (BBAS3): 1,47% 

Maiores baixas

Magalu (MGLU3): -9,23%

Americanas (AMER3): -7,89%

CVC (CVCB3): -7,58%

Pão de Açúcar (PCAR3): -6,04% 

Gol (GOLL4): -5,40%

Ibovespa: -0,85%, aos 102.855 pontos. 

 

Em NY:

S&P 500: -1,12%, aos 3.852 pontos

Nasdaq:  -0,97%, aos 10.705 pontos

Dow Jones: -0,85%, aos 32.920 pontos

 

Dólar: 0,41%, a R$ 5,29; na semana, 0,92%

 

Petróleo

Brent: -2,67%, a US$ 79,04; na semana, alta de 3,9% 

WTI: -2,22%, a US$ 74,46; na semana, alta de 4,8%

 

Minério de ferro: 0,49%, a US$ 117,70 a tonelada na bolsa de Dalian

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