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Wall Street tem dia bipolar, mas Ibovespa não acompanha virada e cai 0,46%

Bolsas americanas fecharam em forte alta, mesmo com inflação acima do esperado, num pregão super instável: a diferença entre a mínima e a máxima foi de 5%, a maior desde março de 2020.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 13 out 2022, 18h32 - Publicado em 13 out 2022, 18h15
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Se fosse astrologia, o motivo para a indecisão de Wall Street nesta quinta-feira (13) seria o Sol que está em Libra (um signo, supostamente, indeciso).

Não é astrologia, mas as explicações do porquê as bolsas americanas subiram mais de 2% hoje são tão abstratas e imprecisas quanto as da pseudociência. Afinal, foi um pregão altamente bipolar: elas abriram em forte queda de manhã, mas investidores mudaram repentinamente de humor no almoço. 

A virada nos ânimos foi tão forte que a diferença entre a mínima e a máxima do dia foi de mais de 5 pontos percentuais – a maior variação diária para o índice desde março de 2020.

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A reação matinal é mais racional e fácil de explicar. O dia começou com a divulgação do CPI, o índice de preço ao consumidor americano (equivalente ao nosso IPCA), que frustrou as expectativas do mercado ao vir acima do esperado – repetindo a performance dos meses passados.

O índice de inflação ficou em 8,2% em setembro na comparação anual, contra os 8,1% previstos. O núcleo da inflação (core), que exclui preços voláteis de energia e alimentos, subiu 0,6% em setembro, enquanto analistas previam 0,4%. Na comparação anual, o núcleo foi à 6,6% – o maior em quatro décadas.

O aumento dos preços assusta nos EUA há meses, e se mostra mais persistente do que o esperado até pelos mais pessimistas. Isso forçou o Fed a entrar com força num ciclo de altas de juros que faz o humor amargar em Wall Street. Com a inflação vindo novamente acima do esperado, muitos investidores passaram a apostar em mais duas fortes altas na “Selic americana” nas próximas reuniões (possivelmente de 0,75 ponto percentual cada).

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Por isso mesmo o S&P 500 e o Nasdaq amanheceram em fortes quedas, de mais de 2% (e mais de 3%, para o caso do segundo índice, que reúne as ações de tecnologia). Normal.

Na hora do almoço, porém, o humor subitamente mudou e os índices americanos passaram a subir – e subir forte. No fim, o S&P 500 fechou com alta de 2,60%, e o Nasdaq, de 2,23%.

O que explica o movimento? Não dá para dizer com certeza. Nada de novo rolou depois da divulgação do CPI. Mas vale ressaltar que os índices americanos já vinham em uma sequência de queda de seis dias seguidos; ontem, enquanto os mercados estavam fechados por aqui, as bolsas de lá foram ao seus menores níveis em dois anos.

Investidores, então, julgaram que a sangria acumulada já foi suficiente e foram às compras, a despeito da inflação e do medo do Fed.

Se for preciso encontrar algum dado para justificar o otimismo aparentemente injustificado, daria para usar o número de novos pedidos de auxílio-desemprego no país, que veio acima do esperado na semana: 228 mil, ante previsão de 225 mil.

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Mais desemprego pode ser lido como uma economia mais fragilizada, o que, por sua vez, limitaria o Fed em sua luta contra a inflação. 

Mas, para falar a verdade, essa explicação seria forçar a barra, já que: I) o número de pedidos de auxílio desemprego não é a métrica perfeita para medir isso (o payroll, relatório oficial sobre o mercado de trabalho por lá, ocupa esse posto); II) o aumento foi muito tímido; III) o mercado de trabalho americano continua aquecido; IV) mesmo se estivesse esfriando, o Fed já deixou claro que vai continuar subindo os juros para combater a inflação, mesmo que isso signifique um recessão.

De qualquer forma, justificado ou não, o otimismo dominou Wall Street nesta quinta-feira. Não ocorreu o mesmo por aqui.

Ibovespa

A bolsa brasileira até reduziu perdas com a melhora do humor ao norte, mas não houve festa por aqui. O principal índice da B3 fechou em queda de 0,46%, após um pregão pouco emocionante.

Entre os destaques, ficou novamente a Braskem (BRKM5). Na véspera do feriado, a ação tinha subido 20% após notícias de uma nova proposta de compra da petroquímica por parte da Apollo Investimentos. Hoje, o papel voltou a saltar mais 12%.

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Segundo apurou o Valor Econômico, a oferta seria de R$ 47 por ação, um valor 40% maior que o do fechamento do papel na terça.

Também tiveram um bom pregão os papéis da Petrobras, que subiram 3% e figuraram entre as maiores altas do dia, seguindo a valorização do petróleo no mercado internacional (+2,29%). Mas nem elas nem o bom humor de Wall Street alegraram o dia da Faria Lima na volta do feriado.

Até amanhã.

Maiores altas

Braskem (BRKM5): 11,97%

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Minerva (BEEF3): 6,64%

Rumo (RAIL3): 4,05%

Petrobras ON (PETR3): 3,13%

Petrobras PN (PETR4): 2,85%

Maiores baixas

Americanas (AMER3): -7,34%

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CSN Mineração (CMIN3): -5,56%

MRV (MRVE3): -5,13%

Embraer (EMBR3): -4,84%

Magazine Luiza (MGLU3):  -4,84%

Ibovespa: -0,46%, aos 114.300 pontos

Em Nova York

Dow Jones: 2,83%, aos 30.038 pontos

S&P500: 2,60%, aos 3.669 pontos

Nasdaq: 2,23%, aos 10.649 pontos

Dólar: 0,02%, a R$ 5,2730

Petróleo

Brent: 2,29%, a US$ 94,57

WTI: 2,11%, a US$ 89,11 

Minério de ferro: -2,40%, a US$ 94,20 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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