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Tesla deve perder sua galinha dos ovos de ouro. E a queda nas ações da montadora se intensifica

A mais sexy das BDRs já vinha em baixa neste ano. E deu mais um passo para trás: pode deixar de contar com a fonte de renda que vinha lhe garantindo bons resultados.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 6 Maio 2021, 13h37 - Publicado em 6 Maio 2021, 13h01
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(Jeremy Moeller/Getty Images)
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As ações da Tesla, companhia de carros elétricos do bilionário Elon Musk, dispararam mais de 700% em 2020, crescimento suficiente para torná-la a empresa automobilística mais valiosa do mundo.

O comportamento maníaco dos investidores não foi sem motivo. Segundo o balanço financeiro da empresa, divulgado em fevereiro desde ano, 2020 foi o primeiro ano em que a Tesla terminou no azul, lucrando US$ 721 milhões após 18 anos de prejuízo.

Há apenas um detalhe: o dinheiro da gigante do Vale do Silício não provém só da venda de carros (ou de painéis solares, que ela comercializa também). O fato é que a Tesla só passou a operar no azul por conta de uma brecha legislatória.

A brecha

Países da União Europeia (e 11 Estados americanos) exigirem que uma porcentagem da frota vendida pelas montadoras de veículos tradicionais seja livre da emissão de poluentes. Caso não consigam bancar esse total de carros “verdes”, as automobilísticas podem comprar créditos de outras empresas que cumpram esses requisitos. É aí que a Tesla, empresa que fabrica apenas carros elétricos e tem uma carteira recheada desses créditos, entra na jogada.

Estima-se que o negócio de vender créditos de carbono para outras montadoras tenha gerado US$ 3,3 bilhões a mais para os cofres da Tesla nos últimos 3 anos. Em 2020, esses ganhos beiraram os US$ 1,6 bilhões. Moral da história? Não fosse o aporte de empresas poluidoras na compra de direitos de emissão de CO2, a empresa de Elon Musk terminaria no vermelho novamente.

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O problema é que a venda de créditos ambientais, que ainda responde a uma fatia importante dos ganhos, sofreu um golpe nesta semana. Uma das galinhas-dos-ovos-de-ouro da Tesla, a montadora franco-italiana Stellantis, anunciou na última terça-feira que está saindo da jogada.

Segundo uma entrevista de Carlos Tavares, CEO da Stellantis, ao jornal francês Le Point, a empresa planeja alcançar todas as metas de emissão de CO2 estabelecidas pela Europa por conta própria. Isso significa que não comprará mais créditos da Tesla.

A Stellantis é a quarta maior montadora de veículos do planeta nasceu da fusão da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) e da PSA (Groupe Peugeot). 14 marcas, como Fiat, Opel, Peugeot, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Jeep e Maserati estão sob o guarda-chuva da empresa, que responde a 9% do mercado mundial. Sozinha, a Stellantis comprou US$ 2,2 bilhões em créditos de ambientais da Tesla entre os anos de 2019 e 2021.

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Menos créditos, mais ar limpo

A quebra do acordo com a Tesla sinaliza o objetivo da montadora europeia de entrar mais forte no mercado de carros elétricos. A meta é produzir 400.000 carros elétricos e híbridos, quase o triplo de 2020. Mais do que uma forma de economizar dinheiro, a opção é vital para a sobrevivência no mercado europeu. Afinal, as leis sobre emissão de poluentes por automóveis devem ficar ainda mais rígidas por lá nos próximos anos.

Hoje, leis europeias obrigam todas as fabricantes de carros a limitar a emissão de CO2 por veículos a 95 gramas por quilômetro. Uma proposta que ainda precisa ser aprovada pela Comissão Europeia, porém, quer que esse limite de carbono seja de 43 gramas por quilômetro até 2030. É melhor que a Tesla dê um jeito de parar de pé por conta própria até lá.

Mas, claro, essa não é expectativa irreal.

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E agora, Elon?

De acordo com as expectativas de boa parte dos analistas, ela deve se tornar bem mais rentável nos próximos anos, com ou sem vendas de crédito de carbono. As vendas de automóveis cresceram 36% em 2020, e o lucro bruto das vendas conseguiu cobrir os gastos com a produção dos veículos.

O dinheiro em caixa, que tinha baixado a níveis críticos em 2018, fechou 2020 em US$ 2,8 bilhões – um incremento de 158% se comparado a 2019.

As expectativas de curto prazo para o preço das ações, porém, não são exatamente as melhores. A realização de lucros após a alta de 2020 segue firme. Os papeis já somam um queda de 9% neste ano. Um terço dela veio após a última terça (04), data da publicação da entrevista com Carlos Tavares.

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