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A arte imita a vida

Com o objetivo de aumentar o senso de pertencimento e padronizar o desenvolvimento dos funcionários, a Sapore criou uma novela corporativa

Por Ursula Alonso Manso
Atualizado em 2 jan 2020, 14h55 - Publicado em 22 jun 2016, 12h13

A Sapore, empresa do setor de alimentação corporativa, mantém mais de 1 100 restaurantes no país, fornece cerca de 1 milhão de refeições por dia e marca presença em mais de 600 municípios, além de contar com operações no México e na Colômbia. Tamanha dispersão geográfica acabava sendo um problema na hora de treinar as equipes. 

Até 2014, a capacitação era de responsabilidade dos líderes, e como consequência os cursos tornaram-se muito regionalizados. Um desafio era chegar a todos os 15 000 funcionários usando a mesma linguagem, mas de uma maneira lúdica — que não “fosse maçante”, diz Eduardo Guerreiro, presidente da Sapore. 

A outra meta era reduzir a rotatividade dos empregados, de 6% em 2014. “Ao mesmo tempo em que precisávamos treinar as pessoas, fazendo com que conhecessem melhor as operações, os processos e a estrutura da companhia, era importante disseminar nossa cultura, criando o que chamamos de ‘senso de pertencimento’ e engajando-as com a empresa”, acrescenta o executivo. Para encontrar a maneira mais eficiente de capacitar os times, a Sapore entrevistou cerca de 40 colaboradores, identificou as principais necessidades e elaborou diagnósticos. Também foram feitas pesquisas de observação, a fim de entender os dilemas e as angústias das equipes.

A solução

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Eduardo Guerreiro via os workshops e palestras presenciais como pouco eficazes no treinamento e engajamento do time, por isso os descartou. A ideia era reproduzir situações reais vivenciadas pelos empregados no dia a dia e, assim, demonstrar as condutas técnicas e comportamentais desejadas. A solução foi criar a novela Sapore, gravada nos restaurantes e na sede, com atores e atrizes que interpretam cenas da rotina operacional da companhia. 

“Criamos a novela não somente para gerar entretenimento mas para permitir que os funcionários se identificassem com os papéis representados pelos personagens”, explica Guerreiro. Os perfis da trama foram construídos a partir das entrevistas com os funcionários e englobam funções como chef de cozinha, cozinheiro, nutricionista, oficial de cozinha e oficial de serviços. 

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A novela conta com quatro módulos, cada um com 35 capítulos, que podem ser assistidos em plataforma virtual. Para avançar para o capítulo seguinte, o indivíduo tem de responder a um questionário que avalia se a informação transmitida foi assimilada. Só segue adiante quem acerta pelo menos 75% do teste. 

Outra ação foi a criação de um restaurante-modelo que serve como treinamento on the job para os profissionais. O piloto começou em setembro do ano passado, em Campinas, interior de São Paulo, quando a Sapore elegeu um restaurante como “unidade formadora” e transformou seus funcionários em monitores. Agora, assim que entram na empresa, os novatos passam por aulas de cinco a sete dias na unidade, antes de iniciar efetivamente na função.

  O resultado

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De acordo com Eduardo Guerreiro, em 2016, outros 19 restaurantes serão transformados em unidades formadoras, abrangendo os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de capacitar e desenvolver novos colaboradores, as unidades também serão usadas para preparar os funcionários para uma eventual promoção e para possibilitar reciclagens profissionais. 

Por sua vez, a novela Sapore deverá ganhar um novo módulo este ano. Dos cerca de 1 000 gerentes e supervisores de unidades cadastrados na plataforma virtual, 83,5% já viram a trama e concluíram o treinamento, com 82% de aproveitamento médio nas provas. No grupo operacional, mais de 90% dos colaboradores acessaram o conteúdo disponível. Com isso, a companhia registrou mais de 5 044 horas de videoaulas assistidas. 

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“Muitas vezes, o funcionário vê a novela Sapore em casa, com o filho no colo, e a criança diz que, quando crescer, também irá trabalhar na companhia. Era esse o sentimento de pertencimento que pretendíamos criar”, afirma o presidente. Entre 2014 e 2015, a empresa experimentou uma queda de 2% no índice de rotatividade, passando de 6% para 4%, enquanto a taxa de absenteísmo caiu 3% e a produtividade subiu 7%. 

Com os bons resultados alcançados durante o ano passado, a Sapore resolveu aumentar seu investimento em treinamento, que alcançou a cifra de 2 milhões de reais, em 2015. Para este ano, a verba estimada é de 3,5 milhões de reais. 

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