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Armando Lourenzo

Doutor e Mestre em Administração pela FEA/USP. Presidente do Conselho Consultivo do EY Institute. Líder de Consultoria da Lourenzo: Gestão e Estratégia. Professor da FIA e Casa do Saber. Palestrante. Escritor.
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As empresas querem líderes empreendedores?

Apesar da tendência do “empreendedorismo corporativo” ter chegado para ficar, você precisa ter muita atenção com a sua aplicação na prática. Entenda.

Por Armando Lourenzo
27 Maio 2024, 12h59
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 (Tom Werner/Getty Images)
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Este é um ponto crítico nos dias de hoje. O curioso é que, muito embora as empresas defendam no discurso que seus líderes precisam ser empreendedores, na prática nem sempre isso é verdade. Você deve ter a sensibilidade para perceber se a cultura da organização aceita, de fato, um profissional com postura empreendedora. 

Apesar da tendência do “empreendedorismo corporativo” ter chegado para ficar, você precisa ter muita atenção com a sua aplicação na prática. Ser um profissional com postura empreendedora significa, dentre outras coisas, ter iniciativa, almejar mudanças e pontuar sobre elas, deixar claro o que pode ser aprimorado etc. Mas, em alguns ambientes corporativos, “se você achar muito, em pouco tempo ninguém mais te achará na empresa”.

Isso significa que, caso você não se encaixe no ritmo da companhia (mesmo que no discurso, ela exija de todos o perfil empreendedor), você poderá ser demitido ou mesmo realocado para função com menor expressão.

Uma possibilidade que considero viável – e a mais segura – é encontrar o lugar certo para aplicar seu lado empreendedor na corporação. Em todas as empresas existem pessoas ou grupos de pessoas mais abertos a novas ideias. Procure por elas e perceba quem poderá um dia apoiar um projeto seu e dar suporte à sua implantação. 

Também existem pessoas nas empresas que, além de mais abertas, são muito influentes. Para o profissional empreendedor, estabelecer uma relação com este perfil de gente pode ser a chave para o sucesso.

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É preciso considerar também que, em companhias globais ou maiores, a receptividade a iniciativas como estas tende a ser menor ou mais demorada. Se sua trajetória profissional passou somente por grandes corporações, já sabe o quão é complicado implantar inovações. Há uma infinidade de processos e pouca margem de manobra para a tropicalização. 

Infelizmente, toda essa situação não deixa de ser contraditória, embora muito real. As grandes empresas precisam de empreendedores corporativos, mas desenvolvem seus profissionais com baixa capacidade empreendedora em razão de suas limitações para desenvolver uma cultura que acolha colaboradores com este perfil.  

Por isso, não é raro que, em ambientes assim, os que conseguem mostrar seu lado empreendedor acabam se destacando e, como consequência, encontram uma legião de “inimigos internos”. 

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A acomodação de alguns profissionais é um dos piores obstáculos ao desenvolvimento da cultura empreendedora em uma grande empresa e pode ser uma pedra em seu caminho, caso tenha uma postura mais ativa. Se a acomodação destes profissionais se somar a certa insegurança, então, o caos está armado (e, cuidado, porque na maioria das vezes, ele virá bem em sua direção).  

As grandes empresas precisam de empreendedores corporativos, mas desenvolvem seus profissionais com baixa capacidade empreendedora em razão de suas limitações para desenvolver uma cultura que acolha colaboradores com este perfil. 

É comum escutarmos de alguns profissionais que eles têm 25 anos de experiência. Mas, na prática, eles têm mesmo é um ano de experiência e 24 anos de repetição do que aprenderam no primeiro ano de carreira. Há profissionais com longa experiência num único cargo, função e empresa que, de fato, são excepcionais. Outros, no entanto, não o são. É estranho que num momento em que tanto se fala sobre eficiência, pessoas com perfil pouco ativo e pouco questionador, avesso a mudanças, ainda sobrevivam no mundo corporativo. Mas, por motivos diversos, elas sobrevivem. Por vezes, uma área inteira é dominada por profissionais assim, contaminando até mesmo os recém-chegados. 

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Por isso, volto a afirmar: busque na sua empresa aquelas pessoas que valorizam de fato a postura empreendedora e se agarre a elas se quiser promover mudanças. As companhias precisam, de forma urgente, valorizar seus profissionais empreendedores. Você deve lutar internamente e soltar o seu lado empreendedor. O profissional que possui novas ideias e consegue colocá-las em prática, agregando valor, deveria ser reverenciado pelas corporações. 

Conheço profissionais que, ao serem admitidos em uma empresa, onde quer que sejam alocados, realizam projetos diferenciados. Eles transformam uma pequena área em algo de destaque dentro da companhia. Você também pode conseguir, independentemente dos desafios que tenha de enfrentar. Você precisa apenas buscar por alianças internas que sejam certeiras. 

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